Capítulo 26

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O grupo ruma em direção ao terceiro andar, quando Marisol, Ludmila, Gabriel e Lydia param e decidem pegar o elevador. Dimas, receoso que algo acabe dando errado, opta por ir pelas escadas, os outros direcionam um olhar inquisidor sobre o homem que antes mostrava-se tão destemido, nada mais era do que um covarde.

― Qual é, se vocês querem ir pelo o elevador, a escolha é de vocês. Eu posso fazer a minha própria.

― Fique à vontade, ninguém vai te julgar por isso ― responde Gabriel contendo um sorriso diante a inesperada reviravolta no comportamento explosivo e inconsequente de Dimas.

O mesmo seguiu em direção ao lance de escadas, subia os degraus lentamente enquanto remoía todos os acontecimentos dos últimos dias, por mais que buscasse uma resposta para entender o que queriam deles naquele 'labirinto', as dúvidas se sobressaiam.

Já cansado de toda aquela merda, decidiu parar em um degrau, sentando-se ali, acendeu um cigarro e jogava fumaça para o ar quando percebeu que não estava sozinho. Diante dele, estava uma mulher bonita, baixa, magra, cabelos pretos e curtos, lábios pintados com um batom vermelho sangue, dirigiu-lhe um sorriso exibindo dentes brancos e perfeitos.

― Oi ― diz sentando-se ao seu lado.

― Oi moça bonita, você não é parte do grupo de fugitivos? ― questiona Dimas.

― Sou alguém perdida e presa aqui assim como você. E você bonitão, como se chama?

Dimas sorve o último trago de seu cigarro jogando a 'bituca' no chão e amassando com o pé, olha para a desconhecida ao lado com malícia e receio na mesma medida, mas decide manter um diálogo.

― Dimas Ribeiro. Acho que sei como você se chama, não é? ― questiona ao passo que a mulher vai acabando com o pouco espaço que há entre ambos.

― Não acha que deveríamos fazer algo mais interessante do que falar sobre nomes? Pode me chamar como quiser.

"Então a gata está mesmo com vontade de um joguinho diferente e exclusivo" ― pensa consigo mesmo, já se levantando segura a mão da estranha ajudando-a a ficar de pé. Em sequência a segura pela cintura, a mulher por sua vez mostra uma malícia felina no olhar e um sorriso travesso, somando isso com o fato de Dimas estar na 'seca' há vários dias, arranca um sorriso de puro êxtase de seus lábios.

A mulher joga os braços em torno do pescoço do homem dando a entender que está realmente com o mesmo desejo que ele. Segurando sua cintura fina, a envolve em seus braços musculosos puxando-a para perto de seu corpo, com uma mão segura sua nuca unindo seus lábios aos dela.

"Porra, como precisava sentir gosto de fêmea neste inferno" ― pensa Dimas vitorioso, quando uma fisgada semelhante a uma agulha lhe desperta para a realidade. Será ele, o homem que se diz tão esperto, ter caído em mais uma armadilha?

Soltando o corpo da desconhecida, se afasta enquanto a mesma lhe oferece um sorriso diabólico e profere:

― Babaca!

Dimas tenta se aproximar da mulher, mas sente que suas forças estão sendo sugadas.

― O que você fez sua vadia? ― questiona com a voz trôpega.

Sua visão vai aos poucos ficando turva enquanto suas pernas perdem o equilíbrio, e de repente, o homem mais temido pelos moradores de sua comunidade, nada mais é do que um corpo estendido e desfalecido.

Enquanto isso no elevador, Gabriel analisa minuciosamente o sinistro do local antes de entrarem no mesmo, Dimas já se afastou de vista e o pequeno grupo ainda permanece um tanto receoso com o elevador abandonado, ainda mais pelo fato de o que parecia ser o mais destemido ter recusado utilizar o mesmo.

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