Epílogo Marisol

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Marisol sai daquela enorme mansão e volta para casa pensando em tudo o que aconteceu. Foi um final de semana com um monte de gente louca. Sorri ao se lembrar que a culpada disso tudo era uma nanica que não tinha nada mais para fazer da vida. Após pensar bastante, optou por não julgá-la. Existem malucos para tudo, não é mesmo?

Enquanto tomava um copo de açaí com sua amiga Jéssica, lhe contava todos os detalhes daquele dia afrontoso.

— Então quer dizer que você beijou o tal do Gabriel no meio daquela confusão toda?

Marisol apenas assentiu e se recordou do momento. Para ela, os homens nunca valeram nada, contudo desde o momento em que fitou Gabriel, sentiu seu coração dar uma leve balançada, mas orgulhosa por si só, não admitiria isso nunca.

Ele era tímido. Mas, no momento em que ficaram encurralados em uma minúscula dispensa onde só cabia os dois, os olhares se encontraram e a vontade falou por si própria. Ela pôde dizer com toda certeza que desconhecia aquela sensação. O beijo foi tão intenso e feroz, que assim que eles se encostaram na porta conforme iam se beijando, automaticamente a porta se abriu. Ela apenas o fitou surpresa e ele lhe devolveu um sorriso maroto. Teve certeza de que nunca mais esqueceria aquele beijo.

Entretanto, como nem tudo são flores, voltaram a procurar por Sophie, que havia se perdido deles no momento da ronda.

Porém, Marisol ficou totalmente decepcionada quando percebeu que Gabriel não tomou nenhuma atitude após o ocorrido. Era como se não tivesse acontecido nada entre eles.

— Nossa! Ele era lerdo assim amiga? — Jéssica pergunta indignada.

—  Lindo e lerdo. Essa é a pura realidade — diz triste. — Mas, tem mais coisas. Eu passei um dos piores momentos na minha vida, por um momento eu pensei que iria morrer.

Recordar tudo o que havia passado lá, lhe trazia péssimas lembranças. Não podia deixar de recordar o momento em que ela, junto com Gabriel, Ludmila e Lydia ficaram presos dentro de um elevador. Ali, ela previu sua morte. O elevador foi tomado por uma fumaça, tinha um cheiro muito forte de gás. Não conseguia respirar com aquele cheiro, sentiu seu coração acelerar e as suas forças foram inválidas naquele momento. A única coisa que se recorda, é de cair por cima de Lydia e depois disso tudo se apagou. Também lembrou de uma outra ocasião em que tomou um copo de suco que estava sobre umas das mesas de bebidas, se sentiu tonta na mesma hora e logo vomitou tudo que havia tomado, sentiu um mal-estar e uma dor no estômago. Enquanto limpava a boca na pia do banheiro, olhou pelo espelho e viu que quem estava ao seu lado, era Dimas. Tinha de concordar que assim que o conheceu, achou ele uma galinha e desrespeitador. Contudo, foi muito carinhoso com ela nesse momento e a partir dali ela o viu com outros olhos.

De uma coisa Marisol teve certeza, de toda aquela confusão, ela conseguiu trazer coisas boas para si. Uma delas foi Dimas, que hoje é um homem totalmente mudado. Ele tentou por diversas vezes ficar com ela, dizia que era um novo homem, porém o coração dela estava fechado. Não queria abri- lo, não confiava nos homens assim tão facilmente.

Porém, descobriu que tem certas chaves em nossas vidas, como a do amor puro e verdadeiro, que só outras pessoas têm. Não poderia deixar de ser hipócrita e não dizer que não pensava em Gabriel, recordar aqueles olhos verdes, aquele beijo quente e fulminante, era algo que estava sempre em sua memória. Contudo, sabia que a vida é feita de atitudes e isso Dimas tinha de sobra, foi assim que ganhou seu coração quebrado e machucado.

O seu passado realmente era cruel, ex-prostituta e participante como atriz de um livro de uma louca. Pelo menos, teria ótimas histórias para contar para seus filhos, claro, só as partes boas. Porque as coisas ruins da vida, nós ocultamos em uma caixinha, jogamos no mar e deixamos as ondas se encarregar dos nossos momentos de fracassos. É a melhor coisa a se fazer!

Alguns meses depois do ocorrido...

Dimas e Marisol caminhavam pela praia em Salvador observando as andorinhas que davam seu lindo show no céu.

— Sou muito feliz com você minha morena. Quem diria que um maldito envelope me faria conhecer a mulher da minha vida?

— A vida é uma caixinha de surpresas! — Marisol sorriu e o abraçou, depositando um leve beijo em seus lábios finos.

De repente, são interrompidos por um homem desconhecido, que entregou a cada um, uma carta sem remetente, e avisou:

— Se eu fosse vocês eu abriria! 

ParadoxoOnde histórias criam vida. Descubra agora