Epílogo Samus

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Samus caminha a passos firmes através daquele corredor tão familiar. Responde as continências de seus subordinados e até se permite sorrir, para o total espanto da maioria deles. Sem cerimônias, entra em sua sala e senta na sua cadeira desconfortável e velha, que range com o impacto. Ah, como ela sentira falta deste lugar.

A verdade é que,mesmo que seus dias de licença não tenham sido aquilo que imaginou, sente-se renovada e quem sabe até mesmo motivada, como não se sentia há anos. Quantas surpresas e revelações aquela viagem lhe proporcionou!

Nunca pensei que fosse dizer isso para um fedelho amador e uma fora da lei, mas foi uma honra trabalhar com os senhores. —Sorri divertida, estendendo a mão para que Matheus a apertasse.

Foi mesmo, Scooby e Salsicha — Devolve o garoto em tom provocativo, apertando a mão da oficial. — Apesar dos sustos, foi divertido.

Liz sorri imitando o rapaz e também estende a mão na direção da oficial, que, para surpresa de todos, recusa o aperto de mão e a enlaça em um abraço inesperado.

Estou te devendo uma, Liz. Você guardou o meu segredo e eu vou guardar o seu.—Sussurra em seu ouvido. — Fuja daqui o mais rápido possível e eu cubro sua retaguarda.

Batidas na porta a acordam de seu devaneio.

— Permissão, comandante — sorri Amin, seu velho amigo que não via há anos.

Ele entra e assim que a porta se fecha atrás dele,toda a hierarquia e disciplina —pilares básicos da corporação — desce ralo abaixo. Os amigos se fazem presentes ali, ao invés dos oficiais. Todos os anos, a distância e até mesmo os desentendimentos que tiveram no passado viram pó instantaneamente.

— Que surpresa maravilhosa! — diz, dando-lhe um abraço apertado. — Eu não esperava vê- lo aqui.

— Sabe como são essas transferências — deu de ombros, como se não estivesse animadocom o reencontro. — Eles mandam e a gente obedece.

Vivenciando uma felicidade ímpar, ela senta e o convida a fazer o mesmo, fazendo um movimento de cabeça.

— Está aqui há muito tempo?

— Umas duas semanas. Ainda me acostumando com toda essa badalação que o comando proporciona — brinca, apontando para as divisas de Comandante das Forças Aéreas em seus ombros.

— Você já tira isso de letra, não é mesmo?

— Cada dia é uma surpresa, Amin.Você vai encontrar muitas coisas aqui,mas monotonia não está entre elas.

— E a licença?Soube de fonte segura que você viajou para outro país—ele apóia os cotovelos sobre a mesa e encara surpreso. —Nunca vivo cê pegar folga em todos esses anos,Sam.Deve ter sido uma experiência incrível.

Foram dias loucos. Isso ninguém pode negar. Passou por situações que jamais imaginou que passaria. Foi testada de todas as formas possíveis, seja sua resistência, lógica, paciência. Ah, sua paciência foi testada repetidas vezes por uma certa fora da lei insolente, de gênio tão ruim ou até pior que o dela,que ficaria em sua memória para sempre.Quem diria que encontraria uma amizade naquela situação?


Mas de tudo o que aconteceu naquela casa, jamais se esqueceria da sua força. Estava no fundo do poço quando recebeu aquele convite sem remetente e teve a péssima idéia de aceitar aquela loucura. Estava sozinha, doente e já não existia nenhuma perspectiva além do seu trabalho. Agora, no entanto, consegue enxergar a vida com outros olhos e pôde finalmente entender que era muito mais forte do que sequer imaginou.

"Você é uma guerreira, Sam. Nunca se esqueça disso".

Queria poder contar para o amigo sobre tudo o que passou, mas sabe que ele surtaria. Amin sempre foi o amigo certinho, que sempre teve suas atitudes friamente calculadas. O reencontro está sendo maravilhoso e Samus prefere não estragar aquele momento com detalhes da maior loucura que já fez na sua vida.

— Eu fui para uma praia.Fiquei em um hotel luxuosíssimo — explica,omitindo boa parte dos fatos. — Precisava de um descanso, sabe?

Sorrindo, o amigo levanta de sua cadeira e se encaminha até a porta.

— Depois me passa o endereço desse hotel. A Agnes já está procurando possíveis locais para a lua de mel.

— Duvido muito que a Agnes vá gostar daquele lugar — Devolve, sem conseguir conter uma risada, enquanto Amin deixa a sala.

Recosta-se em sua cadeira e fecha os olhos, lembrando-se dos momentos mais malucos de sua vida. Não gostaria de ter de passar por aquilo novamente, mas aquela experiência lhe ensinou a tirar lições de toda e qualquer situação, e depois daquilo, jamais subestimaria novamente as pessoas. Aquela era uma atitude da velha Samus, que estava morta e enterrada.

A nova Samus estava pronta para enfrentar todos os seus problemas de cabeça erguida, porque é isso que uma guerreira faz.

E talvez, por recompensa do destino, Amin retorna, batendo na porta antes de entrar:

— Chegou correspondência Comandante. Mas, está sem remetente — disse se retirando.

Samus não hesita em abrir a carta, da última vez,uma carta assim mudou sua vida.Ela abre,lê e sorri. Estava certa em não temer.

Maratona de Epílogos, ainda hoje tem mais

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Maratona de Epílogos, ainda hoje tem mais. <3

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