Capítulo 27

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Karen anda dentro do quarto de um lado para o outro, enquanto Valentina fica parada em frente a porta. Tem alguns dias que Karen anda achando o comportamento de Valentina estranho, as saídas sem dizer aonde vai, as desculpas para ficar sozinha, tudo isso intrigava Karen, pois conhecia muito bem a amiga e sabia que ela estava escondendo algo.

— Karen, pare de andar desse jeito, vai acabar fazendo um buraco no chão.

— Seria muito bom se isso acontecesse, assim podíamos ao menos encontrar uma maneira de sairmos desse inferno de lugar — A loira para por um momento de andar e olha em direção a porta.

— Tina o que você tem? Você anda tão estranha. "Se bem que todos aqui parecem estranhos. Só olhar para o Nerd chamando Liz e Samus de Salsicha e Scooby..." — Karen sorri e volta a andar.

A amiga desvia os olhos da Loira, anda e senta na beirada da cama. De imediato, Valentina sente um aperto no peito por ver a amiga tão desesperada.

— Kaká eu preciso conversar com você. Sente-se aqui, por favor!

Karen, fita a amiga por um tempo. Ela conhecia Tina como a palma de sua mão, só pelo tom da voz, sabia que era algo muito sério. Logo fez como Tina pediu, foi até sentando-se de lado de forma a ficar de frente para sua amiga.

— Isso é sério, não é? Você só faz essa cara e fala assim com esse tom de quem está engasgada, quando a coisa é feia.

— É sim, mas quero que saiba que não pensei que seria assim e se imaginasse isso, jamais teria aceitado.

— Sem rodeios, como sempre faz, sei que você tem mania de aumentar os problemas.

— Karen, talvez eu saiba quem está por trás de tudo isso aqui.

Karen sorri, mas logo para, sua expressão se fecha no rosto.

— Como assim? Você quer dizer aqui...aqui? — a loira gira o dedo no ar. — E que história é essa de talvez? Você sabe quem está por trás de tudo isso?

— Sim — A amiga responde sem rodeios.

Karen rapidamente fica de pé.

Valentina já não aguentava mais ver sua amiga naquela agonia, sentia-se culpada por tê-la envolvido em tudo isso, então decidiu contar toda a verdade para ela. Começou contando que foi motivada pelo desejo de realizar seu sonho, que ela aceitou a proposta.

— Tudo começou naquela noite em que você me deu o maior sermão, por ter exposto minha vida à um completo desconhecido, infelizmente fiz para um psicopata. Daquele dia em diante, Saulo procurou saber tudo sobre minha vida. Vendo que eu era uma moça sonhadora e ambiciosa, tornei-me presa fácil.

— Você só pode estar de brincadeira...

Valentina levanta a mão pedindo que a amiga a ouça.

— Deixe-me terminar.

Karen a encara perplexa.

— Saulo estudou a vida de cada um, depois me passou as informações, instruindo-me a fazer um convite anônimo, de modo que cada um dos participantes do jogo acabasse atraídos a comparecer no local informado. Realmente acreditei estar organizando um reality show, onde iria conseguir a matéria perfeita para meu best seller, porém, não contei com as chantagens que passou a fazer comigo durante o jogo.

Quando finalmente termina de expôr a maneira de como foi envolvida nisso, Valentina tinha esperança de que a amiga entendesse, o que era incompreensível.

— Tina como você pôde concordar com isso? Meu Deus, você tem ideia do tamanho do problema que nos meteu? Olhe o que está acontecendo aqui, eu realmente não sei que tipo de pessoa aceita algo assim! Trouxeram todas essas pessoas aqui, jogaram com elas, manipularam, sem falar em mim. KAREN! Sua melhor amiga! Tudo isso pelo quê? Provar que são capazes de cometer atrocidades, porque é isso que conseguiram aqui. Acho que desta vez, ou melhor, pela primeira vez, vou ficar do lado da sua família. Você não pode estar em seu juízo perfeito por ter concordado com isso!
Valentina anda até a amiga e segura suas mãos fitando profundamente seus olhos.
— Kaká, você precisa tentar me entender, precisa me ouvir. É a primeira vez na vida em que posso fazer algo por mim mesma, sem ter todos ditando o que é certo ou errado.
— Pare! Eu... — Karen engasga no choro que explode fora dela, ela se afasta dando vários passos para longe da amiga. — Não posso estar ouvindo isso, não vou ser capaz de entender.

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