Paradoxo

Epílogo Lydia

Após aquele tempo no cativeiro, Lydia sente que perdeu praticamente o controle total de sua vida, tantas coisas que passou naquele lugar, a descoberta do jogo, tentativa frustrada de fuga que terminou em muita fumaça, os anúncios de cada "morte" que acontecia.

Lembra então da sua própria "morte", estava em um elevador quando ele parou subitamente entre o primeiro e segundo andar, sendo dominado por um gás de efeito moral que a fez desmaiar, após aquilo só recobrou a consciência em um segundo cativeiro, lá não a torturaram, ou deixaram sem comida, aquele lugar fortaleceu seus laços de amizades com a Barbie e a Moça do Rally.

Não deu entrevistas, nem mesmo depoimento para a polícia, mas saiu em vários noticiários, afinal, era uma atriz "fracassada", com uma irmã gêmea talentosa e mãe idem.

Ao chegar em seu apartamento se sentiu solitária, pela primeira vez na vida, deseja suas amigas ali e suspira sentindo falta delas.

Lydia caminha em direção ao quarto dos espelhos e tira o pano que os cobre, se vendo de várias formas, com tantos sentimentos aprisionados, sete personalidades, fragmentos de seu interior refletidos em vidro. Cada um deles a culpando por ter caído naquela armadilha, eles começam a enlouquecê-la, por isso ela quebra cada um deles.

Finalmente, percebendo que não controla suas personalidades, assim como não pode controlar o futuro, lágrimas e sangue escorrem pelo seu rosto, ela decide contratar uma psicóloga e é diagnosticada com Transtorno de múltiplas personalidades, começando assim um longo tratamento. Durante as semanas seguintes, ela conversa por meio de mensagens com as meninas e quando a saudade torna-se insuportável, as convida para visitá-la, promete até mesmo que pagará a passagem de Elise e assim o faz.

Mal acredita quando vê as duas em sua frente, a felicidade resplandece em seu rosto.

Ao chegarem no apartamento, as meninas decidem assistir um filme, que Lydia faz questão de escolher, tomando o controle da mão de Elise, a piloto então ensina as ruivas a fazer brigadeiro e quando ele fica pronto elas voltam para a sala, Lydia aperta o play.

Durante o filme "Noviça Rebelde", ela pensa em como contar sobre seus espelhos, pois tem medo de que a achem louca e saiam correndo, respira profundamente e fala rapidamente, antes de se arrepender:

— Preciso mostrar algo para vocês.

Elise e Sophia trocam olhares desconfiados, mas a seguem até a porta branca, na qual fica estagnada.

— O que vou mostrar, ninguém além da minha pessoa, já viu, tentem não surtar, por favor — sua voz denota o tom de nervosismo.

Lydia abre a porta e todas passam por ela, no primeiro instante as duas amigas ficam sem reação ao verem tantos espelhos quebrados em um mesmo lugar, mas depois a questionam sobre eles.

— Cada um representa uma personalidade que tenho, é a forma que encontrei de "controlar" o caos que habita em meu cérebro, ou ter a sensação que controlava, os quebrei porque percebi precisar de ajuda profissional e não deles — explica ela.

— Sempre soube que você era louca, porém não tanto assim — o tom de brincadeira de Elise é notável, o que diminui a tensão de Lydia e faz as três meninas caírem nagargalhada.

Logo, todas voltam para a sala, onde há um colchão de casal, Sophia e Elise deitam no colchão, esperando Lydia apagar a luz, assim que o faz vai até elas, não sem antes bater o dedo do mindinho no canto do sofá, o que a faz xingar baixinho enquanto as outras duas prendem o riso.

Ali, deitada com elas percebe que pode confiar nelas e que sente algo muito forte pela moça do rally, sem falar que Sophie ria quando discutiam, diferentemente de quando ficaram presas, pois lá tentava fazer as amigas se acalmarem, isso a faz sorrir no escuro e antes de caírem no sono Elise fala:

— Boa noite Barbie Pacífica e Barbie dos Espelhos!

Rindo as mesmas respondem juntas:

— Boa noite Moça do Rally.

Na manhã seguinte as três garotas tiveram uma surpresa, três ramalhetes de flores, sem remetente nos envelopes. Curiosas, foram logo saber do que se tratava.

Essa semana tem mais epílogos.