I.L.A

18 anos e a substituta.

Isav dormia. Seu despertador tocaria em menos de 1 minuto. Estava em paz. Sua mãe o observava parada na porta do quarto. Aproximou-se, deu um beijo na testa do filho e saiu.

O despertador tocou. Isav abriu os olhos. Preparou-se para ir à escola sem nem mesmo perceber que agora tinha 18 anos. Olhou seu celular. Havia mensagens de 27 pessoas. "Misericórdia, depois eu respondo esse povo", pensou.
Desceu as escadas em direção à cozinha para comer algo. "Só uma maçã deve servir", pensou.
Assim que acende a luz da cozinha, se depara com uma mesa com panquecas, ovos fritos, bacon, pão, leite e waffles.
"Ai, glória ao senhor, agora não vou ter que comer a maçã", agradeceu Isav.
Assim que para de dirigir toda sua atenção à comida, Isav vê um bilhete na mesa. O garoto o pega e lê "Filho, não poderei estar com você no seu dia especial. Vou estar o dia todo no hospital em uma cirurgia de emergência, mas volto amanhã bem cedo e passarei o dia todo com você no sábado. Aproveite a comida. ASS: mamãe"

Isav não ficou triste, entendia os motivos da mãe e já estava habituado à ausência dela. Pelo menos era o que ele dizia a si mesmo.

Estranhou o fato de ter esquecido de seu próprio aniversário, mas não pensou muito nisso. "VOU COMER PRA CARALHO NESSA PORRA". Isav comeu até que estivesse satisfeito, pôs o restante da comida em alguns potes, guardou-os na mochila e saiu.

Quando chegou na escola, Alion e Lara o esperavam. Seu namorado lhe deu um beijo e um abraço. Lara o abraçou logo em seguida. Ambos o parabenizaram. Nenhum deles lhe deu um presente. Isav ficou feliz por isso. Apreciava a simplicidade.

Os três foram até a sala de aula e se sentaram em seus lugares sem ver que havia uma presença incomum na sala.

Nenhum dos colegas de Isav lhe deu feliz aniversário. "Graças a Deus, quer dizer que eles continuam sem saber. Que bom, eu odeio esse povo".

Isav ficou tenso ao perceber a aproximação de uma mulher de cabelos pretos usando roupas curtas e óculos escuros. Deu um único olhar para Alion e Lara, que foi o bastante para que eles entendessem. "Regina".

-Eai, fracassados. Como vão ?

Lara começou a se lembrar de seu primeiro dia na escola em que estudava atualmente, no ano anterior. Atravessou a escola pensando em várias coisas. Como no fato de que a infraestrutura parecia incomparavelmente melhor na sua nova escola, que era particular, do que nas públicas em que estudou toda sua vida, ou no fato de que havia muito menos alunos negros na nova escola.

Assim que chegara na sala de aula, começou as observar os pequenos grupinhos de alunos, pensando em com quem deveria conversar primeiro. Viu vários alunos entrosados. "Não quero interromper a conversa de ninguém", pensou. Foi quando a viu. Uma garota sentada sozinha e "vestida que nem um daqueles esteriótipos de patricinha de filmes americanos". Lara imaginou se valeria a pena falar com a garota, mas concluiu que não deveria julgar as pessoas pela aparência, como sempre faziam com ela. Aproximou-se da garota e a cumprimentou. A garota mandou que Lara perdesse alguns quilos antes de ganhar a coragem de dirigir a palavra a ela. Lara não se ofendeu, achou apenas... ridículo. Se dirigiu para o outro lado da sala e sentou. Foi quando Alion e Isav apareceram de mãos dadas na sala. Eles foram em direção a ela e a cumprimentaram amigavelmente. Sanaram algumas de suas dúvidas em relação a escola. Quando Lara perguntou sobre a "vadia de cabelo preto", os dois garotos se olharam e disseram "Regina". Alion explicou a Lara como funcionava o ser cujo nome era Regina. "Sabe aquelas patricinhas clichês que mandam na escola ?", perguntou. Lara respondeu que sim. "Então, ela não é uma delas, mas ela acha que é. Ninguém liga pra ela, mas ela pensa que é a rainha da porra toda", falou Isav. "Mas isso não é o pior", disse Alion. "Qual é ?" perguntou Lara. "Ela tem uma... Mania". "Qual ?". "Você vai entender quando ela vier te encher o saco".