Inevitável

85 13 10
                                    

Márcia já havia retornado do banheiro. Os três jovens estavam sentados no sofá. Mal conseguiam conter sua ansiedade.

"Saiu a segunda temporada da minha série, mal posso esperar pra assistir", pensava Lara.

-No início do que o ser humano batizou de "universo", havia apenas a essência e a corrupção. Não se sabe como, mas em algum momento não existiam seres, no outro, Os profetas, Vácuo e o terceiro original surgiram. Com sua existência, a essência se dividiu em três partes. A parte pura, a corrompida e a Neutra. Na parte pura, seres fantásticos surgiam da mesma forma que os originais. Na corrompida, nada surgia. Na parte neutra, inicialmente, não havia nada também, até que o terceiro original Ksata, o equilíbrio perfeito entre a essência e a corrupção usou seu poder, o vínculo de nível cinco. O nível nunca foi visto desde Ksata, mas dava a ele o controle real sobre a essência em sua forma pura. Não se sabe o alcance disso, mas seu poder estava em um nível completamente diferente. Com isso, ele gerou algo que era, como ele, essência e corrupção. Matéria. Ele criou os átomos, e a natureza seguiu seu rumo. Anos incontáveis se passaram, os três reinos coexistiam, até que apareceram os primeiros seres racionais.

-Nós ??? - perguntou Lara chocada.

-Não, foi em outro planeta, mas nós fomos sim a primeira espécie a fazer merda.

-Isso não é surpresa, infelizmente - disse Alion.

-Sim, mas agora voltando - falou Márcia - Não demorou para que o ser humano usasse sua influência sobre a essência, e não havia problema até aí. A merda começou com o de sempre: egoísmo. Os humanos começaram a testar e a tratar a essência como um mero brinquedo. Eventualmente, o "tecido" que separava as três faces da existência foi perfurado em algumas partes, criando portais entre eles. Graças a isso, Vácuo, que nunca tinha sentido nada além da energia vazia da corrupção, teve acesso aos seres da essência e começou a corrompê-los, criando os primeiros demônios. Mais e mais foram criados, e uma guerra começou. O mundo neutro contra o corrompido, e o corrompido estava vencendo. A corrupção de Vácuo não tinha limites, mas o poder de Ksata tinha. Não importava quantos corrompidos ele destruísse, nem quantos neutros ele salvasse, ele não era onipotente. Ksata tentou destruir vácuo, mas os três originais eram imbatíveis, até um para o outro. Ele pediu a ajuda dos profetas, mas até os seres mais poderosos da essência eram inúteis no reino neutro. Foi então que ele decidiu tomar medidas mais drásticas. Antes de obter sucesso em criar a matéria, ele falhou várias vezes em suas tentativas de manipular a essência em uma escala tão grande, numa dessas tentativas, ele usou toda sua energia, mas o resultado foi inesperado: um tipo de "metal" surgiu. Ele conseguia manipular livremente sua criação, mas não conseguia destruí-la. Não identificou nela traços de essência, nem de corrupção. Era algo novo. Ksata não deu muita importância para aquilo quando o criou, mas viu uma possibilidade, agora que estava em guerra. Com uma parte do metal, forjou armas como as que os humanos usavam na época. Espadas, lanças etc. Nas mãos daqueles vinculados à essência, elas absorviam e selavam qualquer coisa, seres de essência e de corrupção, mas eram inúteis para aqueles sem vínculo, e não afetariam vácuo de uma forma ou de outra. Então ele tentou armas diferentes. Essas exigiram mais do metal, mas qualquer um poderia usá-las, o que aumentou o número de guerreiros em combate. Essas usavam a essência da pessoa para destruir a corrupção. Isso melhorou a situação do reino neutro na guerra, mas não foi suficiente. Ksata se desesperou, e decidiu usar seu último recurso. Seu primeiro passo foi garantir que os humanos jamais abalariam a essência novamente, então ele apagou a memória de toda a humanidade sobre tudo. Como não poderia destruir as armas, mas também não podia permitir que fossem encontradas, ele as lançou nos confins do mundo neutro, deixando apenas 10 armas na terra, que seriam usadas em seu plano. Com o restante do metal, ele criou 20 pulseiras e uma chave. Antes de falar sobre a chave, vou falar sobre as pulseiras, que envolvem o terceiro conceito de vínculo. Todos nós somos constituídos de essência, e é fácil usufruir da essência daquilo que nos cerca, mas fazer isso com pessoas é um pouco mais complicado, pois elas têm sua própria influência sobre si mesmas. O vínculo é algo que se estabelece com outras coisas ou pessoas. Cada pessoa possuí uma marca própria. Se duas pessoas colocarem suas marcas uma na outra, o vínculo é estabelecido, e a essência de uma se ligará à da outra. Vão compartilhar suas energias e se tornarem mais fortes na medida de sua união. Esse tipo de vínculo só pode ser rompido se uma das pessoas morre, causando dor extrema à outra.

I.L.AOnde histórias criam vida. Descubra agora