56: vinho

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Ouviu Jin bater mais tarde, quando acordou sem imaginar que estava acompanhado quando precisou dizer que não poderia falar com ele e alguém poderia ajudá-lo no seu lugar. Ainda chorava quando abriu a gaveta em que guardava as medicações, uma ou duas vezes até convencer-se que não precisava, que era apenas estresse e que ainda se amavam, e portanto conseguiria se acalmar.

Sentou-se à cabeceira, abraçado ao travesseiro com o cheiro de quem amava. Terminou por dormir, exausto até receber a ligação de Jin, pedindo que abrisse a porta, e ouvindo outras vozes ao lado explicou que estava bem e descansaria, sem sair da cama após acomodar-se.

Acordou de madrugada com batidas na porta, levantando escutando chutes com mais clareza, antes de ouvir seu nome. Acendeu o abajur, sonolento, e destrancou ao reconhecer a voz. Namjoon entrou cansado, largando o capacete atrás da porta, lançando um olhar a gaveta suspeitosamente aberta. Encostou a porta vendo-o esfregar os olhos.

— Tomou algo? — Namjoon perguntou.

— Não. — respondeu Hoseok.

— Mas pensou em tomar. — observou.

— Até lembrar que nos amamos. Eu... sinto tanto pelo que fiz, Namjoon. Sei que sabe que não quis dizer aquilo, sabemos que eu não quis ou quero te magoar, como você também não quer, mas... prometo pensar antes de dizer algo, principalmente a quem amo. Eu... não tomei nada porque ainda nos amamos, não amamos? Não tem motivos pra tomar, tem?

Diante da declaração Namjoon acenou paciente, concordava com aquilo e fez um gesto para que se deitasse, era a segunda noite acordado. Hoseok o fez, hesitante em tocar os cabelos de quem lhe dava as costas, hesitante em falar novamente mesmo sem conseguir evitar.

— Nam, pode contar aonde foi? — pediu Hoseok.

— Conversar com meus bumonim (kor: pais, genitores) — Namjoon esclareceu.

— É longe! Foi sozinho? Nam, pode ser perigoso, é noite e passou dois dias em claro! Lembra o que aconteceu antes, na volta? Se acontecesse novamente não teria ninguém para aju... — censurou.

Suspirou cansado. Precisava muito dormir ou enlouqueceria, portanto aproveitou para fechar a gaveta quando se levantou para buscar edredom no armário e deitar no chão com seu travesseiro e outra coberta, com Hoseok receoso em dizer qualquer coisa mais.

— Não, Nam, desculpe. Venha para a cama, eu prometo ficar quieto... Vai sentir dores se dormir no chão.... — pediu Hoseok.

— Estou acostumado — Namjoon respondeu de olhos fechados e braços cruzados.

Hoseok não conseguiu evitar secar as lágrimas quando, na sua casa, o fazia dormir no chão, se esforçava tanto para reparar seu erro. Ao menos tanto quanto o outro em lhe compreender, ainda assim não esconderia sua voz mesmo chorosa, não era chantagem se não conseguia evitar.

— O que seus bumonim disseram? — perguntou Hoseok ainda receoso.

— Pra eu voltar pro lugar ao qual amo, uma vez que é onde pertenço. — Namjoon declarou.

K-komawo...

— Vá dormir, Hoseok. Amanhece em poucas horas.

— S-sim. — concordou. — Komawo.

Acordou sozinho, vendo a claridade do sol pela janela. A primeira coisa que ouviu foi Namjoon ressonar, ainda no chão, e imaginou o quão estaria cansado e não teve coragem para olhá-lo. Pegou o celular vendo a estranha notificação, avisando onde estariam e listando cada item do qual levavam e lista dos presentes. Um deles era Jin.

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