Página 43 - Eu confio em você

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É sempre um tormento usar 100% do meu corpo todos os dias e, em algum momento, parar antes do período final. É exatamente o que acontece comigo. Eu estou extremamente quebrado, não só corporalmente (fisicamente estou moído), mas não sei ao certo qual está pior, se é meu sentimental ou psicológico. De qualquer forma, os dois estão entrando em pane. Eu adoraria passar o dia inteiro deitado e dormindo, ter alguém que me trouxesse comida na cama, me desse banho mesmo deitado na cama, e fizesse todo o resto por esse apartamento. Mas a parte cruel desse desejo não tarda a surgir, preenchendo minha mente com memórias desagradáveis. Abro meus olhos e resolvo me levantar direto.

Juro que se eu tivesse perdido a memória, de ontem pra hoje, ia afirmar com toda certeza do mundo que eu levei uma surra. Que puta dor no corpo! E não é por doença ou resfriado, é resultado de ter trazido as caixas para cima e arrumado menos que a metade da nossa atual casa. Manco um pouco até o banheiro para me aliviar, não existe nada melhor do que esvaziar a bexiga.

Existe sim, a melhor coisa é acordar com a boca completamente seca e já ter um filtro de 15 litros já a sua espera. -Nem um pouco exagerado- mas vida que segue.

Abro o armário do banheiro, evitando me olhar no espelho, por querer preservar minha integridade mental, mas não encontro as escovas lá dentro. Porra, será que nem isso Hyunwoo pôde arrumar?!
Saio do banheiro e do quarto, encontrando a residência vazia, mas o silêncio é agradável ao extremo, me sinto bem estando sozinho nesse ap. Sigo para a cozinha, dou a volta no balcão e vejo as três caixas lotadas de louças, talheres e vidros para guardar. Eu realmente não deveria ter dormido.

Hyunwoo resolve aparecer, entrando em casa com três sacolas plásticas em mãos. Uma camisa sem mangas e uma bermuda em seu corpo

- Bom dia

- Bom dia, onde estava?

- Fui na padaria e no mercado. Você está bem? Dormiu bem? - ele vem em minha direção após fechar a porta, coloca as sacolas na pia, assim como a chave, que por algum motivo, ele não deixou na porta, e me abraça. Como eu já disse, a diferença de tamanho entre nós dois é muito notável. Completamente notável.

Retribuo o abraço que recebo e encosto a cabeça em seu peito, Hyunwoo me abraça protetor, carinhoso e, notavelmente preocupado. Eu também estaria preocupado comigo se fosse ele, mas como não sou, dispenso.

- Eu tô fodido, e nem é no bom sentido... - resmungo e ouço a risada dele

- Não é porque você não quer, oportunidades não faltam

- Não é porque estou atarefado de coisas pra fazer e a única coisa que você fez hoje, foi ir na padaria, de carro. - me afasto do abraço dele

- Queria que eu fosse andando até lá?

- Pelo menos queimaria calorias e te preparava para o trabalho daqui

- Mal acordou e já está reclamando. Talvez isso seja abstinência mesmo

- Fala de mim, mas quem está na crise é você. - preparo um pão pra comer e tiro a cafeteira elétrica de dentro da caixa. Eu arrumei algumas coisas que estavam sujas ontem, mas o pior trabalho ficou pra hoje: arrumar as coisas em seus lugares. As comidas conservadas que trouxemos do sítio, foram mantidas dentro de uma bolsa térmica. Guardo tudo em seus respectivos lugares enquanto Hyunwoo arruma a area de serviço. Saindo da cozinha depois de lavar ela, sigo pra sala, modifico tudo ao meu modo: aconchegante e habitável. Pego rumo pro banheiro depois de uma breve discussão com o Japa graças a ausência da minha fome, lavo o comodo e ajeito ele do meu jeito.

Como dormi e fui parar na cama, ainda é um mistério. No domingo recebemos a visita de Jooheon, foi algo extremamente agradável, pois não precisei fazer nada, apenas comi e dormi até o cú fazer bico. Eu imaginava que, como passei quase um mês sem dormir direito, eu ia passar um mês me recompensando, mas fui trouxa, minha insônia me tomou em seus braços, me deixando inquieto

- Que foi, hm? - Hyunwoo me abraça deitado ao meu lado na cama

- Insônia... queria dormir pro resto do ano, mas fui trouxa

- Não, você não foi trouxa. Nosso corpo tem um limite para descansar, assim como tem um limite para parar de trabalhar. Você conseguiu repor as energias necessárias para trabalhar, mas não vai conseguir repor os dias em que não pôde descansar

- E como sabe tanto? - olho pra ele, que tem o rosto bem próximo do meu

- Uma amiga do curso de psicologia me explicou, eu estava cansado e... acabado.

- Hm. - meio impossível não sentir ciúmes - Você ficou com alguém durante o período que nós ficamos separados?

- Fiquei com a minha cama, eu não parava de chorar

- Um cavalo desses chorando - implico

- Não seja implicante, mini Demônio, eu senti uma saudade de você absurda. Nunca vai existir outro na minha vida que não seja você, mesmo sendo mais novo do que eu, você me ensinou muito

- Principalmente a fazer um sanduíche, né Ursinho?

- Ursinho? - ele sorri

- Sim, meu Ursinho. Você é grandão e fofo, e gostoso - rimos

- Apenas seu. Eu te amo tanto...

- Eu também te amo. - afirmo olhando em seus olhos, Hyunwoo sabe o que sinto por ele, não é preciso que eu diga sempre. Fecho os olhos para incentivá-lo a continuar, em poucos segundos, sinto os lábios macios nos meus, a princípio, em apenas um selinho, aos poucos aumentando a intensidade sem deixar de ser carinhoso. Nós estamos juntos, mas talvez esteja faltando esse contato para quebrar o clima gelado que todo aquele iceberg causou. Eu preciso dele e ele precisa de mim, percebo que é verdadeiro, quando mesmo sem sexo, Hyunwoo não precisou procurar por outras companhias na rua, ele me esperou, respeitou meu tempo, e sempre esteve ao meu lado. Outro homem não faria isso. Estamos recomeçando aos poucos, ainda não é um casamento, eu não sei qual é o nosso status atual, ao menos sei se temos. Mas sei que nos amamos e isso basta pra mim. Eu avançaria para o momento que ele tanto quer, mas Hyunwoo percebe que ainda estou receoso e respeita meu tempo, devagar.

- Desculpa... - sussurro

- Shhhh... tudo no seu tempo, amor. A gente não precisa ter pressa. Eu tô bem apenas te dando todo o meu amor

- Obrigado por estar comigo

- Eu prometi nunca te abandonar, sempre vou estar com você. Sempre.

Me aconchego no peito dele e recebo seus carinhos, uma das minhas partes favoritas em estar com Hyunwoo. Mas um pensamento espanta qualquer indício de sono que se aproximava, trazendo minha agitação interior: procurar minha mãe. Eu não pude pensar sobre isso durante os dois dias de arrumação da nossa casa, e amanhã já é segunda-feira, o que eu faço? Contando com o teste que tenho amanhã na escola.

Eu tô com o cú na mão, e nem é em questão figurada.

- Amanhã eu tenho teste... - suspiro - Talvez eu procure minha mãe também... - minha voz falha, assim como o silêncio preenche o quarto. Sei que ele ainda está acordado, provavelmente pensando sobre o assunto

- Devo preparar nossos passaportes?

- Não. Vai dar tudo certo. - afirmo, apertando meus braços ao redor dele. Estou sendo ótima ilusóricamente, mas estou. Talvez seja a ordem natural da vida, ter medo do que há dentro do desconhecido, mas considerando tudo o que vi e descobri, só serve para aumentar meu medo. Mas são os meus pais, certo?

- Eu confio em você, meu amor.



N/A: aaaaaaaaaaa cheguei!!! :)
Como vocês estão?
Eu sei que tô em enorme divida com Ul, mas... eu não estava em um bom momento para postar, aconteceram muitas merdas aqui, eu entrei em depressão de novo, algumas pessoas me deixaram e eu explodi. Mas enfim, quem vive de passado é museu. Tenho mais alguns capitulos de UL prontos, mas só vou postar sabado que vem, era pra ter postado este ontem, mas teve temporal aqui no RJ e eu fiquei sem internet.

LikaMonbebeX aqui está amor, se prepare para fortes emoções.

Bjinhos, até a próxima!

Uncontrolled Love {Hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora