11º Capítulo

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POV Cait

Sabia que teria que ser firme, essa era a única maneira de convencer aquele escocês teimoso que eu deveria estar ali ao lado dele. Mas tinha que confessar que estava nervosa, não sabia o que esperar, o que iria ver no hospital. Ainda era tão irreal pra mim! Imaginar o Sam doente, ele sempre foi tão ativo, saudável, tudo bem que sempre estava gripado e isso era motivo de implicância diária já que ele não deixava de fazer nada quando estava assim, mas agora era um outro nível de doença, não era nada que podia sarar com um simples comprimido e descanso.

Quando entramos no carro, vi que Marina havia aparecido ao lado de Lauren na frente do hotel e acenou sorridente pra mim:

- Essas duas são as melhores piores assistentes que temos! – Sam falou sério, mas com um leve sorriso no rosto.

- Você sabe que elas só querem nos ver felizes, isso simplificaria muito o trabalho delas!

- É... – antes que Sam pudesse falar mais, Marina chegou perto da janela.

- Eu sei que é lindo vocês dois juntos assim novamente, eu estou radiante, mas por favor, me prometam uma coisa, sejam discretos! Ninguém sabe que o Sam está aqui e muito menos indo para o hospital, então por favor, saiam separados do carro e aquele procedimento que já conhecem muito bem! – Marina falou tudo em segundos, atropelando as palavras enquanto a carro começava a partir.

Com toda a correria para ir atrás do Sam, havia me esquecido completamente de ser discreta, sabia que Sam nunca iria a público sobre sua doença e provavelmente estava bom sendo discreto já que não sabia de nada até o dia anterior, mas juntando a minha presença, seria mais difícil esconder, teria que ser cuidadosa, coisa que não fui ao pegar o avião e vir parar em Houston sem avisos.

- Não se preocupe, já tenho um esquema combinado com o hospital, é só você continuar com esses óculos gigantes que cobrem todo o seu rosto e não entrar comigo que está tudo certo. – Sam falou parecendo saber no que estava pensando.

- Mas como vou poder ficar ao seu lado? Já falei que não ficará sozinho! – falei séria, não queria dar oportunidade para ele me dispensar.

- Eu sei Cait, você já deixou isso bem claro várias vezes... – ele falou com um leve sorriso. – Provavelmente a Marina já deve ter informado o hospital que você será minha acompanhante, só se lembre que lá sou o paciente Roland, e não dê risada, odeio esse nome, mas foi ideia da minha querida assistente!

Realmente segurei o riso, sabia como ele não gostava de seu segundo nome, mas tinha que falar para Marina depois como a ideia havia sido boa. Não demoramos nem 15 minutos para chegar ao imponente hospital. "MD Anderson Cancer Center". Ler o nome do lugar me trouxe um aperto no peito, num reflexo peguei a mão de Sam e apertei, não sei porque, mas queria mostrar que estava ali e que iria ficar tudo bem, mesmo que não tivesse certeza disso ainda. Ele não se esquivou, senti seu polegar fazer pequenos círculos na palma da minha mão, sabia que era um gesto que ele fazia quando estava nervoso.

Notei que estávamos indo para os fundos do hospital, claro, esse era o combinado, Sam não iria entrar pela porta da frente. Eu sempre consegui me misturar com as pessoas a minha volta e raramente era reconhecida em lugares que não estavam cientes da minha presença anteriormente, mas Sam era uma pessoa difícil de sumir numa multidão. Com seus mais de um metro e noventa e seu porte físico, era quase que impossível passar despercebido, além do mais que depois de seu sucesso como o famoso agente secreto, eram raras as mulheres que não o avistavam a alguns metros de distância.

Antes de descer do carro, vi que Sam havia colocado seu velho boné, sorri ao lembrar como brigávamos toda vez que ele insistia que aquilo iria o tornar invisível, claro, ninguém mais irá saber que é o Sam Heughan sem os famosos cachos a mostra, e aí que a realidade bateu mais uma vez, ele realmente poderia ficar sem aquele cabelo maravilhoso e meu coração se apertou. Antes que pudesse pensar mais nisso, vi que ele saiu do carro, tentei sair logo depois, mas ele me impediu:

- Espere uns quinze minutos, depois entre e procure pela enfermeira Dawson, ela a levará ao meu quarto.

E sem me dar oportunidade para falar algo, ele caminhou rapidamente para uma pequena porta que já estava aberta para recebe-lo. Enquanto esperava aqueles longos minutos passarem, peguei meu celular que estava cansado de ser ignorado depois de tantas notificações. Eram fotos e mais fotos do evento da noite anterior, tinham diversas minhas sozinha no tapete vermelho, fiquei satisfeita com o que vi, tinha conseguido disfarçar bem o meu nervosismo e ansiedade de ver Sam. Depois vieram as fotos dele e estava lindo como sempre, mas mesmo com um sorriso estampado no rosto conseguia ver seus olhos tristes e aquilo me partia o coração. Mas o que me fez prender a respiração foram as poucas fotos que tiraram de nós dois juntos, fazia um tempo que não via e não podia negar que estavam um pouco estranhas, pelo menos as primeiras, o nervosismo era claro em ambos. Só que entre tantas fotos ruins, uma me chamou a atenção, era a que Sam tinha me puxado pra perto dele e falado no meu ouvido para eu sorrir, nosso olhar estava diferente, natural, assim como nossos sorrisos um para o outro. Não conseguia entender como aquilo tinha acontecido em questões de segundos, mas sorri ao ver que nosso amor ainda estava lá, assim como a felicidade de Sam.

Com essa foto ainda aberta em meu celular, saí do carro e entrei no hospital determinada a trazer essa alegria para Sam novamente. Como instruída, procurei a tal enfermeira que prontamente me levou até um andar do hospital que parecia ser mais exclusivo, eram poucas portas no corredor e sem trocar mais que duas palavras, ela me deixou em frente ao quarto 007. Ri ao pensar que aquilo só poderia ser uma piada de mau gosto, mas sem perder mais tempo bati na porta, não achava certo entrar sem avisar, não sabia o que esperar do outro lado.

Ouvi a voz grave de Sam me mandando entrar. Quando abri a porta fiquei espantada ao ver que aquilo parecia tudo, menos um quarto de hospital. Tinha uma sala grande, com dois sofás, uma mesa de centro e uma grande tv na parede. Sam estava parado em frente de outra porta, que só podia ser o quarto em si, pensei. Ele ainda estava com sua calça, mas na parte de cima já era a roupa do hospital. Instantaneamente fiquei sem graça, não sabia como agir, o que falar, o que fazer com as mãos...

- Não precisa se assustar, só coloco essa roupa por ser um procedimento padrão já que o remédio é aplicado na veia. Se quiser ficar sentada no sofá, fique à vontade, daqui a pouco vão trazer tudo e o procedimento em si só demora uma meia hora, é que eles me mantem durante a noite para observação, efeitos colaterais... – ele me explicou, as últimas palavras foram quase inaudíveis.

- Sam, eu sei que pareço perdida, mas é que tudo ainda é tão irreal pra mim!

- E você acha que pra mim, não é? Por Deus Cait, ter câncer nunca vai ser algo normal ou real pra mim, por mais que tenha aceitado...eu... – ele não continuou e apenas se virou para a porta do quarto.

- Posso estar perdida, mas a única certeza que tenho em tudo isso é que vim aqui para ficar com você e é isso que vou fazer, e nem pense em me deixar sentada nessa sala o dia todo Heughan! – falei determinada, indo a seu encontro.

Ele não falou nada em resposta, cheguei perto dele e coloquei minha mão em seu ombro, o virando pra mim. Vi que seus olhos estavam marejados, os meus também, mas não podia chorar, não agora e nem na sua frente. Antes que pudesse falar algo, ouvimos uma batida na porta:

- Está pronto pra vencer mais essa, soldier? – falei apertando sua mão.

Ele balançou a cabeça, deixando escapar uma risada. Meu rosto se iluminou, era pra isso que estava ali.

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