24º Capítulo

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POV Cait

As horas dentro daquele hospital pareciam intermináveis. Depois da conversa com o médico, Sam havia dormido devido aos remédios fortes que estava tomando e aproveitei para fazer o exame de sangue que determinaria se eu seria compatível ou não. Agora estava sentada na pequena poltrona ao lado da cama em que Sam dormia, aguardando ansiosamente o resultado do bendito exame.

Olhei para o meu pequeno gigante, ele parecia tão frágil com todos aqueles tubos ligados a ele, mas ao mesmo tempo parecia tão sereno dormindo. Sabia que as novidades dadas pelo médico tinham o deixado assustado, como não deixaria? Eu tinha ficado totalmente sem chão ao ouvir tudo aquilo e nem era a pessoa que sofreria mais com tudo. Mas como havia prometido, estaria ali para ele, com ele e acho que isso o acalmou, na verdade, nos acalmou. Precisávamos estar unidos como casal, estarmos na mesma página e agora tinha certeza que era assim que estávamos, ele finalmente tinha me deixado entrar na pequena fortaleza que tinha construído para lutar contra aquela doença e agora erámos os dois contra tudo.

Levantei e sentei no pequeno espaço que tinha ao seu lado na cama. Passei as mãos pelos seus cabelos, aqueles cachos loiros que gostava tanto e que sabia que em breve não estariam mais ali. Sem perceber algumas lágrimas começaram a cair e logo um par de olhos azuis estava me encarando:

- Hey, por que está chorando? – ele falou com a voz rouca.

- Ah, não é nada, bobeira minha... – respondi tentando enxugar as lágrimas, mas ele segurou minha mão.

- Você não chora por bobeira e sabe disso. – e passou seu polegar pelo meu rosto, enxugando as lágrimas e ao mesmo tempo fazendo carinho para me acalmar.

- É que me peguei pensando em como daqui um tempo não terei esses cachos lindos para passar a mão. – falei tentando esboçar um sorriso enquanto passava a mão pelo seu cabelo.

- Se quiser posso pedir emprestada a peruca que usava como Jamie. – ele falou tentando ser sério, mas conseguia ver o sorriso surgindo no canto da sua boca.

- Ah não! Não quero mais ter que presenciar aquilo que chamavam de cabelo em você! Aliás, já devem ter voltado a usar como esfregão!

Sam começou a rir e eu ri junto, realmente odiávamos aquela peruca:

- Você sabe que fico bonito de qualquer jeito, até careca! – ele falou quando parou de rir, piscando pra mim.

- Humm, isso teremos que ver! Mas pelo menos sei que sua modéstia é enorme e não terá problemas com o novo visual! – respondi tentando entrar na brincadeira, mas uma lágrima insistia em cair. Qual era meu problema? Por que não conseguia parar de chorar? Não podia ficar assim sempre ao lado do Sam, não ajudaria em nada!

- Você sempre sabe que fui modesto...amor, olha pra mim. – ele falou puxando meu rosto pra perto dele. – você sabe que não precisa ser forte o tempo todo, não é? Eu também tenho meus dias ruins, meus momentos de tristeza, mas não é pra isso que estamos aqui? Pra dar apoio um pro outro quando precisar? Pode chorar, mesmo que seja por causa do meu cabelo, se sentirá melhor quando deixar tudo sair, prometo que estarei aqui...até porque não posso ir pra lugar algum agora! – ele riu e me puxou pra seu peito, apoiando seu queixo em minha cabeça.

Foi aí que desabei, soltei tudo o que estava preso dentro de mim desde a hora que cheguei ao hospital, desde o momento que sabia que tinha algo errado com ele em casa. Sam apenas me segurou, do jeito que conseguia, fazendo carinho em meu braço e sussurrando palavras de conforto que eu não conseguia entender, mas que me acalmavam, assim como sentir seu corpo perto de mim. Não sei quanto tempo ficamos daquele jeito, eu parecendo uma criança toda encolhida em seu colo, chorando e as vezes rindo com alguma bobeira que ele falava pra me animar e tinha hora que nem sabia mais se as lágrimas que estavam caindo eram de alegria ou tristeza, mas sabia que um peso havia saído do meu peito.

Nosso momento foi interrompido pelo médico que havia retornado com o resultado do meu exame. Com certeza ele já devia estar acostumado a presenciar cenas como aquela, mas isso não diminuiu o olhar de espanto ao me ver deitada praticamente no colo de Sam, com os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar, sem contar meu cabelo que parecia que tinha passado por um vendaval depois dos carinhos recebidos. Mas quando ele se aproximou de nós, notei um leve sorriso em seu rosto, a cena poderia não ser a ideal para ele como médico, entretanto era perfeita para demonstrar nossa união e carinho um com o outro:

- O exame ficou pronto? – perguntei ansiosa, me levantando da cama e tentando me deixar um pouco mais apresentável.

- Sim! E resolvi dar o resultado pessoalmente.

Notei que os olhos de Sam estavam grudados ao médico assim como os meus, por que a demora para falar o resultado? Nossa ansiedade era maior do que tudo:

- Infelizmente você não é compatível Cait. – o médico falou sem rodeios.

Meu olhar foi direto para o Sam, ele não falou nada, mas podia notar seu desapontamento, eu também estava assim, sabia que ser compatível era algo difícil, mas tinha essa esperança, esse tola esperança de fazer o gesto romântico de doar minha medula e salvar o amor da minha vida, só que aquilo era mundo real e as coisas não podiam ser tão fáceis assim como nos filmes. Antes que pudesse falar algo, ouvimos alguém entrar no quarto:

- Mas eu sou! – ouvi a voz por trás do médico que conhecia muito bem.

- Marina? – Sam perguntou baixo.

- Sim Sam, sou eu e foi isso mesmo que vocês escutaram, eu sou compatível e ficarei mais do que honrada em poder doar e salvar a vida do meu querido chefe! – ela falou com um sorriso largo no rosto ao mesmo tempo que conseguia ver lágrimas se formando em seus olhos.

- Não, não posso pedir isso de você... – Sam falou sem graça, não conseguindo a encarar nos olhos.

- Você não está pedindo, eu que estou oferecendo e além do mais, você não leu aquela clausula do nosso contrato de trabalho que falava que tenho o dever de sempre assessorar meu cliente? Então, estou fazendo apenas meu trabalho... – ela falou com um sorriso sem graça, mas agora as lágrimas não estavam mais sendo contidas.

Eu não conseguia falar nada, apenas corri até onde Marina estava parada e a abracei forte, e eu aqui pensando que meu gesto seria romântico? Ela tinha acabado de fazer o gesto mais bonito de amizade, sim, aquilo ali não era mais apenas trabalho, era amizade, amor, consideração:

- Se vocês não se importarem de eu interromper esse momento tão bonito, eu queria poder agradecer minha linda assistente? – Sam falou fazendo nós duas rirem.

Marina foi até perto da cama e Sam esticou os braços, ela apenas sorriu e o abraçou. Sorri ao presenciar a cena e ao ver os olhos dele brilhantes, me olhando por cima dos ombros dela, eu apenas balancei a cabeça, concordando com sua afirmação sem palavras. Isso bastou pra Sam fechar os olhos e deixar as lágrimas caírem, lágrimas de felicidade e alivio. Quando percebi estava chorando também, meu Deus, como ainda tinha lágrimas? Ri ao pensar nisso.

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