Only You

20º Capítulo

POV Sam

O dia do jantar finalmente tinha chegado e estava muito nervoso, tinha feito o meu discurso e não tinha certeza se estava bom. Cait tinha insistido pra ler, mas não deixei, queria que ela tivesse uma reação verdadeira ao escutar pela primeira vez junto com todos, mas isso me deixava mais nervoso ainda, não costumava ser bom com as palavras, podia interpretar um texto muito bem, agora escrever algo e proclamar para diversas pessoas não era o meu forte, apesar de Cait sempre insistir que eu não tinha problema algum, que eu sempre falei com o meu coração e por isso eu era querido por tantas pessoas.

Estava terminando de me vestir e como sempre a gravata estava me dando trabalho, por que inventaram algo tão complexo como o nó de uma simples gravata? Não poderia ser algo mais fácil?

- Estou vendo que nesses meses você não progrediu em nada... – Cait falou se aproximando de mim e pegando a maldita gravata para dar um nó.

- Não é minha atividade favorita e você sempre fez isso pra mim!

- Ainda bem que estou na sua vida novamente, imagina o que seria de Sam Heughan sem um nó na gravata? – ela riu.

- Não seria nada e você sabe disso, não é? – falei mais sério.

- Eu sei! – ela sorriu e me beijou. – Pronto! Agora sim está apresentável!

- Você também não está nada mal! Aliás, está bem longe disso, não sabia que laranja ficava tão bem em você... – falei ao finalmente prestar atenção nela depois de brigar com a minha gravata.

Claro que ela estava maravilhosa, não tinha como ser o contrário, mas realmente a cor do vestido estava fazendo tudo ficar melhor, o laranja estava combinando perfeitamente com a cor do cabelo e a sua pele branca:

- Preparada para voltar pra minha vida oficialmente? – estendi a mão pra ela.

- Sempre! – e pegando na minha mão fomos para o carro que nos levaria ao evento.

Claro que fomos quase os últimos a chegar, era tudo propositalmente feito para chamarmos mais atenção, afinal todos já estariam ali ansiosos pela nossa chegada. Aquele seria o primeiro dia que falaria e encararia a imprensa depois de divulgarem sobre a minha doença e estava nervoso, não sabia se aguentaria tantas perguntas sobre algo que ainda não parecia realidade pra mim, pelo menos não para falar em voz alta. Cait percebeu meu nervosismo quando estávamos pra descer do carro e segurou minha mão:

- Estamos nisso juntos, não se esqueça disso! – ela falou apertando minha mão e sorrindo.

Eu apenas sorri em resposta, respirei fundo e desci do carro. Senti vários flashes em nossa direção, gritos do meu nome e da Cait que estava logo atrás de mim, estava um pouco perdido com toda a atenção, mas logo a senti colocando a mão em minhas costas e relaxei. Caminhamos até o pequeno tapete vermelho que haviam feito e foi aí que todos realmente foram a loucura, era barulho de foto sendo disparada, perguntas no ar, gritos do meu nome, de Cait, se estávamos juntos, como eu estava, mas não conseguia focar em nada a não ser em Cait do meu lado, ela era o meu porto seguro no meio de toda aquela loucura e sorri pra ela. Sabia que tinham pedido pra gente fazer alguma coisa que demonstrasse que estávamos juntos, mas não precisei de ensaio ou de pedido algum, era natural pra mim ir de encontro a ela.

Passei meu braço pela sua cintura e a trouxe pra mais perto de mim, ela sorriu e não pensei duas vezes, a beijei, mas no canto da boca, nunca fomos de dar beijos em publico e ali não seria diferente, só que apenas esse gesto bastou para ouvirmos suspiros e gritos de algumas fãs que estavam ali. Ficamos por um minuto perdidos no olhar um do outro, como eu era sortudo de tê-la ali comigo, nunca conseguiria enfrentar tudo isso sozinho. Mas logo nosso momento foi interrompido por Marina nos chamando pra entrar. Porém antes disso fiz questão de parar perto de onde algumas fãs estavam, tirei algumas fotos enquanto era parabenizado pela minha atitude e por estar com Cait novamente, aquilo me fazia bem, ouvir palavras tão reais de pessoas que por mais que não me conhecessem profundamente, sabiam o que me fazia bem e estavam ali por mim, sempre.

Entramos no espaço que seria o jantar e ele estava repleto de mesas, todas ocupadas com pessoas que conhecíamos bem e outras nem tanto. Eram pessoas importantes de qualquer maneira e fomos recebidos com palmas. Apertei a mão de Cait para ficar calmo, por mais que trabalhasse nisso por anos, ainda ficava muito nervoso e tímido em situações como essa. Caminhei até o pequeno palco que haviam montado, iria abrir a noite e agradecer pela presença de todos, mas mais do que isso, abriria meu coração para todos ali e isso estava me deixando ansioso:

- Fica tranquilo, estou aqui perto e tenho certeza de que se sairá bem, como tudo o que você faz! – Cait falou baixo em meu ouvido.

Subi rapidamente e peguei o microfone da mão de Marina que já me esperava com um sorriso no rosto. Cumprimentei a todos e antes de começar a ler o que tinha escrito, olhei na multidão a procura dela, que como prometeu estava sentada na mesa logo em frente do palco. Sorri e comecei a falar:

- Tenho certeza que todos aqui hoje ficaram surpresos com o convite que receberam, não por ser um jantar em prol de uma causa nobre, mas sim por um jantar que eu estaria admitindo para todos que tenho uma doença que atinge tantas pessoas, mas como Sam Heughan poderia ter? Um ator conhecido pela sua vida saudável, por suas campanhas e corridas, uma pessoa que esbanjava saúde, como isso poderia acontecer? É aí que vemos que o câncer não é uma doença seletiva, ela não escolhe em quem irá aparecer, não é porque sou ator, tenho dinheiro, fama e saúde que o câncer não pode me escolher como sua próxima vítima. Mas hoje, aqui, com todos vocês, não me vejo como uma próxima vitima desse mal, e sim como um próximo sobrevivente que resolveu usar sua fama e dinheiro para alertar que todos estão a mercê dessa doença e que não basta nos cuidarmos sempre, temos que buscar uma forma de sobreviver, de achar uma cura. E que não estamos sozinhos. Aprendi nesse pouco tempo da descoberta da minha doença que não podemos enfrentar tudo sozinho, que temos que deixar as pessoas que nos amam nos ajudar, que elas não irão nos julgar, claro, elas irão sofrer com você ou até mais, mas nos afastar delas não irá priva-las da dor e do sofrimento, e que duas, três ou mais pessoas são mais fortes que uma. Saibam que estou aqui para o que precisarem, se estiverem sozinhos e enfrentando a mesma coisa que eu, saibam que poderão contar comigo para o que precisarem, desde ajuda para o tratamento até uma conversa, um desabafo, qualquer coisa. Tenho sorte de estar rodeado de pessoas que se importam comigo, mas tenho ainda mais sorte por ter uma pessoa que eu amo mais do que tudo ao meu lado, minha melhor amiga, minha parceira, meu amor por quase uma década. Acho que não preciso falar quem é, ela sabe da importância que tem em minha vida, assim como vocês também, que acompanham minha carreira e minha vida desde o começo. Agradeço mais uma vez pela presença de todos e espero que aproveitem a noite e colaborem com essa causa que se tornou tão importante e pessoal pra mim. Obrigado.

Todos se levantaram e me aplaudiram de pé, soltei a respiração que não sabia que estava segurando e sorri. Tinha conseguido, tinha feito o discurso mais difícil da minha carreira, da minha vida, havia falado coisas que nunca tinha pensado em falar para tantas pessoas, mas o que me deixou mais feliz foi ver Cait sorrindo orgulhosa, com lágrimas nos olhos, me aplaudindo. Desci do palco rapidamente e fui ao seu encontro:

- Me saí bem? – perguntei ao abraça-la.

- Mais do que isso, você foi perfeito, sabia que conseguiria, como sempre. E obrigada, por me deixar cuidar de você e estar ao seu lado nesse momento tão importante da sua vida.

- Eu que tenho que te agradecer por não ter desistido de mim, mesmo quando fui um idiota com você!

- Acho que já agradecemos e nos desculpamos o suficiente, não acha? Vamos deixar tudo isso para trás e recomeçar do zero.

- Humm, do zero? Isso quer dizer que tenho que te conquistar de novo? – falei sorrindo.

- Você sabe que só com esse sorriso já fez metade do serviço, né?

- E a outra metade? Fica como? – e a beijei no pescoço.

- Sam! Isso vemos depois em casa...agora se comporte e vá falar com seus convidados! – ela riu se afastando de mim.

- Se você insiste! Mas você vai comigo! – e a puxei até a mesa ao lado onde tinham alguns colegas nossos de trabalho.