Only You

5º Capítulo

POV Cait

Ele estava me encarando e eu não conseguia desviar o olhar. Sabia que estávamos fazendo a festa dos fotógrafos de plantão, sempre fui preocupada com o que poderiam achar da nossa relação, mas naquele momento não estava ligando para mais nada, só queria vê-lo, como havia sentido falta daqueles olhos azuis me encarando de cima a baixo, como se me despisse num minuto. Só que o sorriso que sempre acompanhava o olhar não estava lá e todo o encanto do momento passou num segundo. A realidade do nosso encontro bateu e provavelmente meu olhar demonstrou tudo, pois senti uma apreensão por parte dele.

Mas mesmo assim ele se aproximou de mim e quando menos esperava, passou a mão pela minha cintura e sussurrou no meu ouvido:

- Vamos deixar esses fotógrafos um pouco mais satisfeitos...

Um arrepio tomou conta do meu corpo, a voz dele, a respiração tão perto, sua mão na minha cintura, aquilo era demais pra mim, não estava nem um pouco preocupada com a felicidade dos benditos fotógrafos. Tentei sair andando, mas a mão do Sam apertou mais ainda na minha cintura:

- Não faça isso Cait... – ele falou com um sorriso forçado no rosto. – Sorria e finja que está um pouco feliz em me ver.

- Não preciso fingir nada para eles...e nem pra você! – e com um último sorriso, me afastei dele e continuei andando em direção a entrada do salão.

Como ele queria que eu fingisse algo que nem ele estava conseguindo? Sabia que esse reencontro seria difícil, mas estava muito pior do que imaginei. Quem eu queria enganar? Sentia sua falta todos os dias e o que eu mais queria era sua mão em minha cintura novamente, sussurrando palavras no meu ouvido, e aquele sorriso que tanto gostava, só pra mim, mas sabia que era algo impossível, mesmo ele estando triste, e eu sabia que estava pelo seu olhar, sabia também que a causa de tudo aquilo tinha sido o meu ciúmes besta, que atrapalhou tudo de bom que tínhamos, deixei uma qualquer entrar no meio do nosso relacionamento e fazer um estrago arrasador. E pior que sabia que Sam tinha toda razão, ela tinha feito tudo propositalmente, só pelo gosto de ver nós dois nos separando.

Mas agora estava num evento de trabalho, estava ali para prestigiar um amigo e não podia deixar minha vida pessoal atrapalhar tudo, tinha que colocar o que sentia pelo Sam pra trás e seguir a noite. Claro, isso era o certo a se fazer, mas não conseguia comandar meu coração e a única solução que achei foi me afogar nos copos de espumante que estavam sendo servidos no jantar. Algumas horas depois já estava anestesiada de qualquer sentimento que nem notei o Sam se aproximar de onde estava sentada.

POV Sam

Durante boa parte do jantar fiquei observando a Cait. Não conseguia evitar e acho que nem queria, ela era uma força que me puxava e não tinha nada que conseguisse evitar essa nossa atração um com o outro. Ela estava maravilhosa com aquele vestido longo vermelho que marcava todas as suas curvas, mas também mostrava como ela tinha perdido peso nesses nossos meses separados, pode ser que as outras pessoas não tivessem notado, mas eu conhecia cada centímetro daquele corpo e podia notar quando algo estava diferente.

Também notei que ela estava virando uma taça de espumante atrás da outra e sabia que aquilo não iria trazer bons resultados. Fiquei pensando se deveria fazer algo a respeito, não queria que ela fizesse algo que se arrependesse depois, e podia estar sendo prepotente, mas sabia que eu era a causa de sua insistência na bebida. Quem que eu queria enganar? Se pudesse estaria sendo um grande companheiro da garrafa de uísque. Eu sabia que eu que tinha terminado tudo, eu que tinha colocado um ponto final na nossa relação, mas porque era tão difícil seguir em frente? Essa resposta era fácil, estava na ponta da língua, porque eu não queria, eu não queria seguir em frente, não queria uma vida sem ela. Mas querer não é poder, infelizmente.

Quando dei por mim já estava andando em sua direção e nossos olhares se cruzaram, agora não tinha como voltar atrás, mas o que queria fazer? Ou falar? Mas não precisei me preocupar com isso, ela logo tomou a palavra quando me aproximei:

- Já sei o que está fazendo aqui, e sim, estou bem e não, não bebi demais. Mesmo que tivesse bebido, você não tem com o que se preocupar, não vou te envergonhar afinal não estamos mais juntos! – ela falou as palavras um pouco arrastadas, sabia que ela já estava alterada, mesmo ela querendo provar o contrário.

- Sendo honesto, não sei porque vim até aqui, provavelmente força do hábito...mas Cait, você sabe que não está bem, não acha melhor evitar uma ressaca amanhã?

- Não! Amanhã tenho o caminho todo até o aeroporto para dormir! Mas por que você se importa?

- Você sabe porquê...

- Não, não sei, achei que não se importava mais comigo, afinal não temos mais nada... – ela falou olhando para o chão, por um minuto achei que ela não estava realmente bêbada.

- Mesmo não estando mais juntos, você sabe que nunca conseguiria a ignorar.

- Fez isso muito bem nos últimos meses!

- Cait...eu...você acha que essa separação não está sendo difícil pra mim também? Mas não acho que deveríamos discutir isso agora.

- E quando iremos? Daqui mais quatro meses quando nos encontrarmos em outro evento?

- Acho melhor irmos embora, eu sei que seu motorista deve estar junto com o meu, vamos, te levo até lá. – falei estendendo a mão pra ela.

Tudo o que eu menos queria era começar a discutir sobre a nossa relação, ou na caso, a falta dela, ainda não sabia porque tinha ido até ela, realmente deve ter sido apenas força do hábito, não tinha como eu não me preocupar, não me importar com o seu bem estar, eu só queria vê-la feliz. Mas ela não estava feliz, e ficou menos ainda com a minha aproximação, porque tinha sempre que falar demais?

- Eu vou embora porque já fiz o que tinha que fazer hoje aqui, e Sam, não precisa se esforçar tanto para ser legal comigo, sei que não está feliz. – ela falou se levantando da cadeira.

- Mas você não sabe o real motivo... – falei baixo, não sabia se ela havia me escutado, já estava andando a minha frente, em direção a saída.

Quando chegamos na saída do salão, todos os motoristas estavam lá parados, ninguém estava indo embora e não conseguíamos entender a razão:

- Sinto muito senhor, a nevasca acabou fechando as estradas, infelizmente ninguém deixará a cidade hoje.

- Mas estamos hospedados em Salt Lake City! Onde iremos ficar? – perguntei já tirando meu celular do bolso, onde estava a Marina quando precisava dela?

Cait estava fazendo o mesmo que eu, provavelmente tentando falar com a Lauren. Logo consegui falar com Marina que explicou a situação, ela havia ido embora mais cedo e já estava segura em nosso hotel, mas realmente as estradas estavam fechadas e ela estava tentando encontrar um hotel na cidade que ainda tivesse um quarto disponível. Devido ao festival, a cidade estava lotada e como era pequena, não tinha muitas opções de hospedagem, pelo menos não uma vaga.

- A Lauren diz que tem um hotel aqui perto com quarto disponível, vou verificar. Você já arrumou onde ficar? – Cait me perguntou.

Demorei um tempo para assimilar sua pergunta, ela realmente estava preocupada comigo?

- A Marina está tentando... – respondi ainda atordoado.

Mal falei isso e meu celular tocou novamente:

- Eu arrumei uma solução para o problema da hospedagem, mas você não irá gostar... – Marina falou.

- O que é pior que não ter onde dormir?

- Dividir o quarto com a Cait.