I UN

1.3K 97 49
                                    

                                                                                 2015

     "Res ab exitu spectanda et dirigenda est"


E foi naquela semana que quase tudo começou, na manhã de Sexta-Feira todos receberam um comunicado de que teríamos um estágio avançado. A mensagem deixava claro as intenções de nos informar que o que estava por vir era diferente de tudo que havíamos visto e estudado.

Já na manhã de Domingo nos comunicaram que deveríamos tomar uma decisão o quanto antes para partirmos logo pela manhã seguinte.

– Ah, seus celulares dentro deste pequeno saco, por favor, e escrevam seus nomes no verso. De preferência, tirem a bateria. – disse o instrutor aos alunos na quadra da Universidade. – Não podemos ter qualquer tipo de comunicação no local, será apenas estudo e diferente de tudo que já viram antes. – balançou a cabeça, parecia se sentir mais confiante com aquela camisa com o rosto da Beyoncé estampado. – Esqueçam dos estágios de Psicologia, entraremos na parte da Psiquiatria.

– Instrutor? – um dos alunos do clube dos animes, o de cabelo rosa, levantou o braço direito. – Não nos disse para nunca esquecer da Psicologia? Ela é fundamental na nossa pesquisa. O que faremos de tão profundo?

– Você está certo. – disse por fim se virando lentamente enquanto revirava os olhos. – Sim, sim. Está certo! Só queria lhes colocar um medinho... – sorriu envergonhado. – Estamos indo para TCN! – deu de ombros. – Exatamente, crianças. O Hospital do Estado que é responsável pelas mentes mais contraditórias do país.

TCN não era muito comentada na universidade. Raras eram as vezes que algum professor comentava sobre. O Hospital era visto como o inferno daqueles que fugiam da prisão. Há meses, a população local fez uma manifestação para que o local feche, assim cortando gastos e matando os pacientes ali. Como conseguiram um estágio lá?! ninguém sabia. Estavam todos confusos e indecisos. Podia-se ouvir as vozes mentais os perguntando se deveriam ou não ir.

– Passaremos algumas noites e cada grupo ficará responsável por um paciente. – continuou. – No final do dia, quero um relatório de tudo que conseguiram vir. Cada detalhe, mesmo que seja um piso faltando.

– Mas instrutor... – a jovem que lutava para prender os cabelos ao lápis o chamou. – Isso é realmente necessário?

– É claro! – disse indignado. – Eu não vou conseguir estar em vários lugares ao mesmo tempo e vocês serão meus olhos.

– O que ganharemos com isso? – e foi a minha vez, todos me olharam assustados, como se eu tivesse dito algo proibido ou muito idiota.

– Pensei que não ia perguntar. – o instrutor veio a minha direção sorrindo. – Ao fim da pesquisa, o Estado dará 5 mil para os estudantes envolvidos. – deixou a prancheta em minhas mãos. – A escolha é sua!

Que mal havia em visitar um Hospital com pessoas que em um futuro não tão distante eu ajudaria? Apenas estavam adiantando o meu lado. E sem pensar duas vezes assinei meu nome na primeira linha e passei a prancheta para o lado.

Ao amanhecer do dia seguinte, haviam poucas pessoas na quadra da faculdade. Algumas com malas e outras apenas com mochilas. O instrutor contava pela quinta vez o número de alunos e deixava claro o seu descontentamento, ele realmente esperava que ao menos uma turma toda de 50 alunos comparecesse.

E aos poucos os alunos foram entrando no pequeno ônibus disponível da faculdade, em média umas 30 pessoas divididas entre 19 e 40 anos. E partimos para a parte isolada da grande cidade.

FRAGMENTADO [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora