IX - ERA VOCÊ!

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– Então era você? – perguntei observando os olhos hipnotizadores a minha frente. 

– Quer saber se eu estava no seu vídeo? – fez um bico nos lábios. – Quer saber se estou mentindo? Dr. Song não lhe contou que não devemos contar mentiras? – disse como se eu fosse sua filha mais nova. – Eu vou lhe contar e você apenas me dirá se estou mentindo ou não. Cabe a você decidir no fim. – sorriu gentilmente. 

Não tirei os olhos de si. 

– O Dr. Mark Tuan estava louco, ele me machucou, você o machucou, seu amigo desmaiou. Por causa do sangue em seu corpo eu sugeri que deixasse as roupas para trás. – dizia calmamente, como se estivesse lendo um livro infantil. – Você me levou para o dormitório junto com seu amigo ainda desmaiado, nós dormimos... 

– Aonde estão as minhas roupas?  

– Eu as guardei em um lugar seguro.  

O medo passou por mim, ele estava guardando uma prova para soltar quando necessário. Um verdadeiro jogador. 

– O que aconteceu depois? – disse com firmeza como se soubesse o que viria a seguir e estivesse apenas o testando. 

– Quando acordei você não estava ao meu lado. – sua expressão enrijeceu, como um namorado ciumento. – Então voltei para o dormitório e estava tudo limpo. 

– Não haviam guardas no 1º andar?  

– O portão estava aberto e o prédio sem luz. – deu de ombros. 

Lembrei da discussão na sala do Dr. Henry, eles reclamavam da queda de luz, mas não haviam dito em que dia tinha ocorrido. Se eu estiver certa, o sistema parou na madrugada em que tudo aconteceu.  

– Você está melhor? – perguntei tentando fugir do assunto.  

– Sim, obrigado! E você como está?  

– Bem, obrigada!  

– Dr. Song está voltando. – disse rapidamente olhando para os lados. 

– Como sabe?  

– Seus sapatos fazem um barulho diferenciado e esse andar é fraco. – se inclinou sobre a mesa e segurou a minha mão. – Apenas sinta.  

Era exatamente uma batida diferente, um toque a cada dois segundos.  

– Isso é incrível! – sorri para ele.  

– Sou um bom observador. A propósito... Você é muito bonita.  

– Sinto me honrada com seu elogio. – retirei minha mão da sua. 

– Nossa conversa está chegando ao fim. Dr. Song está vindo te buscar, posso te dar uma chave?  

– Uma chave? – franzi o cenho. 

– Para uma caixa importante que precisa abrir caso as coisas deem errado para você. – disse sério. – Eu não era o único sóbrio ali, lembre-se disso. 

Me assustei ao ouvir o trinco da porta se abrir e mostrar o Dr. Song sorrindo e fazendo um sinal com as mãos. 

– Obrigada, Doyoung. – sorri. – Espero te ver em breve.  

Me levantei e poderia jurar o ouvir dizer algo como “estarei aqui”. Saí da sala o deixando com o Dr. Song.  

** 

Taeil já estava bem e de volta ao dormitório. Os médicos diziam que Sebastian não estava tendo uma melhora e que seu estado só parecia piorar. Deixei Taeil reclamando com Lucas e Tana sobre a bagunça do dormitório e caminhei até o jardim. Era preciso pensar. 

FRAGMENTADO [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora