FRAGMENTADO [Revisando]

XIX - VIZINHOS COMUNICATIVOS

– Quer comer alguma coisa? – mudei de assunto. – Pizza?

– Como nos velhos tempos. – ele riu. – Pedindo disfarçadamente para que eu cozinhe para você.

Sorri ao concordar. Como alguém que nos fez tão mal ainda pode nos fazer tão bem?

Observei Jack enquanto caminhava até a cozinha. Tirei Brian do carrinho e o levei até o quarto. Ao voltar havia uma chamada perdida no Skype. Olhei para Jack na cozinha e me assustei com o barulho da chamada de vídeo.

– Dr. Song? – me assustei ao vê-lo.

– Foi difícil contatar você. Yuta quer conversar com você e não estou em uma posição de recusar.

Sorri ao ver o quão assustado ele estava em usar o Skype, talvez fosse a primeira vez. Ele estava usando roupas confortáveis, diferente das que eu estava acostumada a vê-lo vestir. Olhava para os lados visivelmente desconfortável. Yuta apareceu sorridente ao seu lado e deu um breve empurrão no seu ombro fazendo Dr. Song levantar e sair.

– ‘Tá bonitão... – sorri para ele.

– Você parece doente.

Gargalhei, Yuta e sua linda sinceridade.

– Obrigada? – pisquei.

– Está pronto! – Jack disse da cozinha.

Yuta arregalou os olhos e formou um pequeno bico nos lábios, passou as mãos pelo cabelo e assobiou olhando para os lados.

– Como estão as coisas ai? – ignorei Jack e prestei atenção em Yuta. – Está chovendo muito?

– Um pouco, agora as coisas estão quentes. Não acha? – ironizou. – Quem está ai?

– Um velho amigo...

– Velho amigo... – repetiu sorrindo. – Posso conhecer esse velho amigo?

– Eu sou o Jack!

Me assustei quando ele sentou ao meu lado apenas de calça. Fechei os olhos e balancei a cabeça. Uma ótima hora para retirar as roupas.

– Jack? – Yuta disse sorrindo. – Interessante.

– E você, quem é? – Jack o provocou.

– Você são amigos e ela não te disse sobre mim? – Yuta fez uma cara de pena. – Sinto muito, sou o Yuta.

Era uma zona de guerra onde quem provocava mais sairia ganhando.

– Nunca soube, talvez não seja tão importante. – Jack sorriu.

– Eu quem o diga, passei noites ao lado dela e mesmo assim nunca soube de você.

Juro que tentei interferir, mas não conseguia falar. Os dois se alfinetavam o tempo inteiro.

– Que coincidência... Eu passei anos.

– Pelo jeito não foi o bastante.

Arregalei os olhos e repreendi Yuta pelo olhar.

– Meninos, por favor.

– A comida está pronta. – Jack comentou baixo.

– A comida está pronta. – Yuta repetiu fazendo careta. – Sério? O que falta agora? Vão me dizer que tem um filho e um cachorro?

O silêncio se fez presente, meu olhar foi o suficiente para que Yuta mudasse a expressão e ficasse quieto.

– Podemos conversar sobre amanhã?

– Tudo bem... – olhei para Jack e sorri. – Pode me dar um minuto?

– Para você todo o momento do mundo. – beijou meu rosto e saiu da sala.