II DEUX

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                                                                                        "Alea jacta est"


– Está tudo bem. – o instrutor me respondia e dizia palavras aleatórias para outra pessoa ao telefone. – Ele é um traidor, mas ficará tudo bem!

– Quem é um traidor? – perguntei a ele. – Instrutor, me escute e desligue este telefone.

O instrutor mais avoado, sempre fazendo mil e uma coisa ao mesmo tempo, arrumando mais do que poderia suportar e apenas para mostrar que era capaz de fazer tudo o que imaginavam que não faria.

– Depois eu te ligo, Betinho. – disse ao telefone. – Ok, mande um beijo para a sua mulher. – sentou no banco cinza do jardim e me encarou. – O que foi? Esse era o Betinho das antigas, ele jogou comigo no clube dos 70.

– Instrutor! – sentei a sua frente. – Poderia me acompanhar até a ala do meu paciente?

– Ah, então é por isso que está tão preocupada? – puxou o canto dos lábios ao formar um sorriso sacana. – Está com medo? Vamos, me diga. O que você pegou?

– TDI.

Ele tossiu e muito, tentou disfarçar algumas vezes soltando umas palavras como: "me engasguei" "saliva perigosa" "o que disse?".

– Deve haver um engano. – sorriu envergonhado. – Me dê isto, vou perguntar a gerência deste hospital. Com certeza há um engano.

O instrutor saiu carregando o telefone preto sem fio nos braços e a prancheta em uma das mãos. De longe a pessoa mais atrapalhada. Taeil passou por ele e sorriu gentilmente ao cumprimentá-lo e gargalhou ao passar por ele.

– Ele é incrível! – Taeil disse e eu concordei. – Mas e aí, o que pegou? Fiquei com um caso incrível. A mulher em que terei que estudar matou todos os familiares. – mexia sem parar as mãos ao dizer. – Todos, inclusive os primos. A ficha dela é incrível, está cheia de informações e dados, ela está aqui há anos. E você?

– Um paciente... – respirei fundo e sorri. – Alguns pacientes... Como eu deveria...?! É um pouco complicado.

– Entendo. – olhou em volta. – Estou louco para conhecer a minha paciente.

Fiquei feliz em saber que Taeil era tão interessado na própria história que deixava as dos outros em vão. Nunca agradeci tanto por achar alguém que foque somente em si.

– Cheguei! – o instrutor disse cantarolando e arrancando uma risada gentil de Taeil. – O diretor do hospital não está por aqui, está em uma viagem. Seu paciente será este mesmo. – me entregou a prancheta e um saco cheio de balas de menta. – Ajudam a acalmar...

                                                                                    **

Eu, minhas balinhas e minha prancheta fomos arrastadas para o E7 junto com Taeil, Tana, Sebastian, Lucas e um médico. O prédio totalmente branco deixava claro que aquele lugar era uma parte importante, mas diferente do P1, aquele estava com grades nas portas e janelas da frente.

O Dr. passou por nós e colocou seu dedo indicador sobre a caixa de segurança, logo pousando as mãos nos bolsos do jaleco azul escuro. As grades se abriram revelando um grande corredor escuro.

– Não se preocupem, apagamos as luzes para que durmam confortavelmente. – disse o médico. – Eu sou o Henry, levarei vocês para os quartos dos pacientes e depois para a sala de estudos.

Entramos atrás dele sendo seguidos por um barulho das portas se fechando atrás de nós. O corredor parecia extenso para um pequeno prédio de 3 andares. Ao ligar o gerador os faixes de luzes foram se acendendo aos poucos, deixando o corredor convidativo.

FRAGMENTADO [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora