XXXV - AUDIÊNCIA I

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Taeil e Sebastian foram no carro de Jaehyun. Tana e Lucas estavam no meu, dirigimos por algumas horas até a capital onde seria o julgamento de Peter Song.

O caminho seria silencioso e tenso senão fosse por uma rádio local nos indicando a temperatura ambiente, o tempo estava chuvoso depois de uma tarde ensolarada. Lucas batia levemente com os dedos no vidro para derrubar as pequenas gotas e no banco de trás Tana escrevia um relatório sobre o TCN e ditava o discurso.

E os dois acabaram dormindo depois de alguns minutos e eu liguei para Jaehyun que estava no carro a nossa frente.

– Quando eu trabalhava no Hospital Geral da minha antiga cidade tive que cuidar de dez pessoas ao mesmo tempo por causa de uma peste que atingia sua corrente sanguínea e os fazia inchar. – ele tentava ao máximo não focar no julgamento. – Foram as semanas mais agitadas da minha vida.

– Imagino! – disse Sebastian ao fundo. – Eu li um artigo que dizia ser sobre o envenenamento de um rio, algo sobre o governo fazer isso de propósito para que os moradores daquela vila morressem de uma só vez.

Me desfoquei da história e agradeci mentalmente a Sebastian por voltar de sua viagem somente para ficar conosco, mesmo depois de tudo que passou.

– Um assunto complicado... – Taeil disse baixo. – O Estado tenta de todas as formas eliminar o menos favorecido para não ter com o que se preocupar.

E eu quem havia ligado não tinha falado muito. Me concentrei ao máximo em suas vozes, talvez eu não as escutaria por muito tempo.

– Surfar no Havaí? – Taeil perguntou.

– Vamos, cara! – Sebastian se pronunciou. – Quando toda essa merda terminar iremos para as últimas férias antes do fim do curso...

Pensei na faculdade e de quão atrasada eu estava naquele momento, não contei a eles e deixei que as coisas fluíssem.

– Pensando bem, – Jaehyun suspirou. – Vou dar uma longa pausa, o Havaí me parece incrível!

– Tenho uma casa em Maui, poderíamos ir depois do Natal e passar um tempo lá.

– Cara, você é muito rico! – Taeil respondeu a Sebastian que riu.

– Rico? Nasci lá em um pequeno vilarejo na ilha e então a minha família foi criando territórios...

– Queria ter nascido em uma ilha bem isolada. – minha voz saiu depois de um longo tempo.

– Podemos morar em uma se quiser.

Quase me engasguei com a saliva, não pude deixar de sorrir ao imaginar Jaehyun morando em uma ilha.

– Podemos.

– Clima. – Lucas disse ao meu lado.

– Climao! – Tana bocejou atrás.

– Estamos chegando. – Jaehyun nos avisou. – Vou pegar a direita porquê tenho que passar em um lugar antes, nos vemos no auditório. – desligou.

(...)

Estava no banheiro com Tana e ao me olhar no espelho pude ver claramente o cansaço visível em meu rosto, os olhos quase fechando e o rosto inchado.

– Você continua linda!

Tana parou ao meu lado e se apoiou na pia, suas tranças estavam chegando em sua cintura e seu rosto mais lindo do que nunca.

– Como consegue? – a perguntei e ela sorriu.

– Aguentar o Lucas?

Sorri e assenti.

FRAGMENTADO [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora