XXVI - CASO PERDIDO

247 39 6
                                    

◇ O Quinto Passo ◇

A área isolada da cidade composta por becos e vielas, crianças corriam de um lado para outro brincando do que julguei ser pique-alto. Não havia muitas pessoas ali, contando com as 5 crianças, só haviam 3 adultos.

Não lembro como, mas foi rápido, sem pensar duas vezes eu já estava dentro de uma das casas, sentada no sofá e tomando um chá com uma mulher linda. A voz dela fazia com que meu corpo reagisse de forma rápida e eficaz, ela sabia bem como usar o dom que Deus lhe deu.

– Como eu disse... – ela se inclinou e sorriu. – Doyoung foi uma pessoa interessante, mas não tinha o que eu queria.

– Como não? – o nosso tom continuava calmo e sereno, como duas pessoas conversando sobre o clima em um jardim. – Você tirou dele informações importantes.

– Não chamaria aquilo de importante, querida. – deu um breve sorriso. – Doyoung pode parecer fácil de manipular, mas foi ele quem me usou.

– Como ele fez isso?

– Veja aonde estou. – olhou em voltar do cômodo sujo e bagunçado. – Se isso aqui não é o inferno, eu não sei onde. Ele me passou informações, me fez ganhar dinheiro com elas e com isso as coisas foram piorando. Imagine uma menina de 15 anos andando armada.

– Não foi o que ele me disse.

– O que foi então? Que ele me viu com outra pessoa dizendo que foi fácil manipular ele? Que alguém o contou que eu estava o usando? – deu de ombros. – Eu já ouvi inúmeras versões desta história. Mesmo que não acredite, presumo que o conheça a tempo suficiente para saber que ele odeia ser manipulado.

Se apenas Doyoung me contasse essa história, eu poderia, facilmente, acreditar nessa versão. Mas a voz era de Taeyong, foi ele quem me disse que Doyoung se tornou um grande manipulador após o relacionamento.

– Ele pode ter te manipulado, mas você teve grande participação nesta história. – coloquei o copo sobre a mesa e a encarei. – Você o fez acreditar que era inútil e que não tinha valor. Logo quem?! – sorri. – A pessoa mais especial, você acabou com ele e despertou uma coisa bem ruim. Não deveria mexer com algo que não aguente. Sei que com a informação dele você ganhou muito dinheiro e graças ao meu Do, as suas drogas estão sempre em dia. Sei também que tem homens me esperando do lado de fora para que caso você dê um sinal eu morra. Então, linda. Atrás dos seus homens há uma mulher e seu marido, duas pessoas que poderiam nos matar de longe. Você conhece Boo? La Peste?

– Se você fizer um mínimo movimento, eu quebro seu crânio. – rangeu.

– Para a nossa sorte a Boo está muito longe daqui e isso me dá uma vanta...

Antes que a minha última fala viesse a sirene tocou, homens de farda entraram na casa de imediato apontando suas armas para a ex namorada de Doyoung. Eu não sabia o nome dela, isso não me interessava.

– Você está presa por tráfico de drogas e por comandar uma facção de criminosos. Tem o direito de permanecer calada! – o delegado a disse.

Sorri para a linda mulher enquanto seus braços eram jogados para trás. Antes de sair cochichei pela última vez para ela. “ninguém sobrevive só com informações alheias.”

**

E como toda ação tem uma reação, a minha chegou um pouco depois.

Me encontrei com Jack e tive o prazer de rever Jae. Estávamos na Praça tentando ter uma conversa civilizada.

– Então me deixará ver Brian?

– Esse é o acordo, Jae. – disse o encarando. – Poderá vê-lo, porém apenas quando eu quiser.

FRAGMENTADO [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora