XI - COMPASSOS

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O horário do almoço foi calmo, Dr. Johnny esteve ao meu lado até que o prato cheio de legumes estivesse totalmente vazio. Ele exigiu que eu mastigasse por dez segundos antes de engolir e se eu tentasse reclamar ele dizia que era ordens do Dr. Song, e como sou uma ótima aluna, obedeci.  

Sem acesso a nenhuma tecnologia o quarto estava realmente entediante, para passar o tempo comecei a contar as listas coloridas na parede e ao fim foram 14 azuis, 13 brancas, 12 rosas e 11 amarelas.  

– Ei!  

Me virei para o lado e Taeil estava em pé sorrindo. 

– Estou te chamando faz tempo. – balançou a cabeça. – Não percebeu?  

Neguei, fechei os olhos agradecendo aos céus por ele estar ali. 

– Chega para lá, quero deitar também.  

Me movi para o lado esquerdo e Taeil deitou a minha direta. Se aproximou e me abraçou apoiando a cabeça em meu ombro.  

– Estava com saudades. – choramingou. – Sentiu a minha falta?  

Toquei suas costas duas vezes com o dedo.  

– Falei diretamente com o Dr. Song, ele permitiu a minha entrada. – sorriu. – Ele estava andando com seu amigo, ele é o seu paciente? – levantou a cabeça para me encarar e eu assenti. – Oh, Taeyong, certo?  

Dei de ombros e neguei. 

– Isso é confuso, mas irá me explicar depois certo? – assenti. 

Taeil estava um pouco avoado no dia em que te contei sobre o caso de TDI, provavelmente não fazia ideia do que estava acontecendo. 

– Sonhei com você noite passada... Ah, tenho dormido na sua cama, fica mais fácil de levantar. – suspirou. – Enfim, sonhei que estávamos andando pelo campo e ao passarmos as folhas murchavam, depois a tempestade chegou e a plantação ficou abaixo d’agua.  

O apertei em meu braço. 

– Foi horrível... Na manhã em que saiu atrás do Dr. Johnny, passamos a tarde inteira te procurando, andei em cada canto deste Hospital, mas você não estava aqui. Foi horrível! Uma sensação de perda e uma dor forte. Pensei que não voltaria.  

Taeil era sentimental, mas escondia seus sentimentos, pelo menos tentava. Senti suas lágrimas molharem meu ombro. Me virei devagarinho e beijei sua testa.  

Dr. Song poderia brigar, mas eu precisava falar.  

– Tudo bem... – minha voz saiu rouca e baixa. – Agora eu estou aqui. 

Taeil levantou sorrindo e se jogou me abraçando. Dei umas tapinhas em suas costas e ele se levantou sorrindo. Estava me esmagando. 

– Se Dr. Song souber que está falando por minha causa ele me expulsa... – Taeil colocou as mãos na cabeça. – Shi... Não diga mais nada! 

Sorri e assenti. Ele passou a tarde inteira comigo, saindo apenas para que a enfermeira me desse o banho. Cantou, jogou, contou histórias, falou do Lucas e da Tana e por fim de sua paciente. 

– Faço parte do E5, parece que os prédios são divididos de acordo com o perigo. Lembra quando te deixamos no E7? A Dra. Moon me acompanhou até o E5 e me contou sobre os prédios. Ela me disse que o TCN é uma empresa privada com uma certa parceria com o Governo. – ainda sentado à minha frente ele mexia em mãos entusiasmado. – Dr. Kim, um homem sul coreano, abriu um hospital para cuidar de todos os tipos de mentes. Ele era psiquiatra e acreditava que toda mente conturbada havia cura. O Governo se interessou e ficou de olho nas pesquisas do Kim, cada passo e ação, até ajudaram na construção do TCN. Porém Kim queria que tudo fosse do seu jeito e não aceitou que o Governo opinasse em suas obras. Dra. Moon disse que anos após a construção, o Hospital faliu e Dr. Kim se viu sem chão, mas o Governo se apresentou para ajudá-lo com uma parceria.  

FRAGMENTADO [Revisando]Onde histórias criam vida. Descubra agora