Deixo ao silêncio.

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Deixo ao silêncio
O ter que explicar quem eu sou!
Entendo disso tanto quanto me parece vaga
A solução de um teorema.

Sei confiadamente
Que alguma razão há neste enigma,
Mas sequer me importa explicá-lo.

Gosto dos seus extremos,
Gosto do seu contexto...
Detesto a pretensão pálida
De querer me enxergar a mim mesmo.

Parece melhor surpreender-me
Nas esquinas do labirinto que criei
Do que, com uma frase tola e lúcida,
Apagar-me a luz da loucura.

Há mesmo algo de insano nisso
Que parece envolver minha mente:
Pois quero apenas acreditar
Que um sonho não é um crime mortal.
Quero apenas deixar que você me veja
Sem que pareça que eu saiba de algo sobre isso afinal.

E assim apenas deixar que minhas palavras
Te levem a questionar o enigma.
Quando te oferecer incertezas!
Não quero que repouses
No aconchego de uma noite amena,
Mas que tenhas algum tipo de medo,
Como uma criança insone,
Imaginando monstros sob seu leito.

E então compreenderás quem eu sou...
Nada se parece mais comigo
Do que o paradoxo.
Tanto quanto nada é mais distante do que eu sou
Do que o medo com o que embato
E contra o qual obtenho vitórias ou sucumbo.

Nada se parece mais comigo
Do que a contradição...
E é por isso que, mesmo quando tudo é silêncio,
Algo vago nos meus movimentos
Dá conta de quem eu sou...
E assim me escondo atrás de enigmas
Ofuscando com a minha fantasia
O meu temor...

Prelúdio às VisõesOnde histórias criam vida. Descubra agora