Feiticeira

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Em negra noite, conheci.
Tão pouca luz havia ao redor de sua boca
Que a beijei como se pudesse ter em mim
Infinitamente sua alma toda.

Ah, perdi-me em amá-la,
Perdi-me em saber que ela existia.
Tornei-me tudo e nada,
Sem noção alguma do que nos dividia.

Tomei-lhe a face em minhas mãos
E me senti sem carne e nu, sem vida.
Apenas alma em pura adoração,
Apenas vulto em alegria.

Como te amo, feiticeira!
Com tuas formas tão divinas e humanas.
Quero teu corpo que vagueia
E o quero na tua nudez plena e branca.

Desata logo o nó de teus cabelos,
E deixa, pois, enquanto os acaricio,
Que entre os vão de meus dedos
Enlinhe-se cada um de seus escuros fios.

Por fim, ante teu colo desvelado
À visão devota de meus olhos,
A prescindires de teus votos,
Convida-me para o derradeiro abraço...

Em tão negra noite, eu te conheci.
E de imediato, amei sem noção de fim.
Fiz-te qual minha própria razão
E a obsessão de meu frágil coração.

Fiz-te assim o meu sentido
E por ti agora é que nas trevas
Eu caminho.

Prelúdio às VisõesOnde histórias criam vida. Descubra agora