Capítulo 2

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(Dylan na mídia )

"Hoje vai ser um longo dia , minha querida. Acredita que colocaram uma auxiliar para me encher?
Já não basta o meu bendito bloqueio criativo e agora isso! Estou quase desistindo disso tudo para ser sincero. Como querem que escreva algo com um final feliz? Se nem para fazer com que ele acontecesse em minha vida, eu tolo consegui.
Tudo isso é culpa sua! Não vou cansar de dizer isso aos quatro cantos da terra. Ao perguntarem de você, responderei que foi a pessoa mais egoísta que tive o desprazer de conhecer. Uma mulher fria, que faz você acreditar nos seus sonhos. Para que depois, sem aviso ou permissão, lhe tirar tudo. O deixar abandonado, sem nenhum abrigo e com a alma destruída. Espero que você fique feliz em saber que tirou o resto de humanidade que ainda restava dentro dessa carcaça que vulgo ser o meu corpo.

Toppson,Dylan."

Fechei o meu caderno, na mesma hora em que Karen entrou acompanhada de uma moça. Abri a boca para falar algo, mas ela foi mais rápida.

— Eu poderia ter batido, mas preferi lhe dar esse susto. — ela fala antes de meu protesto.

Eu estava tão curioso em saber quem era aquela moça, que nem percebi a brincadeira que ela tinha feito.

— Esta é Sabrina, sua auxiliar. — ela esperou que eu sorrisse, ou estendesse a mão.

Mas não iria dar-lhe este gostinho.

Karen deu um longo suspiro, e sussurrou:

— Tem certeza que quer continuar? —
A menina apenas assentiu.

— Precisamos rever o RH, Karen. — resmunguei.

— Por favor, Dylan! — tentou manter a calma.

— Mesmo com a minha pouca idade, posso lhe assegurar que não vou desapontá-los com essa oportunidade que estão me dando. —  a garota fala um pouco nervosa.

Que ótimo! Ela fala.

— O inferno está cheio de promessas sabia? — lanço. Dei meu melhor olhar provocativo.

— Assim como o céu está cheio das que a cumpriram. — murmura  sem me olhar.

— Vejo que encontrou alguém do seu nível, meu amigo. — Karen sorri triunfante.

Depois dela sair, Sabrina ficou parada na minha frente analisando cada movimento que fazia.

— O que foi garota ? — eu estava sem paciência.

— Só estou esperando o senhor passar as orientações. — declarou.

— Eu tenho cara de gerente? Se você tiver algum problema em aprender sozinha, podemos lhe escrever uma carta de recomendação para quem sabe... — faço uma pausa. —Trabalhar de garçonete?

Ela fica estática, sua cor muda para branco papel.

— Não irei mais incomodar senhor. — ela fala já da porta.

Pelo menos, daquele problema eu havia escapado, por enquanto.

(...)

Caminhei pela calçada da rua Castelo. Da esquina eu já conseguia ver a casa amarela, com uma sacada que se destacava das outras.
Entrei e coloquei minha bolsa sobre a mesinha ao lado da porta.

— Finalmente chegou! — minha mãe exclamou  segurando meu sobrinho no colo.

— Estou sem o carro. — falei pegando Enzo dela.

Ela entendeu que eu não queria conversar e me deixou sozinho.

Caminhei até o sofá, a TV já estava ligada e meu pai concentrado no canal de esportes. Ele deu uma olhada para o lado e logo voltou a prestar atenção na tela a sua frente.

— Ei filhão, tudo bem? — ele resmungou quando eu sentei ao seu lado.

— Sobrevivendo. Quem ganhou hoje ? — falar com o meu pai era algo que eu realmente não tinha o dom.

— Acredita que Roger escalou Sebastian? — ele pergunta indignado. — Esse técnico irá acabar com o time!

Apenas concordei. Eu não sabia quem sequer era Roger.

— Então, não vai nos contar o que aconteceu? — minha mãe se senta na poltrona.

Aquela mulher conseguia ler minha expressão, por mais que eu tentasse esconder.

— Não aconteceu nada. — dei de ombros. — Apenas o trabalho.

— Até agora não consigo entender porque você escolheu uma profissão como essa. — meu pai resmungou.

— Se você tivesse lido ao menos um dos meus livros, saberia o porquê. — falei e ele me olhou nervoso.

Desligou a TV e se levantou do sofá.

— Você está dentro da minha casa, eu exijo respeito Dylan. — fala saindo da sala.

Eu apenas continuei brincando com Enzo em meu colo.
Minha mãe analisava cada movimento meu.

— O que foi? Vai falar algo também? — ela continuou em silêncio. — Acho que deveria ir embora.

— Pois vá ,Dylan. Fuja, como você sempre faz. — ela me desafiou.

Tentei ficar calmo, não era a minha intenção brigar com ela.

— Não entendo o porque disso.

— Você entende. Não é burro, se fosse não estaria discutindo comigo.

— Não estou discutindo. Mas, não sou obrigado a escutar coisas.

— Que coisas? — ela indaga.

— Eu sei o que está tentando fazer, e garanto que não irá conseguir.

—  Conseguir o que? Que você admita que está ferido? Que está fugindo?

Aquelas palavras, pareciam tiros em mim. Senti minha garganta fechar como se meu ar acabasse.

— Eu não quero mais sentir isso. — resmunguei  com a cabeça baixa.

— Sentir o que? Conte para mim, eu vou te ajudar.

Aquela frase não fazia nexo.
Ela não conseguiria me ajudar, ninguém conseguiria.
Ninguém estava sentindo aquilo, por mais que eu quisesse enfiar minhas mãos no meu peito e arrancar tudo aquilo, eu não conseguia.
Lutar contra mim mesmo, contra tudo aquilo que eu acreditei um dia, não estava me levando a lugar algum.

— Mãe, não me leve a mal, mas você não pode me ajudar. — dei um sorriso amargo.

— Eu lhe avisei que àquela garota seria sua ruína.

— Acredita que agora é hora pra isso? — falei ríspido.

— Se você tivesse me ouvido, não estaria nesse estado agora. Olhe para você. Ela acabou com o garoto sorridente e sonhador que existiu um dia.

— Escuta mãe, a última coisa que eu preciso é ouvir você falar que eu errei. Mas, se faz tanta questão de ouvir eu digo... — Fechei os olhos contando até dez mentalmente. — Eu errei e não me arrependo disso.

Ela deu um sorriso irônico e pegou Enzo dos meus braços.

— Você não aprende nada, nunca aprende.

Depois disso resolvi que não seria uma boa ideia ficar para o jantar. Voltei para a minha casa. Onde a única coisa que eu tinha que enfrentar era à mim mesmo e meus pensamentos.

Meu Querido Amor - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora