Capítulo 13

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           Não tive muito tempo para pensar, a porta se abriu e logo pude ver um sorriso se iluminar.

— Você veio! —ela falou sorrindo, como se não esperasse que eu fosse aparecer. Eu também não esperava.

— Sim. — falei colocando uma das minhas mãos sobre o meu pescoço. — Como soube que eu estava aqui? — tentei me tranquilizar.

— Vi uma silhueta pela janela, imaginei que fosse você. — ela mexeu os ombros. —Entre. —  deu espaço para que eu passasse.

A casa de Sabrina era bonita, tanto por fora quanto por dentro.

Logo ao entrar olhei as escadas, na parede havia fotografia, imaginei serem dela com sua mãe quando criança , fotos tiradas em momentos únicos que sua vida. E, toda vez que ela passasse por ali suspirava ao relembrar do momento registrado.

Sabrina  pegou em minha mão e me levou até a sala, ela era maior que a do meu apartamento. Me surpreendi quando vi no canto escuro e pouco iluminado uma estante repleta de livros, sentei no sofá ainda encarando a estante.

— Sabrina, quem é? — ouvi uma voz fraca atrás de mim , me virei para olhar.
Era uma mulher de meia idade, usava um vestido florido de cor vermelha, seus cabelos eram da cor que o de Sabrina, mas eram enrolados na ponta, seus olhos eram claros, mas fundos, com olheiras enormes.

— Esse é Dylan, mamãe. — ela se levantou, a mulher cruzou os braços e lançou um olhar para Sabrina. — Dylan, essa é minha mãe Alice. — estiquei minha mão e a mulher me cumprimentou.

— Eu vou estar no meu quarto, não faça nada que eu não aprovaria Sabrina. — ela disse antes de virar as costas e subir as escadas. Logo depois, ouvi uma porta bater com violência.

Talvez eu não fosse bem-vindo naquela casa.

— Desculpe por isso — ela disse se sentando ao meu lado. —Não recebemos muitas visitas e minha mãe, como pode ver não tem um dos melhores humores aqui. — ela fez uma careta.

Me encostei no sofá e me virei para olhar seu rosto.
Sabrina havia o cortado, só agora percebi isso. Ela havia feito uma franja que cai sob seu rosto, seu cabelo estava com um bagunçado natural, a cor dele era linda. Ela estava usando batom ?

Ao notar que eu estava analisando seu rosto, suas bochechas coraram e ela desviou o olhar para a estante.

— Gosta de ler, então? — perguntei indo até a estante e pegando um livro.

— Helena destruiu o coração de Estácio. — falei entregando o livro em suas mãos.

— Não foi uma escolha dela morrer, Dylan. — ela defendeu.

— Mas foi a intenção dela acabar com a vida de Estácio?

— Você está misturando tudo. — ela gargalhou e colocou o livro de volta em seu lugar.

O livro era de Machado de Assis, contava a história em terceira pessoa, onde o Conselheiro do Vale ao morrer deixou um testamento alegando que tinha uma filha não assumida de nome Helena, seu filho Estácio recebeu a notícia sem muita revolta. No decorrer da trama Estácio se apaixona por Helena e descobre que ela era filha criação do Conselheiro do Vale. Mas, a garota adoece deixando Estácio desolado.

O livro termina com uma frase dele:

"Perdi tudo, padre-mestre! — gemeu Estácio."

Nos livros sempre fala-se de amor, e o amor é tão diferente do da vida real.
Na vida real ele pode te destruir, nos livros ele é romantizado, doce e leve.

Ah, o amor, ele é trágico.

Estávamos saboreando a sobremesa já. Sabrina às vezes me perguntava algo sobre minha família ou se eu estava bem, eu apenas respondia que sim ou balançava a cabeça em sinal de positivo.

— Semana que vem já é minha formatura. — ela falou ao colocar suco em meu copo. — Sabe, eu gostaria que você fosse. — disse tensa e dando um pequeno sorriso. — É claro que se você tiver outros planos não precisa ir. Não irei ficar chateada ou algo assim.

Eu a olhei. Ela estava tentando parecer que não se importava com a resposta que eu fosse dar, mas no fundo senti que ela estava se importando, ela se importava comigo.

Ela estava sendo uma ótima amiga, se não a melhor que já tive.

— E por que eu não iria? — indaguei e ela levantou o olhar.

— Eu não sei. Talvez você tenha algo melhor para fazer. — ela deu de ombros, dando um pequeno sorriso.

— Eu não perderia isso por nada, se você quer saber. — sorri para ela, mas a menina ainda me fitava. — Eu fico muito atraente de terno — ela gargalhou. — Pelo menos foi o que minha mãe me disse. — fiz uma careta.

— Você é incrível, sabia? — ela sorriu, foi inevitável não sorrir de volta.

Meu Querido Amor - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora