O amor era um sentimento que poderia lhe quebrar para sempre. É óbvio que nem todo amor é sufocante e destrutível. Existem amores de mãe, por exemplo. E esse eu lhe digo que será o único que você receberá verdadeiramente.
O amor não existe, acredite em mim quando digo isso. Se o amor realmente existisse eu não estaria aqui, parado na frente do espelho me perguntando o que eu havia feito de errado para merecer tamanho castigo.O meu livro já estava sendo finalizado, daqui à algumas semanas eu estaria de frente para uma fila enorme dando autógrafos e fingindo uma felicidade falsa. Ela seria tão falsa que poderia até ser palpável. Não ache que estou sendo dramático ou algo do tipo, talvez um pouco, escritores tendem à exagerar, mas acredito que eu não me encaixe nesse tipo, estou certo?
— Dylan, eu só queria saber onde você coloca as toalhas dessa casa? — Sam apareceu na porta.
Essa semana ela teria que ficar na minha casa. Eu disse para ela que seria mais cômodo ficar com meus pais, só que ela insistiu em vir para cá, afirmou que ficaria perto do trabalho e no centro, onde evitaria pegar ônibus lotado e filas de metrô.
— Na última gaveta do armário. — olhei para ela pelo reflexo , ela estava analisando meu rosto de braços cruzados.
Era estranho ver Sam calada. Na verdade ela nunca fica calada. E aquilo estava causando um desconforto enorme em mim.
— O que foi? — disse por fim. Ela tombou a cabeça para o lado, seu corpo se apoiou na parede.
— Comigo? — ela perguntou com a voz de dúvida. Acenti que sim. — Nada. — franziu a testa. — E com você?
Suspirei.
Era isso. Ela sabia que eu não estava num bom dia, e faria de tudo até que eu contasse algo.
Mas, a questão é que nem eu sabia o que de fato estava sentindo naquele momento.— Por que a pergunta?
Ela saiu de seu lugar e caminhou lentamente até onde eu estava. Tocou meu ombro sutilmente, o apertou de leve. Como uma forma de tentar me confortar. Ao olhar para ela , a mesma estava com um sorriso terno, repleto de ternura.
Me perguntei se era a minha irmã ou um clone, ela nunca havia agido de tal forma comigo antes.— Eu sei que está sendo difícil — ela falou de forma lenta. — , sei também que nossos pais não estão ajudando nenhum um pouco. Só que se você precisar de ajuda, eu estarei aqui. Você sempre esteve aqui quando eu precisei, então farei o mesmo. Mas, por favor, não fique assim, não afaste todos que querem o seu bem. — ela falou com os olhos marejados.
Minha maior vontade era sair daquele quarto, meu corpo não estava obedecendo meus comandos. Eu sempre fugia, fugia quando me sentia ameaçado ou atingindo emocionalmente.
— Eu vou ficar bem. — disse tentando me livrar daquela situação. — Isso não irá me matar, acredite. — me afastei de seu toque.
Ela entendeu o meu sinal e se afastou também. Mesmo assim, continuou falando.
— Você vai se afastar de tudo?
— Do que está falando? Eu não me afastei de ninguém.
Ela bateu o pé, agora sim eu estava vendo a Sam que conhecia desde sempre.
— Todos ou todas que quiserem te amar, você irá afastar. Eu te conheço como a palma da minha mão. — eu me segurei para não gargalhar.
— Amar? — repeti rindo. — Olhe para mim Sam, você acha que eu tenho condições de ser amado?
— Sim. — ela falou ríspida. — Todos tem, Dylan.
— O amor machuca, ele só é lindo em livros e filmes.
— Você não era assim... — ela falou deixando a frase incompleta.
— Eu também não era um idiota que só escreve porcaria, mas olha só — abri os braços dando ênfase. — , aqui estou. — completei.
— Quando acabar machucando alguém com essas atitudes , não me procure dizendo que eu estava certa. — ela saiu irritada do meu quarto.
Esse era o mal das pessoas, elas nunca gostavam de ouvir aquilo que era a verdade. Elas também não gostam que você discorde de algo que elas acreditam ou fazem.
Me deitei na cama, não iria sair de casa hoje, eu não queria ser bombardeado novamente.
Pensando bem, ficar deitado não iria ser algo muito produtivo. Talvez eu dedicasse meu tempo assistindo à um seriado em um desses canais pagos, poderia também, sair para correr, o que não faço à séculos — desde o pequeno abandono.Eu poderia ligar para a minha mãe e pedir que ela viesse aqui para irmos comer fora. Eu poderia fazer muitas coisas, mas mesmo assim ainda iria me sentir vazio e incompleto.
Poderia estar rodeado de pessoas, pessoas das quais eu goste de conversar, mesmo assim ainda me sentiria mal.
Pulei da cama e caminhei até a minha mesa. Sentei e puxei a gaveta. Constatei que ela estava uma bagunça. Procurei entre os papéis o meu caderno, depois de muito trabalho o encontrei.
A dúvida era se eu deveria ou não escrever naquele maldito caderno, minha atenção foi roubada ao ouvir o bip do meu celular e ao ler a mensagem que acabara de receber."Precisamos conversar."
Sabrina.
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Meu Querido Amor - Completo
RomanceDylan acreditava amar sua ex, ele escrevia cartas para ela quase todos os dias. Ele ainda a amava mesmo se negando. E aquilo machucava o rapaz. As cartas que Dylan escreveu não foram lidas por Eloah - sua ex - mas sim por Sabrina. Sabrina se tornou...