Meu Querido Amor - Completo

Capítulo 8

    Por algum motivo Sabrina estava me ignorando há três semanas. Eu estava realmente chateado, já que ela era a única pessoa qual eu conseguia ter um diálogo. Ela estava fugindo de mim como o diabo fugiria da cruz e isso com toda certeza estava me irritando profundamente.

— Onde está aquela princesinha que trabalha com você? — Scott se senta à minha frente e sorri maliciosamente.

Scott era o editor dos meus livros, eu e ele tínhamos um vínculo que não passava do trabalho. Ele era mulherengo e todos sabiam. Ano passado Karen teve que obrigá-lo a ir procurar ajuda porquê o mesmo estava dando  em cima de todas as mulheres da empresa.

— Quem? — finjo não saber à quem ele estava se referindo.

— Ora, não se faça de bobo. — ele riu e chamou a garçonete. — , imagino que já deva ter dado em cima dela, certo?

Eu o encarei.

Como alguns homens poderiam ser tão fúteis e idiotas?

— Errado! — falei sério.

Aquele não era o meu melhor dia e ter que aturar Scott não seria algo fácil, acredite.

— Então ela está livre? — sua feição mudou para uma careta de pervertido que poderia ser notada à quilômetros.

— Sim. — dei de ombros, mas o olhei diretamente para ele. — Menos para caras como você. — conclui e seu sorriso se desfez.

— O que tem de errado comigo?

— Tudo? — retribui a pergunta.

— Impossível! — rebateu. — Uma vez, a Stephany ex minha, disse que eu era o cara mais perfeito que ela havia conhecido. — se gavou.

— E isso foi antes ou depois de tê-la traído?

Ele ficou alguns segundos calados, logo a garçonete trouxe nosso almoço e acabamos não voltando a tocar no assunto.

Para mim sempre foi difícil conversar abertamente com outras pessoas, até mesmo com minha mãe. Quando me apaixonei pela primeira vez eu não sabia o que fazer, se talvez eu dissesse o que estava acontecendo para os meus pais, possivelmente poderia dizer que na adolescência namorei uma líder de torcida. Mas, a verdade é que paguei o maior mico, o pesadelo de todo garoto. Eu escrevi um poema.
É, eu sei, algo bem esquisito e talvez brega. Só que para mim, ela iria se apaixonar instantaneamente, ao perceber os meus dotes na escrita e o meu lado meigo, que pelo resto do ano, foi visto como gay demais.

— O que vai fazer amanhã a noite? — corri para alcançar Sabrina.

Ela entrou no elevador, parecia que não iria responder a minha pergunta.
Será que eu havia falado algo idiota?

— Está falando comigo? — ela perguntou confusa.

Seu rosto estava levemente corado. Eu consegui ver algumas olheiras. Talvez ela não teve uma boa noite de sono. Se fosse mais próximo iria perguntar se ela havia dormido bem, mas não me atreveria àquilo.

— Sim. — joguei as mãos no ar. Eu queria parecer indiferente caso ela dissesse que não aceitaria meu convite, era evidente que estava ansioso , mas iria tentar a todo custo evitar parecer. — Tem um restaurante que eu gostaria de ir, sabe , sem preços exorbitantes e etc.

— Seria uma ótima ideia. — ela sorriu.

Eu ficava me perguntando como Sabrina conseguia sempre transmitir essa alegria. Seu sorriso era lindo, não era de se espantar que pertencesse a uma garota mais linda ainda.

As portas do elevador se abriram e  mais uma vez tive que correr para alcançá-la.

— Antes de irmos jantar — ela parou e me encarou.

— Eu não aceitei sair com você. — ela respondeu ríspida.

Fiquei sem reação. Senti meu maxilar ficar rígido.

— Eu achei que aquilo fosse um sim. — tentei soar indiferente.

— Não. Não foi. — ela respondeu. — E eu espero que nossa relação não passe do profissional senhor Dylan.

— Eu não entendo — antes de terminar ela me cortou novamente.

— Eu não quero que ache que sou uma garota idiota o suficiente para ser manipulada, conheço caras como você, que se fazem de coitado para conseguir o que querem. — ela disse começando a andar.

Fiquei parado no meio da calçada, vendo ela sumir entre o mar de pessoas que vinham e iam, elas pareciam ondas que estavam praticamente na mesma intensidade.

    Não fazia ideia do que acabara de acontecer, mas aquilo havia machucado o que estava restando da humanidade que eu, puro idiota ainda estava guardando comigo.