Capítulo 16

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"As coisas realmente parecem estarem se encaixando agora. Eu não sinto mais aquela vontade louca de sair procurando Eloah em cada esquina, buscando um sinal de onde ela esteja. Acho que enfim pude me ver livre deste sentimento sufocante e viciante.
Eu pensei em parar de escrever, mas para quê?
Eu gosto de escrever neste caderno, é como que se ele fosse o detentor dos meus maiores segredos, aqui, nessas linhas existe um Dylan que ninguém conhece, e que era um total mistério até mesmo para mim.

Faz duas semanas que eu e Sabrina não nos vimos, é claro que trocamos algumas mensagens, ligamos um para o outro. Ela agora está sofrendo de insônia, então toda noite ela me liga para saber como foi meu dia. Nós acabamos passando a madrugada conversando. Ela é surpreendente.

Eu poderia jurar que ela é perfeita.

Sem nenhum defeito, nenhuma imperfeição.

Seus olhos são como uma espécie de ponte para um mundo desconhecido, um lugar que eu adoraria conhecer.

Eu não me imagino mais sem os seus sorrisos iluminando meu dia, ou suas mensagens de "bom dia", ela era uma pessoa tão maravilhosa.

Me pego perguntando se o mundo merece uma garota como ela.

Eu mesmo, já desisti várias vezes de dar o meu melhor ao próximo, as pessoas sempre vão te machucar.
Até mesmo seus pais, irmãos, primos. As pessoas que dizem que sempre estariam ali para você. É difícil dar o seu melhor com todo o peso do mundo.

E o que eu estou escrevendo está tão confuso que até mesmo eu não consigo entender.

Mas,  você já sentiu aquela vontade desconhecida de escrever? Mesmo que isso tenha sido uma porcaria, eu estou mais leve.

Leve o suficiente para enfrentar esse dia.

Toppsom, Dylan."

Procurei um casaco para vestir. Hoje o dia seria frio e nublado segundo a repórter.
Eu queria ir à uma padaria próxima comprar alguns pãezinhos quentes e um café bem forte.

Encontrei um casaco preto, abri o zíper e o vesti.

Analisei a casa antes de sair, talvez eu devesse mandar pintá-la?
Poderia pensar nisso depois , agora não era o momento mais indicado.

A rua estava abarrotada de pessoas.

Era incrível como todas as pessoas pareciam tão ocupadas falando em seus celulares, gesticulando, apressadas e sem tempo para viver.
Eu era uma pessoa assim?
Provavelmente.

Antes de entrar no estabelecimento, vi um garoto que estava triste na porta. Ele poderia ter algo em torno de 10 anos ou menos. Era magro, seus cabelos estavam grandes demais para eu conseguir enxergar seus olhos. Ele estava com um casaco surrado, estava encolhido. Talvez de medo, talvez de fome. Ou poderia ser as duas coisas.

Entrei ainda me perguntando o que poderia fazer para ajudá-lo.
Olhei para a porta, para constatar que ele ainda estava lá.

— Bom dia, no que posso ajudar? — uma moça morena apareceu sorridente no balcão.

Aquele menino, o que ele fizera para ser deixado assim?
Sua mãe poderia estar atrás dele ou ela era quem o mandava embora?
Várias hipóteses se formavam na minha mente.

— Oi. — falei me sentando ao lado da criança, ela deu um pulo. Finalmente consegui enxergar seus olhos, eles eram escuros, ele deu uma olhada desconfiado para mim e eu sorri. — Está frio, não é mesmo?

— S... Sim. — ele disse desajeitado.

— Eu estava ali dentro , e acabei comprando muita coisa. — disse e ele me olhou intrigado. — , eu acho que não posso comer isso sozinho. — falei por fim. — Você aceitaria dividir comigo ? — perguntei e ele sorriu animado.

Aquele garoto que o nome para mim era o mistério, agora possuía um. Ele se chamava Carlos, tinha 10 anos, estava animado pois sua avó finalmente saiu do hospital. Estava preocupado, pois estava chegando o aniversário dela, e ele não sabia o que fazer para presenteá-la.
Era uma criança, com problemas de criança.

Por um instante eu senti falta de ter problemas como este.

— Onde estão seus pais? Posso te levar até em casa, é perigoso andar sozinho por essas ruas. — ele levantou apressado e disse que não precisava. Ele saiu praticamente correndo sem olhar para mim.

Puxei meu capuz, coloquei minha mão livro no bolso do casaco.

Ao entrar no edifício, olhei para o senhor Durval — porteiro — que respondeu o meu gesto com um olhar desconfiado.

Dei de ombros.

Fui em direção ao elevador.

Mas meu trajeto foi interrompido por uma voz me chamando e alguém segurando meu braço.

🌕

Não se esqueçam de deixar aquela estrelinha SZ

Meu Querido Amor - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora