Capítulo 19

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     O sol estava escondido atrás de uma novem densa.

Eu conseguia ver que hoje seria um bom dia, tirando tudo que havia acontecido nos dias anteriores.

Hoje seria a divulgação do meu livro.

Poderia me ver diante das pessoas, que olhavam por cima dos ombros para julgarem sobre o autor ser "novo" ou "inexperiente".

Senti meu celular vibrar, deslizei a tela de bloqueio.

"Boa sorte hoje! Estarei ansiosa."
Sabrina.

Era Sabrina.

Sorri.

"Espero mesmo que você esteja. Estou tão nervoso que poderia sumir neste mesmo momento!"
Dylan.

Demorou alguns segundos para a mensagem ser entregue. Ela ficou algum tempo digitando.

Eu odiava a espera. Ela era torturante, mesmo que não estivéssemos falando sobre algo sério.

"Bobagem! Tenho certeza que se sairá bem."
Sabrina.

Vamos lá Dylan.

Caminhei até a portaria, senhor Durval estava lendo atentamente seu jornal. Ele estava com uma ruga de dúvida na testa, parecia intrigado com alguma coisa que acabara de ler.
Ao perceber a minha aproximação, o senhor ergueu o olhar e abriu um grande sorriso.

— Hoje é o grande dia, não é? — fala e eu tentei sorrir, estava nervoso demais para fazer aquele ato.

— Sim, é hoje. — falei por fim.

Senhor Durval sempre procurava um jeito de alegrar o dia dos moradores, eu diria que ele tem o céu garantido. Eu não teria essa animação e essa força de vontade.

— Se importa de assinar o meu livro? — ele perguntou acanhado, logo vi que na sua mão estava o meu livro.

— Claro que não. — peguei a caneta que ele me ofereceu.

Rabisquei um agradecimento e assinei.

Durval pareceu satisfeito ao ler.

— Boa sorte! — pude ouvir antes de cruzar pelas portas de vidro grosso.

Ao sair o ar gélido entrou pela minha narina, ainda estava fresco como da última vez que sai. Constatei que o sol não iria aparecer tão cedo como tinha visto da janela do meu apartamento.

Meu carro já estava estacionado na porta do edifício.

O meu último automóvel foi vendido para cobrir alguns custos que eu tive no caminho. Então fiquei apé ou emprestando o carro de Sam. Acabei desistindo de pedir o carro dela, ele tinha cheiro de vômito de criança, ela com toda certeza precisava de um carro novo e um perfume para disfarçar aquele cheiro.

Ao entrar na livraria fui bombardeado por olhares curiosos.
Sorri ao ver o que as pessoas estavam carregando, elas pareciam cuidar daquele livro como se fosse ouro.

— Que bom que você chegou! — a dona da livraria me puxou para uma mesa. — Podemos iniciar a fila. — ela disse em voz alta.

Uma fila se formou e eu pedi ajuda à todos os seres superiores.

Foram quarenta e quatro livros, minha mão estava tremendo de ter assinado e feito tantas dedicatórias. Acho que hoje iria adquirir a síndrome de Tourette.

— Oi. — levantei meu olhar sorrindo. Meu sorriso se desfez na mesma hora. —  Como está o meu escritor favorito? — ela estendeu o livro.

— Bem Eloah — poupei os detalhes. — , você sabe que não poderia vir , não é? — questionei, entregando o livro.

Ela leu o que eu escrevi e fez uma careta frustrada.

— Você deveria ter colocado coisas mais românticas. — comentou  ignorando a minha atitude.

— Acredito que você não esteja na posição de impor algo.

— Dylan! — escutei uma voz doce me chamar.

Impulsivamente sai do meu lugar e fui em direção abraçando a garota dos olhos claros.

— Eu senti sua falta. — disse em seu ouvido, senti ela sorrir.

Me afastei um pouco e pude notar que ela estava vermelha.

— E você, quem é queridinha? —Eloah cruzou os braços , tomando um ar firme.

Sabrina olhou para mim confusa e eu tombei a cabeça.

Droga!

— Essa é Eloah. — disse para Sabrina. A menina deu um passo para trás e soltou um "ah!".

— Sou a Sabrina. — ela se esforçou para dar um sorriso. Eu poderia ver que ela estava confusa.
Eu também ficaria, quer dizer, eu estou.

— Meu amor, ela é sua priminha? — Eloah tocou meu ombro, apoiou seu corpo no meu.

Aquilo não era uma atitude peculiar dela.

E eu detestava este tipo de conduta.

— Trouxe seu livro? — perguntei  tirando o braço de Eloah de mim.

Ela me esticou seu livro.
Escrevi algo, algo que ela iria gostar de ler. Eu queria poder dizer o quanto ela era importante em minha vida, mas as palavras não seriam capazes de exprimir tal sentimento.

— Sabe Sabrina, nós voltamos. — pude ouvir a Eloah dizer.

Antes que ela soltasse mais uma mentira, eu intervi na conversa.

— Não distorça a realidade Eloah. — avisei.

Pude sentir o olhar dela me fuzilando. Não me importei com aquele gesto, ela sabia que não estava em uma posição favorável. E o comportamento dela não iria fazer com que minha mágoa evaporasse tão fácil.

— Talvez você ainda não tenha percebido, mas eu voltei por você. — ela saiu da livraria rapidamente. Pude ver que Sabrina me olhava estranho, talvez ela estivesse achando aquilo tudo uma loucura, assim como eu também estava acreditando que era.

Meu Querido Amor - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora