Capítulo 4

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       Logo pela manhã fui acordado por uma dor de cabeça enorme. Procurei como qualquer pessoa normal, por um analgésico, falho, não encontrei sequer um comprimido.
— Está preparado? —Sabrina sorriu para mim, a única coisa que fiz foi jogar a cabeça para o lado. — Oh Céus! Você está péssimo. — concluiu.

Sua voz parecia pregos a serem martelados em minha mente. Por um segundo, quase tive vontade de mandá-la se calar, mas pensei ser uma tremenda covardia de minha parte.

— Procurei algo para tomar, mas não encontrei. — disse  segurando a cabeça, numa busca de fazer a dor cessar.

— Posso ver se tenho algo na minha bolsa, se quiser.

— Isso seria muito gentil. — tentei abrir um sorriso.

— Espere aqui. — pulou da cadeira e logo sumiu pelo corredor.

Fiquei pouco tempo sozinho, já que sem demora Karen apareceu esbanjando seu melhor sorriso.

— Vamos! Estão todos à sua espera. — falou, sua voz fina adentrou meus ouvidos, pareciam facas.

— Só me dê um segundo. — falei  mordendo o lábio.

— Você não tem esse segundo, meu querido. Precisamos começar agora.

Nesse exato momento, estava de frente para todos os grandes escritores que ali trabalhavam. Foi inevitável que eu me encolhesse na cadeira e rezasse para que esquecessem da minha existência.
A todo momento eu olhava para porta, na esperança de que algo ou alguém acabasse com aquela tortura.

— Desculpe a demora. — ouvi a voz fraca de Sabrina.

Consegui me desprender do meu lugar e caminhar até ela. A garota pegou em minha mão direita e depositou um comprimido.
Fechei os olhos de alívio.

— Obrigada. — sussurei antes de voltar ao meu lugar novamente.

— Então Dylan, poderia pegar os rascunhos? — Karen, sem deixar eu sequer me sentar  lançou a bomba.

— Acredito que falta uns ajustes. — falei a primeira coisa que me ocorreu na mente.

— Temos um cronograma à ser seguido. — estalou a língua.

— Eu sei. Mas, também sei o que estou fazendo. — joguei a resposta.

— Certo, faça como quiser. Só que quero ele pronto até o próximo mês. — sentenciou.

— Estará. — encerrei.

Voltando para a minha sala, me perguntei várias vezes como iria dar conta de terminar esse maldito livro.

— Onde vai para conseguir inspiração? — virei brusco para enxergar o rosto de Sabrina.

Ela parou e me olhou confusa.

— Como? — confirmou que estava confusa com a minha pergunta.

— Eu preciso de inspiração. — voltei a caminhar.

— Talvez você deva entrar em contato com a natureza. —  sugeriu.

Parei novamente, com um sorriso debochado nos lábios.

— Ver vacas? — ri. —  Sempre achei relaxante o cheiro de mato. — brinquei.

— Estou falando sério! —ela me cortou. — Talvez se desligar de tudo isso, possa lhe render a inspiração de que precisa tanto.

— Pode ser. — falei sem ânimo. — De qualquer forma, estou sem meu carro, não conseguiria ir a lugar algum.

— Talvez... Não. — falou pra si mesma.

Meu Querido Amor - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora