Estrada

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Lay sorriu quando Luana fez uma manobra quase radical, mas suave para atravessar uma ponte de madeira estreita que mal cabia o carro e Baek deu um gritinho escandaloso.

O escandaloso tinha sido o escolhido para ir com ele ajudá-lo a ficar mais confortável no banco de trás, que verdade fosso dita, elas arrumaram cobrindo-o com colchas macias, almofadas e forrando o chão com tapetes felpudos. Por isso ele estava confortável, com espaço e por isso, apesar de ser o escolhido Baek não reclamou muito, afinal ele ia no melhor lugar.

Kai ia na frente com ela e mesmo que Lay soubesse que o mais jovem estava louco de ciúme e tenso, ele não reclamou daquele fato, eles tinham que disputar de forma limpa e sua Zhēnguì tratava ambos de forma igual, ele percebia, assim como percebeu a forma que a irmã os tratou, na língua delas elas falavam o nome dele e de Kai de forma diferente e ele sentia que havia algo ali que ele ainda não conseguia compreender, mas que parecia ser importante.

Luana não disse o porquê elas resolveram adiantar a viagem longa e sair no meio da noite, e embora estivesse preocupado sobre aquilo, aceitou as palavras dela, iria confiar em sua decisão. Agora eles já pareciam ter andado bastante, mas a densa floresta ainda permanecia, em sua opinião a mesma, escura e interminável.

Aos poucos percebeu que Baek caia no sono e quanto teve certeza que o membro tinha dormido, ele falou de maneira calma.

— Zhēnguì, Kai te disse que ele falou aos outros membros sobre o que aconteceu na árvore na madrugada em que voltou da floresta?

— Lay!

Kai reclamou, mas ela só suspirou sem tirar os olhos da estrada que sinceramente ele não conseguia distinguir entre a pesada vegetação. Ele não queria distraí-la, mas sabia que ela tinha o direito de saber sobre aquilo.

— Não, ele não me disse, mas eu percebi pela forma em que vocês dois estão se olhando e da maneira em que os outros estão me tratando.

— Desculpa, Lulu.

A voz de Kai soou de fato culpada e ela riu baixinho. Lay sorriu, ela era muito calorosa para não relevar aquele tipo de coisa, ele já esperava aquilo dela.

— Não se preocupe, uma hora todos saberiam, você não é discreto, Kai.

— Então já que estamos nisso, acho que eu mereço meu beijo também, não é?

Lay falou tranquilo.

Se Kai tinha dado um passo naquela direção, ele também daria e faria com que ela entendesse que ele também ia lutar por ela.

— Não!

Kai resmungou, logo reclamando baixo e se virando de lado em uma atitude claramente irritada. Ela voltou a rir e o olhou pelo retrovisor.

— Infelizmente não temos tempo agora Lay, mas é justo.

— Justo?

— Sim, justo Kai.

— E porquê?

Lay a encarou pelo espelho e viu um olhar diferente nela, algo que não estava ali antes. Algo que não estava ali antes daquela manhã, o seu olhar quando ela falou sobre o fato de que talvez o fim fosse muito surpreendente e não fizesse sentido...

Aquele olhar mais maduro e sério.

Outro pensamento lhe veio à mente, ela já era adulta, para os padrões de sua família, aquele ritual a mudou de alguma forma, algo aconteceu lá. O que poderia ter sido para ela falar que era justo beijá-lo também? Até agora ele não fora explicito em seu interesse.

3º FilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora