Eu serei sempre sua lua...

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Abri meus olhos quando ouvi a voz suave da minha irmã cantarolar uma tradicional canção cigana e imaginei se ela estava dançando para o Min.

Sorri, eles também iam se despedir aquela noite, já que em duas horas os meninos partiriam para o aeroporto e para Laine não significava que iria voltar a vê-lo, afinal eu tinha ouvido um pouco da conversa deles quando me recolhi para dormir, ela tinha dado o tempo e escolha a ele, aqueles dois meses em que eu chegaria em Seul, se ele realmente a quisesse, ele diria para mim.

Minha irmã não tinha celular, nem rede social, nem e-mail. Contatá-la era difícil, cada hora ela estava em um lugar, mas assim como eu era ligada a ela, ela era ligada a mim e a Mônica, ela saberia.

E eu entendi, tudo era muito novo para Min e nem ele nem Kai eram maduros o suficiente para saber o que estavam dispostos a abrir mão pelo amor. Acontece que Kai tinha Lay, que sabia bem o que queria e acabou se casando comigo mais porque não queria me perder e Lay faria independentemente se Kai também fizesse ou não, aquele foi o ponto diferente e eu tinha plena consciência disso.

Eu sabia que era Lay quem me mantinha atrelada a eles de todas as formas, agora ainda mais, porque meu sangue corria no corpo dele e correria para sempre. E nele era meu primeiro sangue, tinha um efeito muito maior do que em Kai.

Eu não queria que fosse assim, mas seria e parecia justo, Kai ainda tinha um bom caminho para trilhar comigo até que ele amadurecesse, mas eu tinha fé e paciência, e principalmente amor. Por nós dois. Mas Lay... Ele já estava lá, a minha espera, como meu marido.

Toquei seu rosto adormecido muito suavemente, ele dormia a minha esquerda, enquanto Kai dormia a direita. Como aquela foi nossa última noite, conversamos, rimos, trocamos detalhes pessoais, passamos o máximo de tempo juntos antes que o sono nos vencesse, tentando absorver e doar o máximo que pudéssemos para o tempo em que não nos veríamos. Parecia pouco, mas não seria. Eu sentia que muitas coisas poderiam mudar naquelas semanas, eu tinha receios, mas os tranquei em mim, viveria um dia de cada vez, foi essa minha promessa a mim mesma.

Estiquei meus dedos para a brisa que soprava pela janela e pedi aos elementais do ar que soprassem para longe as preocupações de minha mente e a dor do peito de Min, que apenas a brisa da tranquilidade nos cobrisse até que pudéssemos girar a roda outra vez.

Estaríamos lá, porque a felicidade também era um livre arbítrio.




Min olhava fascinado Laine dançar com os véus coloridos derrubando um a um no chão coberto de tapeçarias diferentes. A música era ora, cigana, ora árabe, mas todas sem exceção, eram lindas, como ela.

Laine tinha dito que ia dar lhe um presente para que se lembrasse dela, mas como sempre era surpreendente, um presente? Horas de dança, algo que ficaria na mente, mas que não era físico. Se havia algo que ele aprendeu com ela naqueles dias foi que o importante era o que mantinha em seu coração e em sua mente, não o que carregava consigo.

E ele partiria, porque não poderia ficar, e ela ficaria porque não poderia partir com ele. Ela tinha outros lugares para ir, mas lhe jurou que o manteria no coração, porque o amava. Ele também a amava, mas até que ponto, o quanto amava? O quanto a queria? E o que estava disposto a sacrificar por isso, porque ele sabia o que podia e não podia fazer e não tinha os acordos negociados ou o poder que Lay mantinha em mãos. Para ele, as coisas eram mais complicadas.

E ela, como uma mulher sábia, outra coisa que aprendeu naqueles dias, lhe deu todo o tempo que precisasse, ela o esperaria, e ele se sentia pequeno, mais uma vez por não ser capaz de dar a ela a resposta que deveria, ele ainda não sabia nem o que queria agora.

3º FilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora