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Covarde!
É isso que minha consciência grita enquanto tomo o café da manhã com o Hobi.
É isso mesmo que estão pensando: eu abandonei o Jungkook de madrugada e sai de fininho para evitar constrangimentos.

   Meu amigo me dá uma carona, e quando chego a empresa respiro fundo já tratando de editar a última notícia.

    Dessa vez um suposto k-idol agrediu uma fã. Estou terminando o último parágrafo quando Jin me chama.

- Taehyung?

- sim, Jin?

- o Jungkook quer te ver na sala dele... O que você fez?

Engoli em seco mas fiz a egípcia.

- eu não sei.

- se apresse e descubra homem, boa sorte, o humor dele não está dos melhores.

Cauteloso vou até a sala do chefe, bato três vezes e o mesmo a abre.

- senhor, no que posso ajudar?

- começando por me contar porque raios saiu na madrugada como um fugitivo?

- desculpa Jeon, eu só estava tentando não ter uma conversa constrangedora do tipo: é só sexo não se apegue, como estamos tendo agora.

- não, você está tendo essa conversa agora, eu não falei uma palavra sobre isso.
-Até onde eu me lembro você não é uma puta que vai embora depois de fazer o serviço apenas pelo dinheiro.

- não, eu não sou, eu só achei que era o melhor.
Afinal, o que espera de mim kook? Não sei quanto a você, mas eu sou alguém que me apego fácil, e sei muito bem que um relacionamento é algo que vc não pode me dar, então não me culpe por me prevenir.
Podemos só agir como se nunca tivesse acontecido?

- como quiser Taehyung.
A propósito, a consulta foi marcada para amanhã às 8, você ainda vai?

- mas é claro que sim, somos amigos e uma coisa não influencia a outra, se não tem mais nada pra falar eu preciso ir, tenho muito trabalho.

E sai sem esperar que ele falasse. Tenho plena consciência do quão babaca isso soou, e que o machuquei mas me entendam. No final o único magoado será eu.

[•••]

    No dia seguinte as exatas oito horas Jungkook chegou para me buscar, sento no banco carona notando o seu nervosismo.

- tudo bem? Está nervoso?

- tão nítido assim?

- humrum.

   Não nos falamos o resto do caminho, nem em toda espera até enfim chegar a sua vez.

Sento na cadeira ao seu lado, de frente para um homem já grisalho.

- Olá Jungkook, como está?

- nervoso, assustado.

- do que exatamente você tem medo? Do ambiente? Da minha forma de falar?

- do que você me fará falar.

- mas eu não irei te fazer falar nada, você me contará sozinho quando se sentir confortável. Mas até lá, você pode me responder algumas perguntas, a primeira delas: do que você tem consciência sobre si mesmo?

Jeon agarrou minhas mãos como se para ter coragem de falar.

- eu tenho consciência do que era e do que sou agora.
Antes eu era feliz, hoje só consigo acordar e pedir para o dia terminar logo. A maioria das vezes eu estou no automático, ou tentando desesperadamente fazer os tremores e suor frio desaparecerem.

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