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2 meses depois ...

       Jungkook já teve umas cinco sessões com o psicólogo, e sua melhora era evidente. Eu estava lá quando falou pela segunda vez sobre a morte do irmão, segurando em suas mãos lhe transmitindo forças enquanto chorava.

        Também estava presente quando o assunto Toc entrou em discussão, achei interessante a forma na qual o velhinho fez uma comparação, ele disse:
     
        Entre um leão e uma barata, qual representa o verdadeiro risco? O leão pode comer um ser humano, e a barata?

     
     Com isso ele quis dizer que Jungkook teria que definir em sua mente quais comandos do seu cérebro era real ou não.  Se perguntar todas as vezes em que a vontade descontrolada de lavar as mãos era realmente necessária ou apenas uma defesa do organismo contra a sua ansiedade.

         Agora todas as vezes em que ele tinha vontade de algo compulsivo, preenchia com diversas atividades, eu estava orgulhoso dele.

          Voltando o foco para mim. Nesses dois meses eu estava ganhando reconhecimento, minhas colunas onlines estavam sendo elogiadas, e até participei de um evento como representante do meu setor.

          Mas como toda felicidade precisa de uma dose de tristeza para equilibrar, recebi uma ligação em uma sexta feira de Hoseok.

    - Oi Bambi.

— Tae...

     Eu pude ouvir a falha na sua voz, demonstração de que estava chorando.

- o que houve Hobi? Você está bem? O que aconteceu? Por Deus!

— o-o yoongi está internado, sofreu uma overdose de remédios e álcool. Entre.... A vida e a morte.

- o... O que?
Eu estou indo para aí, e nós iremos até ele.

       Me levantei indo até a sala de kook pedir permissão para sair cedo.
Bati duas vezes mas não o esperei abrir, eu mesmo o fiz.

— Tae! Oi.

- Jeon, eu poderia sair mais cedo? Eu prometo fazer hora extra amanhã.

— claro! Mas... Aconteceu alguma coisa?

- sim, mas eu não quero falar sobre isso, até mais...

[•••]

     Nós já estávamos no hospital, e no quarto do Yoongi. O meu ex- amigo estava mais magro do que da última vez em que o vi. E pensar na possibilidade de que era por minha causa, enchia meu coração de tristeza.

      Hobi o mantinha nos seus braços tomando cuidado para não mexer com as agulhas injetadas em suas veias. De acordo com os médicos Suga estava em coma, e não tinham uma previsão de quando acordaria, era questão de esperar e pedir a Deus que o fizesse.

         Já em casa, cuidei do Hobi e o fiz dormir. Desde que saí do hospital segurava meu choro, eu não sabia de fato como reagir, era claro que o acontecido de antes se tornou muito pequeno, eu esqueceria tudo se pudesse trazê-lo de volta.

         O aperto no peito piorou muito com a culpa que o Hoseok dizia sentir, de acordo com ele deveria ter sido amigo de ambos e não tê-lo deixado sozinho. A minha porém era bem mais profunda, porque no fundo Suga poderia de fato ter falado a verdade e eu nunca quis acreditar.

     
            Três batidas na porta ressoam, e eu pondero sobre deixar quem quer que fosse plantado, mas a pessoa em questão era insistente, assim que na nona batida eu levanto bufando. Abro rudemente e dou de cara com Jungkook.

      - o que faz aqui?

— vim ver como você está.

- estou ótimo, você pode ir.

    Fiz menção de entrar mais ele segurou gentilmente meu pulso.

— eu fiz algo que te magoou? Me desculpe, não foi por querer.

     A sua delicadeza quebrou minhas barreiras, e as lágrimas que tanto segurei transbordaram.

     Jeon fechou a porta e me pegou no colo, nos levando para o sofá. Deitei a cabeça no seu ombro me deixando ser consolado pelos carinhos em meu cabelo.

- lembra que te falei uma vez que fui traído pelo meu amigo e o meu namorado?

— sim!

- o que não te contei é que ele me procurou meses depois, e me disse que só fez isso porque não teve coragem de me contar sobre a traição, e que preferiu ser o vilão do que me ver ser enganado.
    

- essa mesma pessoa estava aqui quando eu sumi e o Hobi chamou a polícia, também é a mesma que a cada vez que nos víamos estava mais magro, e agora é o mesmo que está em coma por tentar se matar com drogas e álcool, e eu não posso deixar de me sentir culpado.

— shiuuuu Tae, você não tem culpa amor.

- como não? Eu poderia ter ido a fundo saber a história, mas eu estava tão convencido do que vi, preferi viver na incerteza. Eu ando me perguntando quando eu tive realmente certeza de algo.

— o que quer dizer?

- olha para nós Jeon, você está aqui comigo nos braços me consolando como um namorado faria, mas nós dois sabemos que não somos nada.
    Nossa relação se define em uns pegas quando o desejo fala mais alto. Eu nunca sei o que esperar de você, as vezes parece que não é unilateral, quando me toca ou é sensível com meus sentimentos.
   Eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não sinto algo a mais do que amizade por você. Eu gosto de ti de verdade, e sei que não me corresponde, eu não sou orgulhoso o suficiente para esconder isso, e sou patético para mesmo assim preferir suas migalhas do que não ter nada que venha de você.

— e eu sou egoísta o suficiente para não te deixar ir... Não é unilateral Tae, você não está sentindo sozinho.

- então me dê um motivo suficiente para não poder te ter, é pela diferença de vida? Status, dinheiro?

— o o que? Mas é claro que não, eu não ligo para isso... É complicado Tae, eu te quero... Muito. Mas eu não posso te ter, tudo que posso é te deixar livre para escolher quando ir...

     Levantei a cabeça e olhei no fundo dos seus olhos, me surpreendi por vê-los marejados. Colei nossas testas.

- me faça esquecer por um momento dessa dor.

     Ele me compreendeu, tomando meus lábios em um beijo calmo, levantando comigo em direção ao meu quarto....




Continua na próxima att...

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