Capítulo 1

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Eu já disse que não quero papai!

Uma moça morena, com longos cabelos cacheados como labaredas de castanhos, olhos grandes e amendoados, corpo pequeno e esguio, estava apoiada na janela, encarando o horizonte.

Normalmente possuía a expressão muito meiga e doce, mas naquele momento tinha o cenho suavemente franzido e o rosto pálido.

-Callie, não vou mais discutir isso com você!-O Sr. Torres gritou, com o rosto vermelho.

-Mas você armou tudo isso sem perguntar o que eu quero para a minha vida!-Calliope se virou para encarar o homem.-Eu sempre planejei casar por amor!Nunca quis casar de forma planejada, como minhas amigas, e ser infeliz pelo o resto dos dias!

-Você não vai ser infeliz, quando conhecer a esposa se apaixonará por ela.-O pai disse solene.-Não me venha com seus pensamentos revolucionários e querer ser moderna.Somos de uma família tradicional, e você terá um casamento tradicional!Você é prometida para a Robbins quase desde o nascimento!Ela esperou esses vinte anos para tê-la como esposa, eu jamais poderia voltar atrás agora!Seria um absurdo, iriam desonrar minha palavra para sempre.

-Mas, papai...-Callie sentiu vontade de chorar.-Eu não o conheço!Nunca vi A Robbins, como posso casar com alguém que não amo, não confio, nunca vi na vida!

-Cale-se, já basta!Não me importo com esses seus estúpidos sentimentos de menina!Cresça, e seja a mulher que a Robbins espera encontrar hoje à tarde, na cerimônia de noivado!

Dizendo isso com frieza, Sr. Torres virou de costas e saiu.Callie sentiu as lágrimas de amargura pelo rosto.

Sorria!Ao invés de uma festa de noivado parece que você está num funeral!-Seu pai ralhou com Calliope, ao vê-la distante na festa de noivado.

Já era final de tarde, haviam chegado à alguns minutos, e todos cumprimentavam Callie e os pais com ardor.

A noiva ainda não chegara, para leve surpresa de Calliope.Esperava ver a mulher logo de cara, e ele ainda não estava ali.O que só aumentava a apreensão dela.

-Filha, mude essa cara.-Lucia, sua mãe, pediu discretamente.-Vão notar que você está muito séria na sua festa de noivado!

-Não me importa.Você e papai sabem que eu não queria estar aqui.-Calliope respondeu.

Ao olhar severo do pai, ela baixou os olhos para o copo de água que tomava.

-Robbinsvai ter que ter pulso firme com essa menina.-Sr. Torres comentou com a esposa, com desagrado.-Acho que a mimamos demais!Já não é mais uma garotinha, mas faz birra como se fosse.

-Não fale como se eu não estivesse aqui, por favor.-Calliope murmurou, com uma careta.

Enrique lhe lançou um olhar gelado, e virou o rosto. Calliope suspirou.Já estava acostumada a ser tratada assim pelo pai, desde pequena.Ele sempre a tratara como se ela fosse um estorvo.Aquilo lhe magoava, mas tinha aprendido a conviver com aquele desprezo do pai.

-Olhe, sua tia-avó está aqui!-Lucia cutucou Calliope de repente, puxando-a pelo braço.

Calliope gemeu.Detestava aquela tia.A mulher sempre que a via desembestava a fazer críticas.E seu pai muitas vezes concordava, para agrado da mulher.Muriel.Era da família de Enrique.

Muriel, em torno de seus setenta anos, se aproximou com cara forçada.Era elegante e sofisticada, riquíssima, a olhava à todos por cima.Tinha as sobrancelhas feitas por lápis, uma maquiagem forte, e um vestido verde-musgo no corpo rechonchudo que a fazia parecer uma sapa.

Amor demoniaco (versão calzona)Onde histórias criam vida. Descubra agora