Capítulo 49 (últimos capitulos)

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Callie despertou naquela manhã sentindo os lençóis frios. Apalpou o colchão com seus finos e pequenos dedos. Vazio.

Abriu os olhos, se dando conta de que estava sozinha na enorme cama.

Soltou um suspiro. Arizona andava estranhamente quieta e irritadiça há cerca de dez dias.

Não sabia o que se passava com a esposa. Já perguntara várias vezes qual era o problema, mas ela estava distante. Não respondia coerentemente.

Mas não iria deixar aquela situação daquele jeito por mais dias. Descobriria o que estava acontecendo, por bem ou mal.

Após tomar banho e escolher um vestido lilás que arrastava no chão, Callie desceu.

Viu a mesa do café posta na mesa, mas Arizona não estava lá. Decidida, entrou no escritório.

Ela estava ali, para seu alívio. Debruçada sobre a mesa, escrevendo e lendo alguns papéis. As íris dos olhos se movendo à cada palavra que lia, de modo sensualmente desconcertante.

-Amor. - Callie murmurou, se aproximando por trás da cadeira dela e abraçando-a pelos ombros.

- calliope, estou trabalhando. - Arizona grunhiu, se afastando de leve dela com puro mau-humor.

-Eu sei, mas você mal dorme há dias, e está presA nesta sala sem sair...

-Não estou presa, apenas cumprindo minhas obrigações.

-Mas você está cansada... - Arizona rebateu de cenho franzido, apertando os músculos tensos das 
costas da esposa.

-Se estou cansada, é problema meu. -Ela rosnou, virando-se para ela. O rosto bonito ficou sombria, com um vestígio obscuro, como quando era no passado. As sombras escuras debaixo dos olhos dela fizeram os olhos faiscarem perigosamente, e Callie deu um passo para trás.

-Ok, você que sabe. -A morena ergueu o queixo e saiu do escritório.

-Deseja alguma coisa, madame? -Adelaide passou por ela com uma bandeja na mão.

-Não, obrigada Adelaide.

Callie se dirigiu aos jardins da mansão. O gramado verde fez ela se sentir mais viva, enquanto caminhava numa pequena trilha de pedras.

Clark se esgueirou entre suas pernas de repente, brincalhão e enorme.

-Calliope. -Alguém a chamou. E ela sentiu-se arrepiar pela voz tão familiar.

Arizona veio correndo até ela, abraçando-a por trás e colando o corpo robusto no corpinho da morena.

Callie olhou para ela, com uma pequena ruga na testa.

-Não... não faz essa carinha. -Ela mandou. Olheiras a deixavam selvagemente mais atraente e sensual, fazendo Callie ofegar brevemente, até hoje desconcertada com a beleza daquela mulher.

-Que cara quer que eu faça?

-Me desculpa, pequena. - Arizona esfregou a testa na bochecha dela, fazendo-a fraquejar. 
-Eu estou sendo uma grossa nesses últimos dias, eu sei... Você é tão 
incrivelmente doce que eu sinto que a menor coisa pode te magoar... às vezes 
não consigo lidar com tanta fragilidade.

-Não sou frágil assim. - Callie rebateu, mas era só olhá-la para ver o contrário.

Arizona sorriu, beijando a pequena ruga que ela fazia na testa, até esta desaparecer.

-Não, você é só a coisinha mais encantadora da minha vida. E eu sou uma besta.

Ela virou Callie de frente e a levantou com os dois braços, deixando-a na mesma altura que ela.

-O que anda acontecendo? -Ela perguntou angustiada. -Você está estranha, Arizona. E não adianta falar que é trabalho. Você é a manda-chuva desta cidade. Tem poder 
sobre tudo. Nunca precisou se preocupar com nada em relação ao trabalho, tendo 
tantos empregados. Então eu sei que é outra coisa.

-Vêm comigo ao Borboletário? -Ela perguntou suavemente. Agora tinha uma expressão mais relaxada, como se estivesse mesmo arrependida pelo mau-jeito dos últimos dias.

Colocou callie no chão, pegou a mão dela e foram juntos. Entraram cuidadosamente no belo Borboletário, e Arizona sentou em um tronco. Callie sentou no colo dela.

Como se precisasse da presença dela bem perto, Arizona a apertou contra ela, colocando-a em seu peito e aspirando o perfume dos cabelos morena demoradamente.

-Sabe que pode confiar em mim. - Callie murmurou, levantando a cabeça um pouco para olhá-la. 
Arizona assentiu e a beijou nos olhos, nas pálpebras fechadas.

-Claro que sei.

-Então?

-Não é nada demais. É só... -Ela deu uma pausa, e Callie o incentivou. -Eu ando tendo sonhos com Anahi. Estão piores do que na época em que... bem, a perdi.

- Arizona. - Callie disse, sem saber o que falar, passando a mão pelo rosto cansado daquela mulher que às vezes parecia uma demônia, outras um anjo. Era uma eterna contradição, a qual Callie sabia que não poderia mais viver longe.

-Que tipo de sonhos? -Ela perguntou pouco depois.

Arizona soltou o ar pesadamente, com os olhos meio apertados, como se lhe fizesse mal lembrar.

-São sonhos ruins. É como se eu voltasse ao passado, e ...

-São só sonhos. 
-Ela o interrompeu delicadamente, encostando o queixo no ombro largo dela e olhando-a de lado. -O que eu faço pra te ajudar, meu amor?

-Basta continuar me olhando com esses olhos. - Arizona respondeu, com um leve sorriso. Mas ela ainda estava tensa. -Basta ficar do meu lado.

Amor demoniaco (versão calzona)Onde histórias criam vida. Descubra agora