"Você é minha maior decepção, Callie ."
Aquilo martelava violentamente a cabeça da morena. Quando chegou na Mansão, Callie desceu da carruagem sem ao menos prestar atenção onde estava.
Os olhos estavam marejados e sua expressão estava pálida, quase
mórbida.Precisava de um lugar tranqüilo, somente isso...
Entrou na mansão Robbins, de cabeça baixa e rosto triste.Foi andando pelo
jardim.Ia entrar na casa, mas mudou de idéia e foi atrás de algum lugar
escondido e solitário no jardim.
Logo achou...um lugar escondido perto da Fonte da mansão.Sentou-se no chão, pouco se importando se ia sujar o vestido, e momentos depois não segurou mais o pranto que lhe assolava por dentro.
Todas as tristezas que lhe remoíam por dentro saíam através de lágrimas e
soluços.
Estava com as pequenas pernas dobradas, e a cabeça enterrada entre os braços, toda encolhida, quando uma mão quente lhe tocou o ombro.
Callie estava tão mal que sequer se deu ao trabalho de levantar o rosto para ver
quem era.Adelaide, talvez...-O que foi?-Ela ouviu uma voz grossa e hesitante perguntar.
Callie se assustou e ergueu os olhos molhados para cima. Arizona a observava, ainda com a mão em seu ombro.
A morena soluçou, e percebendo que sua voz não saía, voltou a deitar o rosto nos
braços.
Arizona sentou ao lado dela.Ela parecia meia incerta, Callie nunca o vira
daquele jeito.
-Que aconteceu, Calliope Iphiegeni ?-Ela pressionou.
Ela escondeu o rosto nas pequenas mãos.
-N-Nada...
-Então pare com esse choro.
Ela não parou.Dava para notar que ela não conseguiria parar.
De repente, antes que Arizona pudesse reagir, Callie se virou para ele e
engatinhou até seu colo, sentando-se nas pernas dele e o abraçando como se
pedisse consolo.
Ela soluçou, escondendo o rosto no pescoço de Arizona.
Ela piscou, incrédula pela atitude da morena e sem saber como agir.Estava desnorteada.Ela estava procurando consolo e proteção...com ela?
Logo com quem ela odiava?
-Quero ir e-embora, Arizona ...-Ela soluçou, agarrando-se à ela como se
fosse um salva-vidas.-M-Me leve d-daqui.
Ela apertou-a com força de repente, como que movida por um novo instinto.
-Deus, se acalme.
-N-Não...
-Vamos aonde quiser, até outro país se for de seu desejo, mas pare de chorar.Não suporto isso, meu anjo.Callie estava num pranto tão profundo, que nem se deu conta do que a esposa havia chamado-a.
-Me conte o que você tem.Porquê está assim?- Arizona murmurou nervosamente, afastando-se um pouco para que pudesse pegar gentilmente no rosto de Callie e fazê-la olhar para ela.
A morena soluçou, sem conseguir falar, as lágrimas escorrendo pelo rosto pequeno e delicado.
-É que...anh..
-Shhh..-Ela lhe beijou os cabelos, balançando-a em seu colo.-Calminha, estou aqui.Só me diga o que têm, por Deus...está assim por mim?-Ela perguntou, temerosa.
Callie tentou se acalmar, balançando a cabeça.
-Então porquê?-Ela insistiu, apertando-a levemente e passando o dedo pelo
cabelos macios.
-Meu pai...
Com muito esforço, ela contou o que tinha acontecido entre ela e o pai.No
momento o único consolo que havia em sua frente era Arizona, e ela
necessitava desabafar pois a mágoa e a tristeza estavam corroendo-a por dentro.Quando a morena terminou de falar, Christopher se levantou com uma expressão extremamente dura.
Ela o olhou com dúvida.
-Porque está assim?Ficou brava comigo?-Ela limpou o rosto com a mão pequena.
A expressão dela suavizou momentaneamente.
-Claro que não, porque eu ficaria?-Ela puxou-a pela mão.-Venha, vou te levar
para dentro.
Callie já tinha parado de chorar, mas ainda soluçava.Arizona rodeou-a com os
braços e levou-a para dentro da casa como se ela fosse uma porcelana.
-Adelaide!-Ela gritou.
A mulher apareceu alguns segundos depois, apressada.
-Senhora Arizona?-Quando ela olhou para callie, emudeceu.-O que aconteceu?
-Leve Calliope para dentro, lhe dê um chá calmante, e depois volte aqui.-Ela ordenou.
A morena agarrou-se ao braço de Arizona quando ela fez menção de passá-la
para frente.
-Já, já volto para ficar com você.-Ela a tranqüilizou.-Mas agora precisa ir com
Adelaide, Call...
Era a primeira vez que ela a chamava daquela maneira.Call...
Talvez por ela estar usando seu nome daquela forma terna, a morena relaxou.Algo na esposa estava lhe passando calma e proteção... por isso, dando um último olhar para Arizona, Callie se deixou levar por Adelaide.Três minutos depois, a mulher regressou,
encontrando um Arizona totalmente agitada andando de um lado para outro.Os olhos estavam geladas, porém com um brilho levemente animal..
-Senhora, o que fez à senhora?-Adelaide perguntou nervosamente.
-Eu não fiz nada desta vez.-Ela respondeu rudemente.
-E então..?
-O bastardo do pai dela é que fez.-Ela se virou para a criada ferozmente.Esta
se assustou e andou para trás.-Teve a coragem de dizer à Callie que ela é sua
maior decepção, por ter nascido em uma hora inapropriada há anos atrás, e ainda
por cima ter nascido mulher.
Adelaide tapou a boca com as mãos, indignada.
-De verdade ela fez algo assim?
Arizona assentiu friamente.
-Mas que crueldade!-A mulher balançou a cabeça.-Pois então a pobrezinha têm
razão para ficar assim!Isso não se faz...especialmente com esta moça!Senhora Callie é a criatura mais meiga e frágil que já conheci.-Ela elevou os olhos para a patroa.-É de toda doçura e delicadeza, feri-la é a coisa mais fácil de se fazer.
Arizona ficou quieta ouvindo.Logo, ergueu os olhos.
-Pois quem mexe com Calliope, é como se mexesse comigo.Cuide dela por mim,
Adelaide.-Dizendo isso, Arizona se virou abruptamente e saiu apressada.Sua
presença poderosa abandonou a casa, antes que Adelaide pudesse impedir.
-Deus meu!-A mulher murmurou.
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Amor demoniaco (versão calzona)
RomanceArizona Robbins é uma mulher brutalmente sexy, arrebatadoramente bonita...e demoniacamente cruel. Calliope, uma bela e meiga moça, é sua prometida; mas desconhece sua sina. Conhece a futura esposa somente na cerimônia de noivado e, apavorada com a...