Ciúmes

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Menton, 2000

Alguns anos haviam se passado desde o evento do nosso primeiro beijo. E sim, havia sido o meu primeiro beijo e o dela também, afinal tínhamos apenas seis e sete anos de idade, respectivamente, quando aconteceu. O que você esperava?

Enfim, fazia tempo que eu não via a garota de olhos marcantes. Não era todos os anos que ela vinha, pois aparentemente a casa era da avó materna de Antonella, Carina — muito simpática por sinal —, e Luna era apenas prima de Antonella.

Além do mais, elas viviam em Lingueglietta, isso era cerca de cinquenta e quatro quilômetros de distância nos separando.

Eu sentia uma saudade inexplicável dela quando não vinha. Tinha que visitar a família de qualquer forma, por educação, então preferia que Luna estivesse lá para me fazer companhia. Pois, apesar de ter me causado bastante confusão e dor de cabeça na época por conta daquele beijo, eu ainda amava ela como amiga.

E talvez, apenas talvez, eu gostasse dela como algo mais. Ainda tinha muitas dúvidas quanto a meus gostos, e passei a ter mais ainda quando chegou o verão daquele ano.

Aquele ano ela havia ido com a família dela para Menton, e eu me lembro como se fosse ontem, Luna aparecendo de repente na porta da minha casa.

Quem atendeu foi meu pai, e quando ele me avisou que era ela eu fiquei exasperada, saí correndo do meu quarto para encontrá-la.

— Oi, Amélie — ela disse com um sorriso simples no rosto, ao longe.

— Luna! — corri para o abraço.

Nunca mencionamos o dia do beijo e desde então fingimos que ele não existia, simplesmente continuamos nossa amizade de verão normalmente. Mas vê-la crescida me trazia lembranças daquele dia.

Sua pele estava um pouco mais morena do que o normal e ela estava usando um short jeans que realçava suas pernas, que por sinal estavam bem torneadas para alguém da sua idade. E seu top deixava exposto sua barriga definida e seus peitos, apesar de pequenos, parecerem maiores.

Ela só tinha treze anos, mas já parecia uma jovem adulta.

— Vamos encontrar o pessoal? — ela falou de repente e eu agradeci internamente, temendo já estar babando àquele ponto.

— Claro, vamos lá! — respondi por fim.

Caminhamos uma curta distância e chegamos à grande casa amarela de dois andares.

— Como você está? Faz tempo que a gente não se vê — ela solta quando nos aproximamos da porta de entrada.

— Pois é, eu senti sua falta — foi tudo que eu disse, e ficou estranho demais, então acrescentei. — Em geral as coisas continuam as mesmas, você sabe que aqui não é muito interessante.

— Bem, aqui tem você, o que pode ser mais interessante que isso? — Luna afirmou sorrindo.

Enrubesci, mas não deu tempo de continuar a conversa. Antonella apareceu na minha frente, me dando um abraço forçado.

— Oi — falou de forma prolongada.

— Oi — tentei imitar sem sucesso.

— Quer entrar na piscina? Está um calor insuportável aqui fora... — Antonella convidou, tirando a blusa sem esperar a resposta.

— Pode ser, só tenho que pegar um biquíni em casa antes...

— Eu posso te emprestar um meu, sem problema — Luna acrescentou acompanhando a conversa.

— Seria de grande ajuda, obrigada.

Observei ela passando disparada do saguão para dentro da casa e subindo as escadas, fiquei cumprimentando as pessoas que eu via passar enquanto caminhava para frente, e me surpreendi quando vi Isaq saindo da cozinha da casa acompanhada de Franciele, a mãe de Luna.

A Maldição de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora