Capítulo onze

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A chegada

Menton, 2008

Diferente da última vez que nos encontramos, a temperatura estava bastante agradável. O sol não estava em seu auge, pois suas chamas não faziam a pele arder, apenas a acariciava e se escondia timidamente atrás de uma parede degradê de nuvens brancas com formas aleatórias.

O vento soprava uma brisa leve, mal dando para mover as grandes folhas grossas da bananeira ou dos coqueiros enfileirados não muito atrás de Luna.

— Pare de baboseira! — gritei, sem conseguir controlar minha impaciência.

— Ei, calma — Luna falou num tom sussurrado enquanto se aproximava de mim como quem se aproxima de um cavalo desconhecido, gesticulando com as mãos abertas.

Cada passo mais próxima de mim que ela ficava, mais meu coração batia receoso.

— Calma? Você tem noção do quanto aquela sua... atitude imbecil me custou? — na minha cabeça, precisava demonstrar que eu estava furiosa, parte porque realmente estava, mas principalmente para não parecer fraca. — Precisa fazer isso parar!

O único problema dessa estratégia, era que eu realmente estava perdendo a paciência, e esquentando meus nervos à todo vapor. Quando Luna estava quase próxima o suficiente para me encostar, a encarei ameaçando-a com a voz rouca.

— Se você der mais um passo, eu quebro sua perna.

— O que houve com a Amélie que eu conhecia? — ela perguntou num tom irônico, ainda sorrindo. — Nunca vi você sendo tão grosseira.

Não dei a ela o prazer da resposta.

— Vamos lá, não precisa ficar aí parada como se tivesse visto um fantasma — mais um passo. —, me dê um abraço!

Nesse momento eu desejei ter feito alguma coisa, mas não fiz nada além de prender a respiração e ansiar para que ela não fizesse nada além de me abraçar. Meu corpo ficou paralisado, sentir seu corpo no meu era uma sensação muito estranha depois de tudo que acontecera, era uma prova de que aquela Luna era a real.

Por fim, foi só isso mesmo. Um abraço ao qual eu não correspondi e então ela me segurou nos ombros e me encarou curiosa.

Não aguentei, meus braços se flexionaram para frente, e com um pouco de força bruta, afastei-a imediatamente de mim.

— Para! Não finja que está tudo bem, pois não está... eu sei o que você fez e como você fez! — reuni mais fôlego para conseguir terminar a frase. — Só faça parar e então poderemos nos separar para sempre!

— Nos separar? — sua voz foi tão doce e calma que eu cheguei a tremer, estava falando realmente como alguém que havia perdido a razão. — Não era bem esse "para sempre" que eu esperava para nós duas.

Ela sorriu e olhou para o chão, como se tudo não passasse de uma grande brincadeira de mau gosto.

— O que você pensa que está fazendo? Era assim que você imaginava que provaria seu "amor" por mim — não me importei em gesticular com sarcasmo, queria que ela sentisse o poder das minhas palavras. —, brincando com a minha vida? Ou melhor... estragando ela?

Sabia que aquelas palavras haviam atingido Luna em cheio, pois seu sorriso foi apagado instantaneamente. Parecia que eu tinha tirado o doce de uma criança. Imaginei que ela fosse me encarar furiosa ao dizer aquilo, mas simplesmente virou-se para trás e caminhou lentamente.

— Sabe, nada disso precisava realmente acontecer — ela jogou as palavras no ar enquanto andava em direção aos coqueiros. —, mas você deu a resposta errada...

A Maldição de LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora