Sexo
Porto, 2008
O clima estava ameno e o edredom abafava minha respiração quente. Minha cabeça ainda latejava um pouco por conta da noite passada. Me curvei na cama, e limpei meus olhos com a parte de trás da mão, sem conseguir evitar que uma espreguiçada saísse de minha boca.
— Finalmente você acordou! — era a voz de Vitor, vindo da cozinha.
— Meu deus, que susto! O que você está fazendo aqui? — perguntei sobressaltada, tampando-me com o edredom. Instintivamente olhei para baixo, estava com a mesma roupa de ontem à noite.
— Eu te trouxe para cá, se lembra? Bem, provavelmente não... — ele brincou, sentando-se na beirada da cama. — Fiquei preocupado...
Me ajeitei sentando-me eretamente e o encarei pasma.
— Você ficou aqui esse tempo todo?
— Na verdade não, fui para casa e voltei umas três vezes. Você dormiu igual uma pedra — Vitor respondeu rindo.
Olhei para o despertador, ele falava a verdade, eram 15h12m!
— Minha nossa! — falei levantando-me da cama, me arrependi assim que o fiz.
Minha visão tonteou por um breve momento.
Percebendo minha tontura repentina, Vitor se levantou e segurou meus ombros, indicando que eu sentasse novamente na cama.
— Você ainda não está recuperada. Espere um momento...
Ele saiu do quarto e foi para cozinha novamente, quando voltou, trazia um prato e um copo nas mãos.
— Toma. Fiz um soro caseiro e um pouco de ovos mexidos. — peguei o pratinho incrédula do tratamento que estava recebendo. — Esfriou é claro, mas não posso fazer nada se você dorme sem parar.
Rimos por alguns segundos, peguei o garfo de alumínio e agradeci. Ele esperou eu comer cerca de três pedaços para começar a me bombardear.
— Então, quer me falar sobre o que houve ontem à noite?
Nem eu sabia o que havia ocorrido ontem à noite.
— Quis experimentar coisas que não devia, só isso...
Eu sabia que não era só isso.
Ele sabia que não era só isso.
— Tem certeza? — ele perguntou levantando a sobrancelha.
— Tenho — não tinha.
— Foi uma reação um pouco incomum, sabe, por isso perguntei — Vitor passou o braço sobre meu pescoço. —, mas enfim, espero que fique melhor.
— Obrigada, Vitor. Por tudo, você é um amor!
Ele acariciou o couro cabeludo, enrubescido com o elogio. Levantou-se enquanto eu terminava de beber o soro caseiro que ele fez para mim e acrescentou por fim.
— Então, agora que eu sei que você está bem, acho que já vou indo.
Conhecendo o jeito de Vitor, sabia que ele realmente iria, que provavelmente só ficou comigo porque se sentiu culpado de ter me convidado e ter acontecido o que aconteceu. Mas não queria que ele tivesse essa visão de mim, não queria que ele ficasse ali comigo só por pena.
— Por que não fica mais um pouco? — falei com um sorriso torto.
— Talvez não seja bom eu ficar, porque...
Sabia o que ele iria falar, cavaria alguma bobagem emocional idiota para justificar que não deveríamos ficar juntos, pois ele ainda sentia alguma coisa por mim e isso desencadearia um sentimento que ele supunha já estar...
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A Maldição de Luna
RomanceApós a recusa de ter um relacionamento amoroso com sua amiga insamente apaixonada por ela, Amélie LeBlanc recebe uma "maldição" que destrói sua vida aos poucos. Cada dia que passa ela tem uma visão que desmorona alguma parte de sua humanidade, torna...