Menton, 2006 - 2007
Passaram-se dias e depois semanas, quando chegou a meses comecei a me frustrar; ao chegar em um ano fiquei amargurada e incomodada. Era irremediável, fiquei bastante cabisbaixa com a ausência de Luna na minha vida, logo após o maravilhoso tempo que passamos no carnaval passei a acreditar que viveríamos algum tipo de conto de fadas, ou pelo menos apostava minhas fichas que passaríamos a nos ver mais e tentar um relacionamento sério.
A realidade era que por mais que ela falasse o quanto gostava de mim todas as vezes que nos víamos, fazia total descaso da minha presença assim que nos afastávamos. A tola fui eu em acreditar em suas palavras, desde sempre soube que era apenas uma paixão de veraneio, provavelmente estava me usando como passatempo. Entretanto, ela conseguia ser tão convincente de que não era...
Os computadores e celulares já eram bastante comuns nessa época, mas não fazíamos uso constante deles e nem todas as famílias tinham capacidade, ou interesse, de obtê-los. Eram considerados aquisição da elite, então o comum era que as famílias medianas – como a minha - tivessem apenas um de cada por casa. E fora assim que nos comunicamos por bastante tempo, em intervalos não programados e sem frequência através de redes sociais que estavam começando a fazer sucesso na internet ou então até mesmo por sms, que costumava ser o habitual.
E o pior de tudo é que na maioria das vezes era ela quem puxava assunto, comentando alguma foto minha, me elogiando aleatoriamente, fazendo promessas de me visitar e falando que ainda gostava de mim. Mas sempre que eu perguntava qualquer coisa em relação à quando voltaria sempre arranjava um jeito de desviar do foco da conversa.
E sim, por muitos momentos eu queria poder ir visita-la, mas como era menor de idade e estritamente dependente dos meus pais, sempre fui proibida de sair para lugares muitos distantes ou até mesmo em festas à noite e esse tipo de coisa. Odiava aquela limitação toda, não é porque gostavam – ou preferiam – ser reclusos que eu deveria seguir a mesma linha. Porém, as poucas vezes que me atrevi a confrontar as vontades do meu pai, acabou resultando em discussões desnecessariamente desmotivadoras e deprimentes. Chegou à um ponto em que eu imaginava como minha mãe conseguia aturar aquele homem durante tantos anos.
Foi a partir desse momento que eu comecei a não ligar mais para as coisas também. Não queria mais ligar para sentimentos, não queria mais criar expectativas em cima de coisas que não prevaleceriam. Continuamos conversando, mas nosso contato foi se apagando como uma vela de aniversário ao ser soprada, apesar de sempre ter permanecido uma leve brasa na ponta...
Comecei a sair com diversos garotos e também garotas, alguns mantive um contato mais sério o que me ajudou bastante a simplesmente seguir em frente, outros eram apenas relacionamentos para tapar buracos ou superficiais demais para aprofundar-se em qualquer sentimento. Esses relacionamentos se mantiveram por dias e depois semanas, quando chegou a meses comecei a mudar meu jeito de ser; ao chegar em um ano já era outra pessoa.
Só percebi o tipo de vida vazia e supérflua que havia me metido quando um certo dia meu pai chegou em casa e me viu beijando uma garota no meu quarto, e ela nem sequer significava algo para mim, éramos apenas um relacionamento de um só fundamento — prazer sexual — para ambas.
Em nenhum momento da minha vida eu havia contado para ele sobre meu gosto por mulheres, e pelo visto nem minha mãe, provavelmente respeitando meu tempo e privacidade, e como ele já havia me visto uma vez ou outra ficar com algum garoto aposto que não imaginava que fosse beijar pessoas do mesmo sexo também.
Não sei ao certo, é só uma teoria. O caso é que meu pai é verdadeiramente preconceituoso e ele ficou furioso quando presenciou aquela cena. De início ele ficou boquiaberto e parecia estar perdendo o ar, quase como se estivesse preso em um pesadelo, então assumiu uma postura rígida e ficou claramente perceptível que sua ficha estava caindo, e com ela, a raiva estava tomando conta do seu corpo. Tive que expulsar a garota que estava comigo para fora de casa imediatamente, antes que ele pudesse fazer alguma coisa alarmante na frente dela. Minha mãe tentou controlar sua raiva e foi por minha causa que acabaram brigando.
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A Maldição de Luna
DragosteApós a recusa de ter um relacionamento amoroso com sua amiga insamente apaixonada por ela, Amélie LeBlanc recebe uma "maldição" que destrói sua vida aos poucos. Cada dia que passa ela tem uma visão que desmorona alguma parte de sua humanidade, torna...