— Lembra-se quando lhe contei sobre a distinção das doenças psíquicas?
— Sim, mas o que exatamente caracteriza essa distinção? — questionei duvidosa.
— Bem, como você afirmou que não faz uso de substâncias pesadas — ele me encarou, esperando uma reafirmação, eu assenti receosa. — Isso nos deixa com poucas opções, entre elas, o trauma. Você tem algum trauma que possa ter lhe causado essa perturbação mental?
— Não exatamente, doutor, mas... — me inclinei um pouco na poltrona de couro marrom que estava sentada. —, o que você sabe sobre hipnose?
O homem de jaleco claro se endireitou em sua poltrona e esfregou a mão no rosto por um momento, como se estivesse tentando refrescar a memória.
— Sei que a hipnose traz um estado que permite modificar o padrão de consciência do indivíduo, focalizando sua atenção por meio de indução — ele suspirou fundo a fim de organizar os pensamentos e continuou. — Busca reduzir ou eliminar ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, fobia, angústia, etc.
— E existe alguma forma da hipnose ter os efeitos inversos das que o senhor citou? — perguntei engolindo em seco.
O homem arregalou os olhos com a minha pergunta. Parecia que tinha o induzido a pensar algo que antes não estava entrando em sua mente.
— Bem, sim. É verdade que a hipnose má intencionada, se bem utilizada, pode ser vista como ferramenta de manipulação e controle da mente, podendo liberar alucinações através de determinados ganchos cerebrais.
— Nesse caso, é possível que ela tenha induzido meu cérebro a ativar alucinações em momentos específicos na minha vida? — indaguei incrédula.
— Não só na sua vida a longo prazo, mas em situações cotidianas — respondeu o homem com um semblante curioso.
— Então acho que ficou bastante claro o que aconteceu... - retruquei cabisbaixa, me lembrando do apetrecho dourado que Luna usou para me hipnotizar.
— Devo presumir que a pessoa que você citou para mim na última consulta tenha sido a responsável pelas suas alucinações recentes...
Assenti entristecida.
— Pelo que eu entendi, não há nada que a medicina ou a possa fazer por você, mas talvez psiquiatria ou algum tipo de tratamento clínico... — sua voz era sincera e firme. —, creio que você precisará da ajuda de alguém especializado em hipnose para reverter ou cortar o efeito. Até lá, eu volto a lhe indicar que mantenha a mente distraída, não vou lhe dar nenhum atestado pois acredito que seja melhor para você voltar as atividades cotidianas, também me parece óbvio que não precisará mais tomar medicamentos...
Me levantei para me despedir, suas palavras já expressavam bastante sua incapacidade de me ajudar, e só sua vontade de tentar bastava para me alegrar um pouco.
— Sou grata pela ajuda, doutor. O senhor é um bom homem, obrigada por tudo.
O homem levantou e retribuiu com um aceno de cabeça e um sorriso cortado de lado.
— Fico feliz em fazer o possível. — quando já estava próxima da porta de saída, ele acrescentou. — E se quer minha opinião, se a vir de novo... tente ignorá-la.
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A Maldição de Luna
RomanceApós a recusa de ter um relacionamento amoroso com sua amiga insamente apaixonada por ela, Amélie LeBlanc recebe uma "maldição" que destrói sua vida aos poucos. Cada dia que passa ela tem uma visão que desmorona alguma parte de sua humanidade, torna...