Welcome to Wonderland •Jeon Jungkook (Hiatus)

.11.

-- Você é uma mentirosa. -- Taehyung apontou seu dedo na minha direção.

-- O quê?

-- Eu deveria estar feliz, mas não consigo acreditar que você escondeu isso de mim. Achei que éramos amigos, e os amigos daqui confiam um no outro verdadeiramente. -- Ele dizia tristonho.

-- Ah, pelo amor de Deus. Eu não estou entendendo nada! -- Caminhei com pés firmes e punhos fechados, até o lençol de yoongi.

Taehyung inclinou sua cabeça para o lado e sorriu de canto.

-- Yoongi, o nome dela não é Isabel. Essa mentirosa é a Alice Kingsleigh! -- Taehyung disse a frase com o mesmo ânimo de um cientista de frente à sua mais nova descoberta.

-- Mas o quê? Você está louc -- arregalo os meus olhos -- DE ONDE VOCÊ CONHECE ESSE NOME?

Meu sangue ferveu. Minha mãe não poderia ter contato com o mundo subterrâneo.
Ou ela poderia estar aqui, agora.
Meu Deus, minha mãe!

-- MÃE! -- Comecei a correr. Se ela estivesse aqui, estaria perto do portal.

-- EI! VOLTA AQUI!! -- Taehyung me seguia. Sua mão me puxa com força, me impedindo de continuar a correr.

-- Você está bem? O que há de errado, Alice? Você não pode correr desgovernada assim! O reino de Copas é perto daqui, e a barreira de Seokjin está perdendo a força... -- Taehyung analisava minha expressão.

Sinceramente, está sendo difícil conviver aqui. Isso está me enlouquecendo.

-- Pare de me chamar assim. Meu nome é Isabel... -- Disse em um tom baixo.

-- Por que está gritando por sua mãe? Está com medo de nós contarmos o teu segredo? Wow... durante todo esse tempo em que ouvi coisas a seu respeito, grande parte era pela coragem, mas por quê está insegura sobre a sua identidade? -- A cada pergunta, Taehyung ia me puxando lentamente para próximo do Yoongi.

Minha cabeça girava, eu estava angustiada. Ele disse o nome da minha mãe e a sensação dela estar em perigo rondava minha mente.

Solto a mão de Taehyung para esconder meu rosto. Lágrimas começaram descer.

Sinto um carinho na cabeça. -- Me desculpa -- Disse Taehyung. -- Eu não queria parecer rude... Só estou me sentindo traído, achei que havíamos criado um laço de confiança. -- Ele suspirou.

-- Para! Eu não aguento mais! Eu não entendo você e não sei o motivo de estar dizendo essas coisas... Eu estou enlouquecendo! -- Disse entre soluços.

-- Seu idiota. Acha mesmo que ela é Alice? -- Yoongi resmunga.

-- É um sinal! A fonte de Medlyn está aos prantos. Você sabe oque isso quer dizer... Há o sangue vivo dos Kingsleigh nas terras de Wonderland! Um sangue heróico! Um... -- Taehyung corta sua última frase.

-- Um fruto de heroísmo. -- Yoongi termina.

Taehyung puxa delicadamente as minhas mãos do meu rosto. Enxuga as minhas lágrimas com os dedos e eu abro os olhos.
Ele sorri.

-- Alice é sua mãe! -- Ele diz animado.

[...]

-- Okay... está tentando me dizer que minha mãe já entrou aqui? -- Dei outro gole no chá de gardênia.

Seokjin, com um sorriso que faltava rasgar os lábios, se aproxima com um quadro médio e o deita na grande mesa da cozinha.

-- Essa é sua mãe quando tinha quase a sua idade. Essa pintura foi feita como uma despedida cerimonial entre amigos. -- Ele apontou para o quadro. -- Este é o chapeleiro! Ah, o incrível idiota das cartolas. Tive a oportunidade de conhecê-lo na infância... -- Seu tom de voz era melancólico.

Encarei a cartola específica no quadro. Eu reconheci imediatamente aquele modelo. Era o chapéu que eu havia pegado da minha mãe. A cartola que caiu no buraco junto comigo. A cartola que eu estava usando neste exato momento.
Jin seguiu meu olhar e, automaticamente, sua expressão se tornou semelhante à minha.

-- Ora, se Isabel não se encontra com uma preciosidade na cabeça... -- Riu.

Olhei para o quadro novamente. Aquilo não podia ser real.

Ao lado do chapeleiro, uma pequena borboleta azul pousava em seu ombro. Seokjin seguiu meu olhar mais uma vez.

-- Esse aqui é o Absolem. Ele adoraria cumprimentá-la. Infelizmente, devido aos conflitos com o reino vizinho, uma pequena maldição o impede de nos ajudar com seus construtivos conselhos. Ele só consegue conversar por telepatia com Minah e Namjoon, mas é limitado nas informações. Só tem poder de responder "Sim" e "Não".

-- Essa borboleta estava no mundo lá de cima. -- Era estranho dizer isso, já que eu sou alguém de lá. -- Absolem estava com Minah quando os segui.

-- Minah gosta dos festivais do mundo posterior. Ela visita as terras lá de cima, com frequência. -- Seokjin pegou um bolinho e o colocou por inteiro na boca.

-- Por que vocês têm passe livre para entrarem e saírem da região Wonderland, e nós não?? -- Arqueei uma sobrancelha.

-- Diferente de vocês, nós nunca faríamos mal à nenhum ser vivo de lá, não tiraríamos vantagem de algo estranho só para ganhar dinheiro, e muito menos daríamos o desgosto de se aproveitar dos seus bens para conseguir fama ou algo do tipo. -- Disse Jin com dificuldade, pois ainda estava mastigando parte do seu bolinho.

-- Como pode ter prova disso??

-- Simples... Pela metodologia de vida daqui. Olhe para mim, Isabel, consegue discernir a minha condição financeira ou intelectual?

-- Você é rico e renomado. -- Jin engasgou-se de tanto rir.

-- Ya, eu não tenho onde cair morto! E sou "reconhecido" somente aqui no Palácio. Ninguém lá fora se importa, entende? Ninguém se importa com isso, Isabel.

-- Por que você busca aprimorar sua magia? Não é para ter privilégios através disso? -- Cruzo os braços.

-- Eu nunca procurei aprimorar minha magia. Ela que me usa! E eu, só sigo meu instinto. Faço isso porque me sinto feliz assim, e não porque quero ser reconhecido ou ganhar algo com isso.

-- Olhe ao seu redor, Jin. Não seja tão humilde. Você está em um castelo e trabalha para o rei! -- Disse convicta.

-- O rei me dá moradia e comida, não ganho mais nada além disso. Fora daqui, continuo sendo o mesmo Seokjin da Vila dos Magos. Um rapaz tão simples como todos os da minha sociedade.

-- Por que possuir algo tão significativo, se não posso tirar proveito disso? -- Digo indignada.

-- Por que a vida vai além disso, Isabel. A vida aqui se move pelo prazer de ser, e não de se mostrar.

Depois desse diálogo, o cômodo ficou silencioso. Eu me senti mal por compartilhar minha visão de mundo para ele. Me senti mal por estar deslocada naquele lugar.

Me senti mais mal ainda, por saber que eles podem viver a vida do jeito correto. E que nós humanos, nos condenamos num círculo vicioso, onde um se perde e outro se ganha. Um se exalta para o destaque e o outro é obrigado a se curvar por conta das falhas maiores que a do adversário.

Um voa, outro cai, e ninguém sente prazer no que faz. Porque todas as obras do ser humano, são movidas em favor dos títulos que desejamos receber.

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Vou revisar os caps assim que eu conseguir tempo💕