02: Desejo de vingança

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Algures na vasta e iluminada nova iork estava a casa de Sarah. Humilde, com as paredes pintadas a amarelo, tingidas de marrom nalgumas partes.
Estava uma noite fria. As vastas ruelas jaziam todas clareadas. Os candeeiros achavam-se acesos. Os grilos cantarolavam, e as corujas retrucavam com o seu belo e excêntrico sonar.

     Sarah segurava o jovem mudo pelos braços o fazendo apoiar-se em seus ombros enquanto entravam em sua casa.

— Fica sentado aí, já volto, vou buscar alguma coisa para estancar o sangue e limpar seus ferimentos. — deixou o rapaz no sofá e saiu.

     O jovem mudo colocou-se em pé, despiu a veste azul bebé do hospital, ficara apenas com a roupa de baixo. Suas feridas provocadas pelas balas abriam-se e o corpo começara a expelir as balas de dentro para fora cicatrizando as feridas no processo. Ele ouviu um estrondo e voltou o rosto para trás.

— N-Não... pode ser, c-como?! — Sarah sibilou incrédula depois de ter deixado cair a tigela com água que trazia nas mãos. — Isso... não, não, eu devo ter visto mal...

     Sarah ficou paralisada no lugar, não se movia um centímetro sequer.
O rapaz não entendia o que se passava, parecia estar confuso tanto quanto desorientado.

— O... O seu corpo, a- as balas... Mas eu... Eu...

     O menino tentou se mover na direção de Sarah. Ela afastou-se de onde estava marcando passos para trás, sentia-se assustada e horrorizada. Era suposto a pessoa provavelmente estar morto depois de receber dez tiros, mas não fora isso que acontecera com aquele homem que estava diante de Sarah.

— O que é isso? — disse ela assustada. — Como pode?

     Era a primeira vez que o rapaz conseguia nitidamente ver o rosto da de Sarah desde o hospital, embora assustada ainda assim sua beleza era apreciável, porém o medo nos seus olhos reluzentes e negros como o diamante mais bruto almejando por ser polido era notável também.

— Não tenha medo, não farei mal algum a você. — anunciou o rapaz tentando acalmá-la.

— Não chega perto! — disparou. — Você fala?

     Naturalmente Sarah estava com medo, segurou o abajur que estava ao lado com a intenção de jogar na figura à frente dela.

— Sim! — o moço respondeu.

— Você fala...

— Eu nunca disse que não falava. Mesmo que isso não faça muito sentido.

— Até há alguns minutos atrás você não falava! E agora...

— Você deduziu que eu não falava.

— Então por que você não me falou logo depois?

— Você fala demais! Por isso limitei-me simplesmente em ficar calado, e a não retorquir as suas interrogações.

Sarah mirou ele cima a baixo, ainda incrédula.

— Quem é você? O que você é? Como fez aquilo das balas?

— Não sei quem sou. Não lembro! — olhou em volta.

— Você ainda não respondeu a minha outra pergunta. O que você é? Pessoa normal é que não de certeza!

O rapaz soltou um sorriso ladino.

— Eu sou uma pessoa como você, veja, nós somos iguais.

— Na, na, na, na, não chegue perto! — avisou quando o viu marcar passos na sua direção. Ela ameaçou jogar o abajur — Eu sou normal a tempo suficiente para saber que... As pessoas como eu não se regeneram de ferimentos de balas num piscar de olho.

O ASSASSINO DO ALÉM Onde histórias criam vida. Descubra agora