William soltou um suspiro pesado enquanto encarava o teto da sala. Estava preocupado com Emma e Nicholas. Sabia que Emma queria o melhor para o filho, o queria longe de toda aquela loucura que viviam. Mas... Sempre tem alguns infelizes pra acabar com seus planos, não é mesmo? O pequeno Nicholas passava os dias com a avó exatamente por causa disso. Porque Emma o queria longe. E justo no dia que ela queria fazer algo normal com o filho, aqueles filhos da puta aparecem em sua casa.
— Bom dia, William. — o garotinho apareceu na sala, se sentando no outro sofá e coçando os olhos.
— Bom dia, garotão. — ele murmurou de volta, dando um sorriso fraco. — Tá tudo bem?
— Tá, sim. — ele respondeu sorrindo. — A mamãe vai ficar bem, não vai?
— Vai sim. — William se sentou e encarou o garoto. — Sua mãe é forte pra cara... — ele interrompeu o palavrão e Nicholas o olhou estranho, levantando uma das sobrancelhas. — Sua mãe é forte pra caramba. — William disse rápido, fazendo o garoto rir.
— Eu não me importo de você xingar na minha frente, William. — ele deu de ombros e se ajeitou no sofá. — Eu não vou xingar também só porque você faz isso. Se você faz, é porque pode. Se eu fizer isso, minha mãe me bota de castigo, então... — o garoto terminou de falar dando um sorriso torto e William riu.
— É. — O mais velho balançou a cabeça. — E aí, quer comer o quê?
— Qualquer coisa. — ele respondeu dando de ombros. William suspirou. Era péssimo na cozinha. Por isso saía sem tomar café, almoçava na rua e comprava qualquer besteira para comer à noite.
— Certo. — William murmurou coçando a nuca. — Eu sou péssimo na cozinha. Ou esperamos sua mãe acordar, ou você me espera ir ao mercado comprar qualquer besteira para não te deixar com fome.
— Eu espero. — Nicholas deu um sorriso fraco. — Posso assistir TV enquanto isso, então?
— À vontade. — William respondeu sorrindo e seguiu para o banheiro. Jogaria mais uma água no rosto – já que não dormira e devia estar com uma aparência horrível – e sairia logo para comprar algo para Nicholas comer.
— Bom dia, querido. — William ouviu de longe a voz de Emma falar com Nicholas e saiu do banheiro. — Bom dia, William. — ela sorriu e se sentou ao lado do filho.
— Ei! Bom dia. — William respondeu sorrindo. — Eu estava indo comprar algo para o Nicholas comer...
— Eu faço o café, não precisa se incomodar, tá? — ela se levantou, dando um sorriso fraco. — Tem as coisas aí, pelo menos?
— Deve ter. — o rapaz respondeu dando de ombros e pulando no sofá ao lado de Nicholas para ver desenho.
Emma revirou os olhos e foi até a cozinha. William era um desorganizado.
— Você falou com Charlie, William? — Emma perguntou da cozinha.
— Falei. Ele disse que podemos chegar a hora que quisermos que ele dá conta das coisas com os outros. — William respondeu. — E quando formos para lá, é para levarmos o Nicholas. — ele se levantou e caminhou até a cozinha para não precisar falar alto. Nicholas não precisava saber de detalhes. — É bom deixá-lo com a gente. Sabe, levar ele pra sua mãe hoje pode ser perigoso. Ainda pode ter alguém atrás de você. — ele cruzou os braços e encostou-se à mesa. — Lá, mesmo trabalhando, estamos com ele por perto. Nicholas vai ser prioridade agora, Emma.
— Eu sei. — ela suspirou e se virou para o amigo. — Eu não ia levar o Nicholas hoje. Eu nem sequer queria ir trabalhar... Iria perguntar a você se não seria chato nos deixar ficar aqui hoje.
— Nunca vai ser chato ficar com vocês dois. — ele respondeu sorrindo. — Pode ficar o tempo que precisar, Emma. Você sabe. Eu até passo a limpar isso aqui. — William piscou um dos olhos e a mulher soltou uma risada. — Viu?! Te fiz rir!
— Como sempre. — ela balançou a cabeça negativamente e se virou para o fogão novamente. — Mas não pretendo ficar aqui muito tempo. — ela murmurou.
— Já disse que pode ficar o tempo que quiser, caramba. — ele se aproximou. — Você já me ajudou pra caralho, Emma.
— Mesmo assim... — ela deu um sorriso fraco e colocou o que havia preparado na mesa. — Conversamos sobre isso depois, certo? — ela pediu e piscou um dos olhos.
— Certo. — William lhe deu um beijo no rosto.
— Nicholas, vem comer! — Emma disse alto e logo o garoto já estava na cozinha.