Capítulo 23

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What The Fuck?!

Fátima estava sentada em sua mesa encarando o nada e pensando no que acontecera durante o dia inteiro. Mesmo que não se sentisse bem, convenceu Charlie de deixá-la ficar lá e ajudá-los no que fosse preciso. Não é porque passara mal por uma (provável – pois não tinha certeza do que estava acontecendo) bobagem. Seu dia havia sido cheio, não precisava ir para casa e ficar pensando nisso até conseguir pegar no sono. Poderia ficar ali e fazer as coisas que deveria fazer até dar sua hora de ir embora, por mais que mesmo sendo liberada por Charlie devesse voltar até a Redação e dar uma explicação plausível para seu chefe. Estava ali porque queria; não precisava aguentar seu chefe falar bobagens em sua cabeça só porque ela saíra para arrumar um pequeno barraco com Elizabeth. Bastava inventar uma desculpa esfarrapada para seu chefe largar de seu pé. Ela havia sido liberada para trabalhar com Charlie, portanto, não precisava dar satisfações.
Após soltar um suspiro pesado, Fátima encarou o teto. Estava cansada de digitar sobre como estava sendo trabalhar com Charlie e companhia. Precisava pensar sobre o que conversara com Crowley. Aquilo era prioridade. Crowley não era o assassino e aquilo ficou extremamente claro para ela. Mas ele sabia quem era o assassino e, mais que isso, sabia o porquê de tudo aquilo. Sabia o porquê de o assassino armar aquele pequeno efeito dominó — onde a cada morte que acontecia, deixava claro que a pessoa estava metida com alguma coisa e levava à outra pessoa — e, principalmente, o porquê do assassino ficar mais focado em fazer com que William descobrisse as coisas antes de todos. Crowley sabia demais; mais do que deveria, até. Fátima sabia que ter se encontrado com ele não fora um erro. Fora um risco, um grande risco. Mas ainda assim não foi um erro. As palavras dele ainda ecoavam por sua cabeça.

Flashback.

— Eu quero proteção. — Ele disse firme e sem enrolar mais.
Fátima riu e o encarou.
— Por que está vindo pedir isso para mim? — ela perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.
— Porque você é a única que aceitaria me ouvir sem tentar fazer alguma coisa para me prender — ele deu um sorriso fraco e abaixou o tom de voz. — Você sabe que se me der proteção da mesma forma que o Bonner está dando ao Zachary O'Donnel... — ele fez uma pausa e encarou a mulher que tinha os olhos levemente arregalados — Conseguirão chegar ao assassino bem mais rápido.
— Prove. — Fátima disse tão firme quanto ele.
Crowley abriu um sorriso de mostrar os dentes. Fátima estava aprendendo a negociar e ele se sentia honrado dela usar o que aprendera com ele.
— Tudo bem — ele deu de ombros e puxou um papel do bolso. — Isso aqui é um documento encontrado na casa da Mangor. Na verdade, um documento retirado de lá. Justamente para vocês não encontrarem. Leve para Charlie. Diga que te enviaram. Ele ficará orgulhoso de você.
— Com quem conseguiu isso? — Fátima perguntou enquanto lia o documento atentamente. Era quase um testamento onde Owen deixava bem claro que tinha algo que pessoas iriam atrás dela até conseguirem matá-la e onde provava que seus filhos tinham direito sobre tudo o que a polícia encontrasse.
— Não importa. Vai dar o que eu preciso ou não?

Fim do flashback.

Fátima deu um leve pulo em sua cadeira ao ouvir a voz grave de William a gritar.
— O que é? Tá gritando por quê? — ela perguntou o encarando.
— Eu te chamei três vezes e você me ignorou totalmente sendo que temos um assassinato novo para investigar — ele explicou, revirando os olhos.
— Assassinato novo? — ela perguntou baixo e William apenas balançou a cabeça afirmativamente.
— Natasha. Prostituta. — Ele deu de ombros. — Por que diabos matariam uma prostituta? — ele perguntou, bufando.
— Talvez para nos dar mais trabalho — Fátima murmurmou e se levantou, pegando suas coisas.
— Ei, você não vai — ele disse a encarando e ela deu uma risada fraca.
— Ah, é? Por quê? — perguntou cruzando os braços.
— Porque você passou mal o dia inteiro e disseram que o corpo está uma coisa horrível e o Charlie mandou eu só te informar do que estava acontecendo. Você vai cuidar das coisas por aqui — ele respondeu calmamente.
— E perder toda a diversão da coisa? — ela arqueou uma das sobrancelhas. — Eu não sou uma criança que passou mal e por isso tem que ficar de repouso o resto do dia.
— É sério, você não vai, Bernardes. — William disse firme e segurando um dos braços dela, fazendo-a parar de arrumar as coisas.
— Mas que coisa! — ela exclamou, emburrada. — Eu quero ir. Eu prometo que se eu passar mal de novo quando ver o corpo, não vou perturbar ninguém. Agora pode me soltar?
William soltou o braço da mulher e bufou em seguida. Não ficaria ali insistindo para que ela desistisse da ideia de ir com eles analisar o local do crime.
Fátima deu de ombros quando William saiu da sala e juntou suas coisas, saindo logo em seguida.

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