Capítulo 15

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Fátima corria pelos corredores ignorando a leve dor que dava em seus pés, ela tinha que encontrar Bonner logo. Ele tinha que ler aquela maldita carta.
Chegou à sala em que dividia com o rapaz e ela estava vazia. Respirou fundo e saiu corredor afora de novo, ele deveria estar na sala de Charlie ou onde Emma estava trabalhado com Ryan.
Parou em frente a uma das pessoas que passava por ali e perguntou:
— Você viu onde o Bonner se meteu?
— Ele está com o Charlie lá na sala de sistemas... — o rapaz respondeu, arqueando uma das sobrancelhas.
— Obrigada! — ela disse alto e correu em direção à sala.
Fátima entrou feito um furacão no lugar, procurando Bonner com os olhos, ao encontrá-lo, soltou um suspiro pesado e puxou o máximo de ar que conseguiu.
— Eu consegui uma coisa, William. — ela o chamou pelo nome, ignorando os olhares curiosos de Charlie, Emma e Ryan. — Vem comigo, por favor. — ela pediu e ele arqueou uma das sobrancelhas, confuso.
— Você falou com o pai do James? — ele perguntou indo na direção dela.
— Falei. E eu descobri mais do que esperávamos — ela disse o encarando, ainda respirando pesado.
— E o que você descobriu, Fátima? — Charlie perguntou se aproximando também.
— Além de umas coisas do James... Eu fiquei sabendo de uma coisa da morte do seu pai, William. — ela disse de uma só vez e o rapaz engoliu seco.
— O que você ficou sabendo? — ele perguntou entre dentes e Charlie encarou os dois. Ele notou que Fátima queria conversar em particular e entendia aquilo, era um assunto pessoal de William e tinha grande importância para ele.
— Eu faço sua parte aqui. — Charlie disse colocando a mão no ombro de William. — Vai com ela e, depois, quando você se sentir melhor, porque não deve ter sido coisa boa o que ela descobriu, você volta. — finalizou Charlie. William nem sequer respondeu ou olhou para trás, apenas puxou Fátima pelo braço, arrastando-a corredor afora.
Emma e Ryan continuavam confusos, porque, afinal, desde quando Fátima o chamava de William?
— Onde estávamos quando as coisas mudaram assim? — Emma perguntou e Ryan deu uma gargalhada ao se lembrar que Fátima e William estavam aos beijos na sala deles horas atrás. — O que é?
— Nada, nada... — ele deu de ombros ainda rindo um pouco e Charlie se aproximou. — Vamos ao trabalho, então? — Ryan perguntou tentando desviar do assunto "Fátima e William", já que ele prometera ao rapaz que não contaria nada a ninguém, mas que também não seguraria as piadinhas idiotas.

****

William respirou fundo, tentando segurar as lágrimas e a vontade de jogar tudo o que encontrasse na parede. Ele não acreditava no que acabara de ler.
— Tá tudo bem? — Fátima perguntou mesmo sabendo que William não estava bem. Ela via seus olhos cheios de lágrimas, o ódio, o medo, a saudade... Tudo que transbordava — ou quase — daquele olhar perdido de Bonner.
— Já estive melhor. — ele respondeu depois de um tempo. — Eu só não entendi uma coisa... Por que diabos o James diria ao senhor Mangor que ele ficaria seguro comigo?
— Eu não sei. Eu perguntei isso e nem o próprio Mangor sabe — ela se encolheu na cadeira na frente de Bonner e suspirou.
— Eu quero ficar sozinho. — ele murmurou a encarando.
— Mas eu não vou sair daqui. — ela rebateu. Não o deixaria sozinho depois de ler aquilo, do jeito que William era, seria arriscado ele fazer uma loucura e se arrepender depois.
— Tanto faz. — ele bufou. — Eu posso sair daqui a hora que eu quiser mesmo. — ele deu de ombros e enfiou a carta no bolso da calça quando se levantou.
— Sou tão insistente quanto você. — ela disse se levantando em seguida.
— Mas você não vai ficar me seguindo! — ele disse alto.
— Mas também não vou te deixar sair por aí assim e a ponto de fazer uma loucura! — ela rebateu. — Ou você acha que eu não sei que quer ir até esse endereço, Bonner? E outra, você está sem carro!
— Ele sabe quem matou meu pai, Fátima! — ele gritou bagunçando os cabelos.
— Isso pode ser uma armadilha para pegar você! — ela gritou de volta e ele bufou. — Que merda! Deixa de ser cabeça dura e pensa antes de falar ou agir pelo menos uma vez na vida, Bonner!
— Está dizendo que tudo o que eu faço é por impulso? — ele perguntou estreitando os olhos.
— Estou. — ela respondeu calmamente o olhando nos olhos. — E você vai se sentar naquela cadeira agora até se acalmar. — ela disse como se explicasse algo a uma criança, da mesma forma que ele fizera tempos atrás.
Ele soltou uma risada debochada e deu alguns passos até ficar frente a frente com Fátima.
— Sabe o que eu realmente vou fazer agora? — ele perguntou a encarando nos olhos e ela engoliu seco. Sabia que William não era do tipo que obedecia as ordens de mulheres, ainda mais as dela. No fundo, no fundo, Fátima tinha um bocado de medo do que ele poderia fazer com ela, como também se sentia segura algumas vezes ao seu lado. Na verdade, toda vez que chegava perto de William, seus sentimentos ficavam totalmente paradoxos.
— O quê? — ela perguntou o encarando também. — Me xingar de todos os palavrões existentes, passar por aquela porta e se meter em merda?
— Não. — ele respondeu tranquilamente e se aproximou mais. — Vou terminar o que começamos mais cedo. — ele sussurrou antes de puxá-la pela nuca e juntar seus lábios com agressividade. Fátima não pôde fazer nada a não ser retribuir o beijo à altura e agarrar na nuca do rapaz com as unhas. Queria mostrar, mesmo sem saber o que realmente estava acontecendo, que também sabia ser agressiva.
William carregou-a até a mesa, como fizera antes, derrubando tudo dali mais uma vez — não que estivesse arrumado depois do que fizeram, porque ninguém tivera a coragem de voltar ali e arrumar da forma que estava antes — e, logo em seguida, colocando-a sentada ali. Fátima abriu mais as pernas e o puxou para mais perto, deixando seus corpos mais colados que antes. William se afastou por uns segundos e puxou a blusa da mulher para cima, tirando-a de uma só vez e descendo os lábios pelo pescoço nu de Fátima, deixando-a completamente arrepiada e com a respiração falha.
— E quem disse... — ela começou a falar com a voz fraca enquanto William ainda beijava seu pescoço com vontade. — Que eu quero terminar isso, Bonner? — ela finalmente finalizou a frase e mordeu o lábio inferior com força após William dar-lhe uma mordida.

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