Capítulo 17

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Crowley observava o cofre à sua frente com um sorriso maligno brincando em seus lábios. Tinha coisa mais maravilhosa do que observar aquele cofre que pegava, praticamente, uma parede inteira de seu escritório com todas as suas coisas preciosas? Coisas que muitos — inclusive o nosso querido Bonner — desejavam. E, oras! Quem não desejaria diamantes — e outras joias, claro — de todos os tipos e formas, milhões de dólares e armas de todos os tipos e estilos, com munições, todas prontas para serem usadas? Crowley sabia bem o risco que estava correndo com todas aquelas coisas ali, por isso voltara o mais rápido que conseguira. Precisava dar um jeito de atrair Bonner para algo que ele desejava. Assim como poderia atrair Castellamare e sua gangue para assim, finalmente, conseguir deixar todos de frente e sair ganhando de todos aqueles idiotas que pensavam que eram inteligentes. Crowley tinha anos e mais anos naquele tipo de trabalho — sim, trabalho —, ele nunca fora aquele tipo de bandido que simplesmente deveria parar atrás das grades, não. Ele era inteligente o suficiente para sair da prisão antes da pena terminar, era inteligente o suficiente para ter sido um policial antes de tudo. Não é porque ficara preso por alguns anos no Brasil que ficara burro, pelo contrário! Ele só aprendeu mais. Polícia no Rio de Janeiro não é uma coisa que se admire, não era difícil para ele conseguir convencer os policiais de fazerem suas vontades. Crowley era um preso... Exclusivo, por falta de palavra melhor. Ele era como se fosse um político — só que ele ficou, sim, anos preso, ao contrário de tais — tinha direito a visitas particulares — a hora que quisesse, até — tinha direito a receber coisas boas de seu irmão Bill e, além de tudo, tinha seu bom curso superior. Não havia motivos para ele ficar trancafiado com os outros bandidos de merda que não passavam de traficantezinhos de drogas de dezenove ou vinte anos. Crowley fechou o cofre ao escutar passos em direção ao seu escritório, colocou o enorme quadro de volta em sua parede calmamente e sentou-se em sua cadeira macia. Esperou a pessoa bater na porta duas vezes e, com um sorriso nos lábios, mandou entrar. Já sabia quem era. Não, não era Bill. Seu irmão era um idiota e devia estar por aí tentando se passar de honesto.
A mulher de cabelos negros abriu a porta e entrou.
Crowley deixou seu sorriso alargar mais ao observá-la; seus cabelos caíam em grossas ondas sobre os ombros, a maquiagem escura cobria-lhe os olhos e o batom vermelho os lábios, os olhos azuis claros chegavam a ser hipnotizantes, exatamente da forma que Crowley adorava. Aquela mulher era espetacular!
— Como é bom revê-la, Rachel. — ele disse calmo, tão calmo que nem ele mesmo reconheceu sua voz, e fez um sinal para ela sentar-se à sua frente.
— Digo o mesmo, Crowl. — ela o chamou pelo apelido, dando um sorriso malicioso e cruzando as pernas lentamente.
Crowley acompanhou seus movimentos e estreitou os olhos. Sabia que Rachel sempre tivera uma queda — ou mais que isso — por ele, porque, realmente, ele não era o tipo de homem feio ou mal cuidado, pelo contrário! Seus olhos claros e seus cabelos loiros naturais davam-lhe um certo charme, seu corpo era de atleta, arrisco a dizer. Estava em forma... Era bonito até demais para um homem de trinta e poucos anos.
— O que te traz aqui? — ele perguntou direto e a mulher deixou seus lábios se repuxarem para um sorriso maldoso.
— Informações, darling. — ela mordeu o canto do lábio inferior enquanto sorria e, em seguida, bateu palminhas feito uma criança.
— Estou começando a gostar disso. — Crowley passou a língua nos lábios, umedecendo-os. — Sobre?
— Nosso querido Bonner e seu melhor amigo Paglia. — Rachel respondeu sorrindo e puxou uma pasta pequena que havia dentro de sua bolsa. — Mas não conseguirá todas as informações assim, meu caro Crowley.
— E o que você quer em troca dessas informações? Dinheiro? — ele perguntou e ela soltou uma gargalhada.
Rachel deixou a pasta em cima da mesa, junto à sua bolsa e se levantou sem se preocupar de arrumar o vestido justo em seu corpo; queria mais era mostrar tudo o que tinha debaixo daquele pano preto e extremamente colado para Crowley.
— Você sabe o que eu quero... — ela se abaixou ao pé do ouvido do homem. — Além do dinheiro. — ela sussurrou e, logo depois, mordeu o lóbulo da orelha de Crowley, deixando-o completamente arrepiado. Crowley não queria deixar-se levar por ela, não naquele momento. Tinha coisas mais importantes para fazer, como desmascarar todos aqueles idiotas. E, ah, claro, matar alguns deles também.
— Rachel... — ele murmurou, fechando os olhos e a mulher passou os lábios pelo pescoço do rapaz, logo depois voltando para seu rosto.
— Você decide. — ela sussurrou novamente em seu ouvido.

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