Estrelas

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"Você gostaria de ser uma estrela?"

Roger encarava o céu noturno, sentado no chão da sacada de seu apartamento. Tragava um cigarro, envolvendo-se no edredom quentinho, com a intenção de se proteger do vento frio daquela noite.
Em suas mãos segurava um papelzinho que recebeu de Bri naquela tarde. A pergunta era a seguinte: "Você gostaria de ser uma estrela?"
Aquela frase lhe era muito familiar, por isso estava tão pensativo. Olhava as estrelas, tentando descobrir o que era tão reconfortante nelas.

Se lembrou.

- Rog?

- Sim?

- Você gostaria de ser uma estrela?

Voltou seu rosto para cima, encontrando a face de John. Sua cabeça estava deitada no colo do rapaz, e a mão dele se posicionava sobre os seus cabelos, fazendo uma pequena carícia.
Riu, espontaneamente.

- Que tipo de pergunta é essa?

- Eu gostaria de ser uma estrela. Elas são divinas. Quer dizer, olha todo esse brilho! Não é fantástico?

- Fantástico?

- É. Tipo você.

Uma expressão confusa dominou o rosto de Taylor. Logo questionou.

- Eu?

- Você tem esse seu brilho. É algo eterno, e mesmo que você morra, vai ser lembrado.

- Estrelas morrem, Deaky?

- Todo mundo morre. Até coisas incríveis e brilhantes como estrelas. Mas elas continuam no céu. Assim como a gente continua nas memórias das pessoas.

- Por que disse isso? Tão... De repente.

- Gosto de estrelas.

- Gosto de você.

Deacon o olhou imediatamente. Assim que Roger percebeu o que havia dito, sentiu suas bochechas esquentarem.

- Na... Não é como você 'tá pensando!

- E como eu estou pensando? - Arqueou uma sobrancelha.

- ...Sei lá, Deaky! Você é cheio de pensar coisas esquisitas. - Fechou os olhos, como se isso o fizesse sentir menos vergonha.

- Tudo bem então. - Riu. - Não é da maneira que eu pensei.

Era inevitável chorar. Nem se deu conta de quando começou, mas as lágrimas foram descendo e descendo, e quando percebeu, já soluçava baixinho. Apagou o cigarro e abraçou as próprias pernas, limpando as lágrimas no edredom.

Tremia de frio e de medo. Só queria voltar para aqueles dias em que se preocupava com o que cairia na prova, e não se as pessoas gostavam dele ou não. Quando comia hambúrguer toda sexta-feira depois da aula com John, apesar de ser um péssimo hábito alimentar.

Quando ainda se sentia vivo.

Ouviu duas batidas na porta, levando um pequeno susto. Quem seria a essa hora?
Levantou-se com uma certa dificuldade, mas conseguiu. Andou e parou em frente à porta. Olhou para o chão, e ali viu um pequeno bilhete deslizando. Definitivamente, se surpreendeu. Não imaginou que Bri apareceria naquele momento. Seu choro era tão alto assim? Se sentiu um pouco mal. Provavelmente atrapalhou o sono de Bri por causa de suas crises bobas. Se agachou, sentou com as pernas cruzadas, pegou o bilhete e leu.

Letters for Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora