Selinhos

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- Que roupa eu uso, Deaky?

- Qualquer uma...

John, desinteressado, mexia com o sachê de chá dentro de sua caneca, esperando que o sabor se intensificasse.

- Não tem essa de "qualquer uma", Deaky! Eu vou num encontro.

  - Bem, eu usaria qualquer uma.

- Você é o John, eu sou o Roger.

- Ah, sei lá. Bota qualquer coisa que não seja calça moletom. - Bufou.

- Você não tá ajudando...

- Pra que se arrumar tanto? Se o Brian gosta de você, não se importaria de te ver desarrumado.

- Essa não é a questão! E para de brincar com esse sachê de chá, presta atenção! - Tomou a caneca de porcelana das mãos grandes do moreno, pondo-a em cima da escrivaninha. - Eu só não quero ficar feio no nosso encontro, é tão difícil você me dizer que roupa ficaria boa em mim? Eu nem tenho tantas.

- Sem tempo, irmão...

- Deaky!

- Você nunca está feio, Roger. Pode ir vestindo uma sacola de lixo que você vai ficar bonito.

- Não exagera, também.

- Por que tá tão preocupado em se vestir bem dessa vez? Da última você não ligou tanto.

- Liguei sim!

- É, mas não foi um louco neurótico.

- Que tipo de melhor amigo é você que me chama de louco neurótico?

- Eu sou o John, você é o Roger.

Indagou e deu a língua, ato que se esperava de Taylor, e não de Deacon.

- Você tá insuportável hoje, Deaky! Não tá colaborando com nada.

- Te ajudo se me pagar um bolo...

- Deixa, eu escolho sozinho.

Deaky suspirou e se levantou.

- Eu vou te ajudar, espera aí.

- Tá... - Se sentou no mesmo lugar aonde John se encontrava segundos atrás.

Pôde observar atentamente seu amigo escolher peças de roupas de maneira rápida, deixando muito claro em suas expressões quando gostava das combinações ou não. Sentiu um pano cair sobre seu rosto e de repente tudo se tornou escuro.

- Tenta esse conjunto. Eu não sou nenhum estilista, só pra você saber. Deveria ter chamado outra pessoa. Eu só sei mexer com flores.

- Eu devia ter chamado outra pessoa mesmo - Retirou o tecido da cabeça, descobrindo ser uma camiseta larga de alguma banda - Mas não tenho amigos.

- Não tem amigos? - Permaneceu em pé e arqueou uma das sobrancelhas, com uma expressão duvidosa.

- Não tenho nenhum outro amigo além de você, na verdade. Ah, você entendeu! Agora se vira pra lá que eu vou me trocar!

- Oh, não, esqueci que você é virgem.

- Você prometeu não zoar...

- Não estou zoando. Desculpa.

- Não precisa pedir desculpa, não fiquei triste.

- Eu sei. - Virou de costas para o loiro, o permitindo se trocar com mais privacidade.

- Por que tá tão chato hoje?

- Não estou chato...

- Tá sim!

Letters for Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora