Roger se encontrava sendo literalmente, arrastado para fora de casa. John o puxava pela manga do enorme casaco que trajava, após ter o retirado de seu apartamento contra sua vontade com a desculpa de que ele precisava abastecer sua geladeira. O que na verdade, não era totalmente mentira. Não se alimentava direito fazia um tempo, então pensou que o acastanhado estivesse fazendo aquilo para seu bem. Andavam de mãos dadas, o mais novo na frente, fazendo o loiro se movimentar devido aos corpos conectados.
Adentraram o estabelecimento, e o mais velho fez uma expressão de espanto. Não ia a um mercado fazia tempo, então nem ao menos se lembrava do quão lotado era. Teria que fazer uma coisa que por ele era abominada: Lidar com pessoas.Sentiu uma pequena quantidade de olhares cair sobre sí, e sentiu vergonha. Colocou o gorro do casaco, tentando esconder o rosto. Odiava receber tanta atenção desconhecida, não conseguia lidar com isso. Não estava acostumado em ser notado.
Então percebeu o possível motivo de atraírem tais olhares, apenas olhando pra baixo. As mãos entrelaçadas eram estranhas na visão dos outros, porque eram de homens. Mesmo não querendo, soltou a mão de seu amigo, choramingando baixinho apenas para sí mesmo. Não queria que olhassem pra ele. Não queria ser julgado de novo.John estranhou o comportamento do loirinho, mas nada disse.
As mãos ágeis passavam pelas estantes do super mercado, os dedos longos e finos tateavam os produtos desejados. Avistou uma bandeja de morangos, e pensou em fazer um bolo com aquilo. Podia se lembrar muito bem da paixão do rapaz loiro por doces. Adorava coisas açucaradas.- Você tá fazendo as minhas compras por mim?
- Não necessariamente. Mas do jeito que você está, bem que eu deveria. - Suspira. - Não pode sobreviver de macarrão instantâneo pra sempre. Eu vou te fazer comida de verdade.
- Desculpa, mamãe.
- Senhora Deacon pra você, rapazinho. - Riu de leve, divertido. Colocava os alimentos no carrinho sem pressa, escolhendo com calma.
- Podemos comprar melancias?
- Melancias, Rog?
- Sim. Estou com vontade. Quero dizer, são tão fresquinhas!
- Tudo bem. Pegue as melancias.
- ...Aonde?
- Atrás de você, Roger. - Riu. - Deixa que eu pego. São pesadas.
- Ei! Eu consigo carregar uma melancia!
- Eu sei. Mas eu sou um cavalheiro, sabe.
- Deveria usar tais habilidades para conquistar moças, não carregar minhas melancias.
- Quem sabe conquistar moços. - Deu uma piscadinha.
- Eu sou comprometido!
- Oh, sério? Vocês já namoram? Meus parabéns, anjinho.
- ...Na verdade a gente não namora...
- Já estão noivos? Meu Deus!
- Não, Deaky!
- Então como é comprometido?
- Eu só percebi que não sou depois de dizer que sou! A gente nem ao menos se beijou ainda... E eu sou tímido pra essas coisas, você me conhece! - Fez um bico manhoso.
- É só um beijo. Não é como se fosse um pedido de casamento, sabe.
- Pra você é só um beijo, mas você sabe como eu sou sentimental...
Sentiu seus lábios serem selados por poucos segundos, arregalando os olhos. John havia lhe dado um selinho. Em público, ainda por cima.
- Você sente algo além de espanto com isso?
Sem saber o que falar, o mais velho apenas negou com a cabeça.
- Você não é sentimental demais. O Brian que te deixa caidinho. - Riu. - Pra mim não foi nada, porque eu não te vejo romanticamente. É mais como dar um beijo na minha mãe. Um selinho de cumprimento.
- Eu lá pareço a sua mãe? Eu hein, Deaky...
- Não muito, na verdade.
- Você não devia fazer essas coisas em público...
- Oh não, dois homens se beijando! Que catástrofe!
- Por isso mesmo, Deaky! - Bufou, emburrado.
- Tem que parar de se importar com a opinião dos outros, meu benzinho.
- Você sabe que eu sou inseguro.
- Bem, não tem problema. Se o seu namorado não for ciumento, está tudo certo.
- Infelizmente, ele ainda não é meu namorado. E você mesmo disse que foi um beijo de cumprimento! Ele nem teria motivo pra sentir ciúmes.
- Vou te fazer torta de morango.
- Torta?
- É. Eu ia te preparar um bolo, mas eu resolvi que tortas são mais saborosas.
- Eu não me importo. Qualquer um tá bom, se for você quem fez...
- Awn. Que fofo, Rog.
Revirou os olhos.
- Ah, quando for pedir o Brian em namoro, passa na floricultura. Eu te faço um buquê de graça.
- Deaky!
•
Dentro do apartamento do loirinho podia-se ouvir o barulho dos talheres e tigelas se encostando. John fazia torta de morango enquanto Roger esperava a água esquentar para fazer chá preto.
Com limão.Dançava e rodopiava pela pequena cozinha, imitando as poucas referências que já havia visto sobre bailarinas em toda a sua vida. Tentava reproduzir passos imaginários, todos criados em sua mente, ao som do rádio, tentando não tropeçar em seus próprios pés.
- Está dançante hoje.
- Dança comigo, Deaky.
- Não posso, Rog.
- Você dança bem melhor do que eu e olha que só está no mesmo lugar remexendo os quadris enquanto mexe massa para bolo...
- Não exagera. Seus incríveis passos de balé inventados foram espetaculares, sabia? Uma performance digna de premiação.
- Você me mima tanto que nem ao menos sei identificar se é brincadeira ou não.
- Vou montar a torta e por pra assar. Pode me ajudar, Roggie?
- Claro, Deaky.
•
- Tá uma delícia, Deaky!
- Você acha? - Riu tímido. - Que bom que gostou.
- Tá mesmo! Ei, será que eu posso... Pegar um pedacinho pra dar pro Bri? Sabe, um ou dois... Só pra... Ele poder saborear sua deliciosa torta também. Quero dizer, ele já me deu pão de mel e eu não dei nada pra ele!
- Pão de mel é coisa séria. Você deveria retribuir. Coloque algumas fatias em um pote bonitinho e entregue para ele.
- Tenho vergonha...
- A essa altura do campeonato?
- Também não sei em que apartamento ele mora.
- Espere ele vir até você então, oras. Ele não te entrega bilhetes todo dia? Então, você esperava os bilhetinhos e quando chegarem, o convida para comer.
- Não tô pronto pra deixar ele entrar aqui! E se ele achar algo comprometedor?
- No máximo acha suas fotos pelado na banheira quando era criança, Rog. - Colocou um pedaço de torta na boca, mastigando-o.
- Oh! Obrigado por me lembrar de esconde-las.
- Eu deveria ter deixado você passar vergonha. - Riu. - Seria engraçado.
Roger deu a língua para John, em um ato infantil.
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Letters for Roger Taylor
FanficBrian Harold May constantemente se perguntava por que seu vizinho chorava todos os dias na sacada de seu apartamento, então resolveu passar pequenas cartas anônimas por baixo da porta do rapaz tentando descobrir o motivo de tanta tristeza. Como reme...